Fotografando Gente

Hoje é domingo. São 14:12. Estou no táxi, sentada. Ao meu lado direito, porta e janela fechadas. Ao meu lado esquerdo, sacolas da Apólo em cima do banco do táxi. Na minha frente, um banco vazio. - Aqui logo que você virar na Barão o meu prédio é logo do lado direito, por favor.

Hoje é sábado. São 08:41. Estou no consultório Psicologia e Coaching, sentada à mesa. Ao meu lado direito, uma porta aberta. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma cadeira vazia. Por aqui, luzes acesas e tudo silencioso.

Hoje é sexta-feira. São 06:43. Estou no ônibus 220, sentada. Ao meu lado direito, uma janela fechada. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, a escada do ônibus, por onde as pessoas descem. Uma mulher senta ao meu lado esquerdo. Carrega uma bolsa preta.

Hoje é quinta-feira. São 06:28. Estou no ônibus 415, sentada. Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, uma janela fechada. Na minha frente, um vão. É o lugar dos deficientes físicos no ônibus. Onde fica a cadeira de rodas e onde as pessoas podem ficar de pé. O celular bipa. Despertador e notificação da agenda.

Hoje é quarta-feira. São 20:03. Estou no consultório Psicologia e Coaching, sentada à mesa. Ao meu lado direito, uma porta aberta. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma cadeira vazia. Por aqui, luzes acesas e tudo silencioso.

Hoje é terça feira. São 06:29. Estou no ônibus 415, sentada. Ao meu lado direito, uma janela fechada. O celular bipa. Despertador que toca. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio.

Hoje é segunda feira. São 06:58. Estou no consultório Psicologia e Coaching, sentada à mesa. O celular bipa. WhatsApp da Uirá. Ao meu lado direito, uma porta aberta. O celular bipa. WhatsApp da Uirá. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma cadeira vazia. Por aqui, luzes acesas e tudo silencioso. A campainha toca. Paciente que chegou.

Hoje é domingo. São 13:46. Estou no Bobs, sentada à mesa. Ao meu lado direito, um corredor por onde as pessoas passam. Ao meu lado esquerdo, uma parede. Na minha frente, uma cadeira vazia. Uma mulher passa ao meu lado direito carregando uma bandeja. Ela é branca, baixa, gorda. Tem o cabelo castanho e curto. Carrega uma bolsa colorida a tira-colo. Uma mulher passa ao meu lado direito carregando um copo de milkshake. Ela é branca, gorda. Uma. Um homem passa ao meu lado direito. Um. Uma. Um. Uma. Um. Um homem passa ao meu lado direito. Ele é branco, magro e alto. Veste calça preta, blusa cinza e preta, boné.

Hoje é sábado. São 08:20. Estou no ônibus 415, sentada. Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, uma janela fechada. Na minha frente, uma mulher sentada. Ela tem o cabelo cacheado e preso no alto da cabeça e castanho com loiro.

Hoje é sexta-feira. São 06:32. Estou no ônibus 415, sentada. Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, uma janela fechada. Na minha frente, uma mulher sentada. Ela é negra. Tem o cabelo curto e bem encaracolado. Olha para fora da janela. - Vamo motorista. Puxa pra frente. A mulher sentada na minha frente levanta e sai. Ela é magra e alta. Carrega uma bolsa preta. Vesta calça jeans e blusa preta. Agora, na minha frente, um banco vazio.

Hoje é quinta-feira. São 06:34. Estou no ônibus 415, sentada. Ao meu lado direito, uma janela fechada. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, uma mulher sentada. Ela é branca, gorda. Tem o cabelo loiro e preso em um rabo de cavalo. Veste casaco laranja. Parece estar dormindo. Acordou. Olha para fora da janela. Dormiu. O celular bipa. Despertador que toca. A mulher sentada na minha frente olha pra fora da janela. E dorme.

Hoje é quarta-feira. São 07:15. Estou no ônibus 220, sentada. Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, uma janela fechada. Na minha frente, um homem sentado. Ele é branco, tem o cabelo grisalho liso e é calvo. Veste uma blusa polo lilás. Usa óculos.

Hoje é terça-feira. São 19:57. Estou no consultório Psicologia e Coaching, sentada à mesa. Ao meu lado direito, uma porta aberta. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma cadeira vazia. Por aqui, luzes acesas e tudo silencioso. O celular bipa. WhatsApp da Adriana. Bipa novamente. Notificação da agenda. Volto ao silêncio.

- Dia primeiro de novembro. Ainda bem. Sim. Hoje é segunda feira. São 06:31. Estou no ônibus 415, sentada. Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, uma janela fechada. Na minha frente, uma mulher sentada. Ela fala ao celular. - Ahn? Ahn? Tem que pagar sim. Aham. Tá sim. Não posso. Não. Se não vou pagar multa. Não tem nem um ano. Vou pagar multa. É. O celular bipa. Notificação da agenda. - Ahn? Se tivesse plantado a... Ele vai. Ele vai fazer. Quando é? Nao eu não sei. O Joel não era meu e eu não tinha que gastar dinheiro com vidro. É. Não estava tão cheio. É. Se eu sair perdendo não. Se eu sair ganhando. Ele não ia me cobrar vidro nenhum. Ele não ia. Ele estava revoltado que eu estava saindo. A ação dele era pra mim não sair, entendeu? Ele não gosta de fingir. Uhum. A mulher ajeita o cabelo. - Quando? Humm? Se ajeita no banco. - Ele vai ficar de ma fé. Não vai querer, entendeu? Filipe é acessório. Entendeu? Aí pra ele ficar pra

Hoje é domingo. Um. Um homem passa na minha frente. São 13:33. Estou na Smart Fit, sentada na bicicleta. Três homens passam na minha frente. Ao meu lado direito, uma bicicleta vazia. Ao meu lado esquerdo, uma bicicleta vazia. Na minha frente, um corredor por onde as pessoas passam. Um. Um homem passa na minha frente carregando uma mochila preta.

Hoje é sábado. São 10:47. Estou no BRT, no terminal Américas Park, sentada na plataforma. Ao meu lado direito, um lixo. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um corredor por onde as pessoas passam. Um homem. Uma. Um. Um. Um homem passa na minha frente. Ele é branco, alto e magro. Tem o cabelo castanho. Uma mulher passa na minha frente carregando uma vassoura e uma pá. Ela é branca, magra e baixa. Tem o cabelo castanho e encaracolado preso num coque atrás. Veste calça azul marinho e blusa azul marinho. E botas pretas. Na sua blusa está escrito “ANJO”. Ela usa brincos de bolinha. É séria e aparenta ter entre 40 e 50 anos. Uma mulher passa na minha frente carregando uma bolsa preta. Ela é branca, magra e alta. Tem o cabelo castanho, cacheado e preso em um coque. Veste calça jeans e blusa estampada verde. Calça chinelos. Usa óculos. Uma mulher passa na minha frente carregando uma bolsa. - Desculpa! Uma mulher passa na minha

Hoje é sexta-feira. São 06:28. Estou no ônibus 415, sentada. Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, uma janela fechada. Na minha frente, um banco vazio. O celular bipa. Despertador que toca.

Hoje é quinta-feira. São 06:28. Estou no ônibus 415, sentada. Ao meu lado direito, uma janela fechada. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio. O celular bipa. Notificação da agenda e despertador.

Hoje é quarta-feira. São 06:44. Estou no ônibus 415, sentada. Ao meu lado direito, uma janela fechada. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio.

Hoje é terça-feira. São 06:59. Estou no consultório Psicologia e Coaching, sentada à mesa. Ao meu lado direito, uma porta aberta. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma cadeira vazia. Por aqui, luzes acesas e tudo silencioso. O celular bipa. Notificação da agenda. Volto ao silêncio. O celular bipa. Direct da Amanda Carolina. Volto ao silêncio. O celular bipa. Direct da Amanda Carolina. Volto ao silêncio. A campainha toca.

Hoje é segunda-feira. São 06:54. Estou na rua Uruguaiana, sentada. Ao meu lado direito, um vão por onde as pessoas passam. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. - Bom dia. Na minha frente, a rua por onde pessoas e os veículos passam.

Hoje é domingo. São 15:55. Estou no edifício Beverly Hills, sentada no jardim. Ao meu lado direito, o meu livro em cima do banco. Ao meu lado esquerdo, um corredor por onde as pessoas e veículos passam. Na minha frente, a minha mochila no chão. - Estou esperando o Uber. Nao, não é meu não. Obrigada. Um homem. - Olá. Um homem passa ao meu lado esquerdo carregando uma mochila vermelha.

- Não. Eu vim de BRT. Hoje é sábado. São 08:42. Estou no Sun Plaza, sentada na recepção. Ao meu lado direito, um vão por onde as pessoas passam. Ao meu lado esquerdo, um vaso com plantas. Na minha frente, um corredor por onde as pessoas passam.

Hoje é sexta-feira. São 07:07. Estou no consultório Psicologia e Coaching, sentada à mesa. Ao meu lado direito, uma porta aberta. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma cadeira vazia. Por aqui, luzes apagadas e tudo silencioso.

Hoje é quinta-feira. São 07:27. Estou no consultório Psicologia e Coaching, sentada à mesa. Ao meu lado direito, uma porta aberta. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma cadeira vazia. Por aqui, luzes acesas e tudo silencioso. O celular bipa. Notificação da agenda. Volto ao silêncio.

- Mora aqui do lado. Hoje é quarta-feira. São 15:44. Estou no Uber, sentada. Ao meu lado direito, porta e janela fechadas. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio. O celular bipa. WhatsApp da Adriana. - Aqui você pode pegar a México à esquerda e me deixar na México com Nilo Peçanha por favor. É. O celular bipa. WhatsApp da Adriana. Bipa novamente. WhatsApp do marido. - Sim. É a primeira à esquerda que da mão. Ali onde virou o táxi. Aqui você me deixando na esquina fica perfeito.

Hoje é terça-feira. São 13:58. Estou no Infnet, sentada no sofá na sala dos professores. Ao meu lado direito, uma almofada cinza em cima do sofá. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, um vão por onde as pessoas passam. O celular bipa. WhatsApp da Thaís. - Opa. Vai lá. Vai com Deus. Beijo. Luana. O celular bipa. WhatsApp da Thaís.

Hoje é segunda-feira. Uma mulher desce carregando uma mochila colorida. São 06:29. Estou no ônibus 415, sentada. Ao meu lado direito, uma janela fechada. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, uma escada por onde as pessoas descem. O celular bipa. O despertador que toca. Um homem. Um homem desce.

- É. Eu não sei qual o melhor caminho que aparece pra você. Hoje é domingo. São 16:02. Estou no Uber sentada. Ao meu lado direito, porta e janela fechadas. Ao meu lado esquerdo, minha mochila em cima do banco. Na minha frente, um banco vazio. O celular bipa. WhatsApp do marido. Bipa novamente. Notificação de configurações.

Hoje é sábado. Um homem passa ao meu lado esquerdo. Uma mulher passa ao meu lado esquerdo. São 08:14. Estou no BRT 21A, sentada. Ao meu lado direito, uma janela fechada. Ao meu lado esquerdo, um corredor por onde as pessoas passam. Na minha frente, um homem sentado. Ele é branco. Veste uma blusa regata preta. Tem o cabelo preto e molhado. Se ajeita no banco. Usa fones de ouvido pretos. Tem a barba por fazer. Um homem. Uma mulher passa ao meu lado esquerdo. Uma mulher passa ao meu lado esquerdo. Uma mulher passa ao meu lado esquerdo carregando uma bolsa. Uma mulher passa ao meu lado esquerdo carregando uma mochila. Ela é branca, magra e alta. Tem o cabelo preto, liso e comprido. Veste calça jeans, blusa regata laranja, sandália preta. Carrega um celular na mão. Usa óculos. Usa relógio no pulso esquerdo. Tem uma tatuagem de coração no pulso esquerdo. Tem uma tatuagem de pássaros no pulso direito. Uma. Um. Uma.

Hoje é sexta-feira. São 06:39. Estou no ônibus 415, sentada. Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, uma janela fechada. Na minha frente, um homem sentado. Ele é negro e tem o cabelo preto e curto. Veste uma blusa cinza. Olha para fora da janela. Usa barba.