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Mostrando postagens de janeiro, 2013

Ana

Eu estava voltando pra casa, de Ipanema. Saltando do ônibus, resolvi entrar em uma rua diferente. Tentar novos caminhos, novos olhares, novas pessoas. Gosto de olhar no olho das pessoas. Mesmo dos estranhos. Velhinhos - e uma velhinha - jogavam baralho num boteco, na mesa suja da calçada. Alguns senhores - mais novos - sorriam, olhando a jogatina, de pé.  Mas foi quando passei por um prédio, destes grandes, antigos, velhos, das ruas transversais de Copacabana, que vi Ana. Magra, alta, sentada na escada do prédio, com os joelhos próximos ao peito, abraçada-angustiada sobre eles. Usava um vestido roxo, longo e largo, de alcinha. Chinelo rosa. Cabelo preto, liso, sujo e desgrenhado, preso em um rabo de cavalo mal feito. Ana, coitada, havia terminado o namoro ha 1 semana. Ele terminou com ela, aliás.  Já moravam juntos, naquele apartamento, que ficou para ela de herança do seu falecido pai. Perdeu seus pais cedo. Sua mãe se foi, ela tinha 8 anos. E seu pai, há do

Mateus e Gabriel

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O nome dela é Isabel. Ele, Ricardo. Isabel estudava Engenharia Civil na UFF. Uma das suas amigas, inscreveu-se na disciplina de Filosofia I, como eletiva, e não estava a fim de ir à aula sozinha. Pediu, portanto, que Isabel fosse com ela, pra ela não ficar deslocada na turma. Isabel nem era muito a fim de filosofia, mas sendo Filosofia I, quem sabe? Chegando na turma, deviam ser uns 25 alunos. O professor ainda não tinha chegado. O professor entrou e olhou, sorrindo, para a turma. Isabel estava no fundo, mas seus olhares se cruzaram por 1 segundo. Bia olhou – sorrindo maliciosamente – pra Isabel, que fez uma cara de “não entendi”. - Bom, gente. Bom dia. Meu nome é Ricardo Lopes, e eu sou professor de Filosofia I aqui da UFF. Sou professor de outras disciplinas também, da área de Filosofia e Humanas. Eu sou psicólogo por formação. Já atendi em consultório, mas não mais. Curto mesmo é isso aqui, sala de aula. E, antes da gente falar do programa do curso, da ementa, da pr