Hoje é domingo. São 08h35. Um homem passa na minha frente. Ele é negro, magro e alto. Estou na Smart Fit, sentada na bicicleta. Ao meu lado direito, uma bicicleta vazia. Ao meu lado esquerdo, uma bicicleta vazia. Na minha frente, um corredor por onde as pessoas passam. Uma mulher passa na minha frente carregando uma garrafa. Um homem passa na minha frente. Uma mulher passa na minha frente. Ela é branca, gorda e alta. Tem o cabelo castanho, preso em um rabo de cavalo. Veste bermuda preta e blusa cinza. Usa um tênis preto e rosa. Um homem passa na minha frente carregando uma mochila. Uma mulher passa na minha frente carregando uma garrafa azul. Ela é branca e magra. Um homem passa na minha frente carregando uma garrafa e um celular. Ele é branco, magro e alto. Uma mulher passa na minha frente carregando uma garrafa. Ela é branca, magra e baixa. Um homem passa na minha frente carregando uma mochila preta e um celular. Uma mulher passa na minha frente carregando uma bolsa bege. Ela
(Escrito em 08 de julho de 2023) Conheci Maria assim, de passagem. Mora em Belford Roxo, sozinha. Seus filhos moram com o pai, que levou todos para morar com ele no kitnet na Lapa, para ficarem próximos da escola. Maria ficou desempregada pouco antes da pandemia e, pra conseguir pagar o seu aluguel e suas contas, seguindo a dica de amigas, começou a vender coisas como camelô ambulante. Já vendeu de tudo. Mas, o que mais deu certo foram as jujubas de eucalipto. "É uma mercadoria que quase ninguém tem, dá pra vender por um real cada saquinho e eu compro cada saquinho a dez centavos, o que me gera 90 centavos em cada saquinho, de ganho. Às vezes, dá pra fazer trinta reais em um dia. Mas, em dias bons, já fiz cento e cinquenta e sete reais em um só dia". Maria pega o trem em Belford Roxo, todos os dias - inclusive finais de semana - e vem vendendo sua mercadoria, como ela mesma gosta de chamar, "mercadoria". Aos sábados, ela costuma vender mais pois, apesar de não ter t
Eram 19h. Esse era o céu do dia 21 de outubro de 2012. Eu amo céu. Azul é sempre a minha cor favorita. E este azul tem um tom especial. O Facebook me trouxe como lembrança essa minha foto. Era o piquenique da Laila. No jardim do MAM, a céu aberto. Cheirinho de mato e o céu azulão acima de nós. Eu estava deitada no chão, na grama, e cliquei essa foto. E foi neste dia que conheci a minha família: o André e a Hanna. Aquele que seria meu marido e minha filha. Olhei de longe, e pensei: hummm... e guardei o segredo pra mim. Interagimos quase nada. Trocamos nem meia dúzia de palavras. Eu fiquei de olho nele. Ele, nem me notou. Hoje, quase doze anos depois deste primeiro dia, estamos aqui. Somos uma família. Como eu sempre sonhei e desejei. E como, de algum jeito, há quase doze anos, eu já sabia que seríamos. Te amo. Te amo. Te amo. Obrigada, Laila.
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