Hoje é quarta-feira. São 12h36. Estou no Uber, sentada. Ao meu lado direito, porta e janela fechadas. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio. - Não. Sem problemas. É. É, eu tava do lado de lá. O celular bipa. Workchat do Quilder. - É. Eu gosto de calor. Eu gosto. Muito. Não pra trabalhar né? É mesmo. Mas do frio do jeito que tava, tava ruim, tava demais. Você gosta, né? É. É verdade. O celular bipa. WhatsApp do Hortifruti. Bipa novamente. Telegram do João Marcus. - É verdade. É mesmo. O celular bipa. WhatsApp do marido. - Vazios, né? Nossa, eu imagino. Eu imagino. Coitados. E acaba gastando dinheiro, com combustível, com tudo, né? Sim. Sim. Exato. É, tem que pagar aluguel. E é caro, né? Ah é? Do Uber. Sim. Exatamente. É, demais. Pra todo mundo, né? Ali, aquele prédio do lado direito, de grades vermelhas.