E o alimento foi outro
É época de pandemia. As pessoas passam com medo e muito rapidamente na rua. Se eu já não era visto, agora menos. Eu estava sentado, no lugar de sempre. Faminto. Sedento. Nos sentidos literal e metafórico. Acho que as escolas não estão funcionando, mas aparece uma menina, de mochila. Não sei quantos anos ela tinha. Só conseguia ver seus olhos, e não sua boca. Não sei se ela sorria. Mas pelos seus olhos, sim. - Você quer água? E, como estava sedento, ela abriu a mochila e me entregou uma garrafa, que trouxe da sua casa, para mim. E pedi a ela um favor. - Pode dizer - ela disse. - Eu estou muito faminto. Você pode comprar uma comida pra mim? Tem um homem, ali, na outra esquina, que vende comida em um carro. - Tá. Eu vou ali e volto. Ela demorou mais tempo do que o previsto, e eu já tinha certeza de que ela havia dito "sim", mas na verdade, tinha ido embora. Como estou habituado, a (não) receber. A ouvir "sim", e ver as pessoas fugirem, correrem, terem medo. Mas ela...