Postagens

Mostrando postagens de maio, 2014

Dagmar

[Escrito em 31 de maio de 2014] Conheci Dagmar em abril, num dia qualquer, numa ocasião qualquer. Não importa o eu nesta história.  Dagmar existe na vida real, e conversamos durante cerca de trinta minutos. Eu não precisei perguntar nada. Dagmar contava tudo, sua história de vida, tão inusitada. Apesar do nome ambíguo, Dagmar é um homem. Tem cinquenta-e-cinco anos, e mora no Centro, na rua de Santana, sozinho. É um homem grande, corpulento. Alto, gordo, muito cabelo na cabeça. Cabelo liso, grisalho, despenteado. É um homem simples. E sujo. Fede um pouco, a suor. Tem as mãos e unhas sujas. Sua roupa é mal lavada.  [Não tenho e nunca tive problema com limpeza / sujeira. Ou com pessoas perfumadas ou fedidas. Acredito, até, que o fedor dignifica o homem. Um homem sujo é digno de seu cheiro. Falamos disso em outro momento]. É o filho mais velho de uma família de outros quatro irmãos, todos também homens. Sempre foi afeminado, desde menino, e nunca teve problemas com a sua

Em observação, no Espaço da Mulher - 5

Hoje é quinta-feira. São 12h07. Estou no Espaço da Mulher, no Leblon. Ao meu lado direito, mesas e cadeiras; ao meu lado esquerdo, idem; na minha frente, a porta de vidro, onde as pessoas passam. Por aqui, tudo aceso e silencioso. O celular bipa. Email de candidata que chegou. Volto ao silêncio habitual do local.

Em observação, n'As Claras

Hoje é quarta-feira. São 8h26. Estou n’As Claras, no Shopping Itanhangá, na Barra. Estou sentada em uma mesa, sozinha. Ao meu lado direito, um pequeno corredor onde as pessoas passam; ao meu lado esquerdo, uma mureta; na minha frente, uma cadeira vazia e outras mesas, igualmente vazias. Um senhor passa ao meu lado direito. É mulato, baixo, magro. Veste uma calça jeans, blusa do Flamengo, tênis cinza e boné verde. Ele passa novamente ao meu lado direito. Um senhor passa ao meu lado direito. Mulato, baixo, magro, cabelo raspado. Veste uma bermuda preta, uma camisa rosa e um tênis preto. Um senhor passa ao meu lado direito. É mulato, alto, gordo, cabelo preto, raspado. Veste calça jeans, blusa preta, sapato marrom e mochila marrom. Uma senhora passa ao meu lado direito. É baixa, gordinha, cabelo preto, liso, preso num coque. Carrega uma vassoura. Veste um uniforme azul e branco e usa botas brancas. Passa novamente ao meu lado direito. Um senhor passa ao meu la

Em observação, na Polícia Federal

Hoje é terça-feira. São 9h41. Estou na Polícia Federal de Nova Iguaçu, com meu pai e Gaeth. Ninguém ao meu lado direito nem ao meu lado esquerdo. As pessoas estão sendo atendidas na minha frente, mas a alguns metros de mim. Bem ao meu lado direito, uma porta que dá acesso à recepção da Polícia Federal. Um senhor dos Correios entra. - Você é que assina? Ele é negro, alto, magro, usa boné e é óculos. Veste calça azul, blusa azul e tênis preto. Sai, rindo.

Em observação, no táxi

Hoje é terça-feira. São 8h54. Estou no taxi do seu Francis, indo para Nova Iguaçu. Na frente, Sr. Francis no volante, meu pai no carona. Atrás, eu e Gaeth, ao meu lado direito. Ela é baixinha, gordinha, grisalha, cabelo curto, e usa óculos. Veste uma calça vinho, blusa estampada, sandália. Casaco vinho e bolsa preta sobre o colo. Ela responde as perguntas do meu pai. Está sentada, olhando para a frente. - Nova Iguaçu é organizada a beça. Não, não é não. Oi. Oi. É. Ela olha para mim. Olha para a frente novamente. Olha para fora. Olha para a frente. E olha para fora. - Hã? Hã? É. Uma beleza mesmo. Ela olha para fora. E ri. - Luiz, isso é uma briga inglória. Isso é uma briga inglória. Você está falando isso por causa do Saldanha. Ele nunca vai querer motorista. Ele precisava. Por que, o Saldanha não tá velho demais, não? Não? Você não escutou nada do que eu falei não? Porque ele tá doido pra colocar um motorista pro Saldanha. Você não escutou nada do que e