Fotografando Gente

Hoje é terça-feira. São 13:35. Estou no Infnet, sentada no púlpito, no auditório. Ao meu lado direito, uma mesa com estojo, grampeador, agenda, celular, porta-lápis com canetas azuis dentro e uma garrafa de vidro. Ao meu lado esquerdo, uma mesa com provas em cima. Na minha frente, um vão. Luciano. - Muito obrigada, boa sorte. Saúde. Fabrício. Marcela. - Muito obrigada. Obrigada eu. Boa sorte.

Hoje é segunda-feira. São 07:48. Estou no consultório Psicologia e Coaching, sentada à mesa. O celular bipa. Direct do Bernardo. Ao meu lado direito, uma porta aberta. O celular bipa. Direct do Bernardo. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma cadeira vazia. Por aqui, luzes acesas e tudo silencioso. O celular bipa. WhatsApp da Nely. Volto ao silêncio.

Hoje é domingo. - Não. Tá tudo ótimo. Muito obrigada. Eita. São 21:37. - Claro. Estou no Uber. - Claro. Estou sentada. Ao meu lado direito, porta e janela fechadas. - Claro. Ao meu lado esquerdo, minha mochila em cima do banco. Na minha frente, um banco vazio. O celular bipa. WhatsApp do marido. - Ih não sei. Aqui eu tou perdida também. Ui. Ah tá certo. A gente vai sair na Conde de Bonfim.

Hoje é sábado. São 07:14. Estou no metrô, sentada na plataforma da estação Afonso Pena. Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um vão por onde as pessoas passam. O metrô chegou.

Hoje é sexta-feira. São 07:05. Estou no ônibus 203, sentada. Ao meu lado direito, uma janela fechada. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um homem sentado. Ele é negro e magro. Tem o cabelo preto, cortado raspado. Usa óculos preto. Veste uma blusa de malha cinza. Coça às costas. Tem um relógio no pulso esquerdo. Se abaixa no banco da frente. Levanta. Olha para fora da janela. Tem olhos pretos. Se abaixa no banco da frente. Levanta. Rói a unha da mão direita.

Hoje é quinta-feira. São 06:31. Estou no ônibus 220, sentada. Ao meu lado direito, uma janela fechada. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio.

Hoje é quarta-feira. São 07:38. Estou no consultório Psicologia e Coaching, sentada à mesa. Ao meu lado direito, uma porta aberta. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma cadeira vazia. Por aqui, luzes acesas e tudo silencioso. O celular bipa. Volto ao silêncio.

Hoje é terça-feira. São 06:36. Estou no ônibus 220, sentada. Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, uma janela fechada. Na minha frente, um banco vazio.

Hoje é segunda-feira. São 06:35. Estou no ônibus 415, sentada. Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, uma janela fechada. Na minha frente, um banco vazio. Um homem senta na minha frente. Ele é negro, gordo. Tem o cabelo preto, curto e é bem calvo. Veste uma blusa social lilás listrada fina com branco. Olha para fora da janela. Apoia a mão esquerda no banco da frente. Usa uma pulseira no Bonfim branca no pulso esquerdo. Coça o rosto com a mão esquerda. Apoia a mão esquerda no banco da frente. Coça o rosto com a mão esquerda. Apoia a mão esquerda no banco da frente. Apoia a mão direita e a esquerda no banco na frente. Coça o rosto com a mão esquerda. Ele cede lugar e senta outro homem na minha frente. Agora, na minha frente, um homem sentado. Ele é branco, magro. Tem o cabelo branco. Veste uma blusa branca e um boné verde. Vira para trás e me olha nos olhos. Uma mulher senta ao meu lado direito.

Hoje é domingo. São 16:00. Estou no ônibus 426 sentada. O celular bipa. Notificação de jogo. Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, uma janela fechada. Na minha frente, um banco vazio. O celular bipa. WhatsApp do marido. Um homem senta na minha frente. - Mamãe. Ele é branco e magro. - Mamãe. Ele tem cabelo preto e curto. Veste uma blusa cinza. Coça o rosto. Se segura no banco da frente. - Mamãe. Arrasta as unhas no banco da frente. Tem a barba por fazer. - Droga. Arrasta os dedos no banco da frente. Olha para fora da janela. - Vai pra esse trabalho? Olha para fora da janela. Arrasta os dedos no banco da frente. Olha para fora da janela. Sorri. - Retina. Olha para fora da janela. - Escapou. Retina. Passa a mão no rosto. - Retina. Olha para fora da janela. - Retina. Retina. Olha para fora da janela. - Retina. Retina. Solda. Retina. Passa os dedos pela janela. Olha

Hoje é sábado. São 08:22. Estou no ônibus 415, sentada. O celular bipa. WhatsApp da Teresa. Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, uma janela fechada. Na minha frente, uma mulher sentada. Ela tem o cabelo preto cacheado e comprido. Usa óculos. O celular bipa. WhatsApp da Teresa. A mulher da minha frente veste um conjunto branco e macacão é um blaser cinza. É alta e magra. Tem o cabelo bem comprido. Levanta e sai. Uma mulher senta ao meu lado direito. Levanta e sai. Uma mulher senta na minha frente. Uma mulher senta ao meu lado direito.

Hoje é sexta-feira. São 06:31. Estou no ônibus 220, sentada. Ao meu lado direito, uma janela fechada. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um homem sentado. Ele é branco e tem cabelo preto e curto. Veste uma blusa do Flamengo. Tem a cabeça apoiada no banco e está dormindo. Levanta a cabeça do banco. Acordou. Olha para fora da janela. Coça o rosto. Chega o corpo para o lado para pegar algo no bolso direito. Olha para fora da janela. Usa bigode. Tem olhos pretos.

Hoje é quinta-feira. São 18:34. Estou no Infnet, sentada à mesa, no DPED. Ao meu lado direito, uma cadeira preta vazia. Ao meu lado esquerdo, um cabideiro com uma ecobag branca, um guarda-chuva e um casaco jeans pendurados. Na minha frente, um vão por onde as pessoas passam. Ingrid passa na minha frente carregando um celular. Veste calça jeans, blusa vinho, lenço estampado azul no pescoço. Usa crachá, óculos, brincos.

- Isso. Não ouvi. Isso. Sim. Hoje é quarta-feira. São 16:58. Estou no Infnet, sentada à mesa no DPED. Ao meu lado direito, uma cadeira preta vazia. Ao meu lado esquerdo, um cabideiro com um guarda-chuva, um casaco jeans e uma ecobag branca. Na minha frente, um corredor por onde as pessoas passam. - Quilds, abrir o atendimento. Abrir o atendimento, que a Ana botou. Tá em reunião o dia todo. Daqui a pouco ele volta. Não, eu acho que ele está com o Eduardo agora. Adriana passa na minha frente carregando um copo. Veste um casaco marrom. - Oi seu Victor! Victor. Wendel passa na minha frente. - Tchau, vai com Deus. Victor. Wendel passa na minha frente. Victor passa na minha frente. Wendel passa na minha frente. Veste calça preta, casaco vinho.

Hoje é terça-feira. São 06:50. Estou na rua Uruguaiana sentada em um banco. Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, um vão por onde as pessoas passam. Na minha frente, a rua por onde pessoas e veículos passam. Um furgão passa na minha frente. É do Hortifruti. Um homem dirige.

Hoje é segunda-feira. São 18:24. Estou no Infnet, sentada à mesa no DPED. Ao meu lado direito, uma cadeira preta vazia. Ao meu lado esquerdo, um cabideiro com um guarda-chuva e o meu casaco cinza pendurado. Ingrid passa na minha frente carregando uma necessaire rosa. Veste calça jeans, blusa listrada branca e preta. Adriana passa na minha frente. Na minha frente, um corredor por onde as pessoas passam. - Beijo, vai com Deus. Thaunny passa na minha frente carregando uma bolsa preta, uma ecobag de algodão cru, uma garrafa de água e um celular. Veste calça jeans, blusa preta. Usa óculos. Usa relógio no pulso esquerdo. Usa brincos. - Foi. Beijo, vai com Deus. Ingrid passa na minha frente carregando uma necessaire rosa. Veste calça jeans, blusa de manga comprida preta com listas brancas. Usa óculos. - Pros alunos. Não, é só biscoito. Não, só tem bebida. Vou botar na geladeira amanhã. Acho que sim. Tchau, vai com Deus. Valesca. Ingrid passa na

Hoje é sábado. São 07:15. Estou no metrô, sentada na plataforma da Afonso Pena. Ao meu lado direito, um vão por onde as pessoas passam. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, a plataforma por onde as pessoas passam.

Hoje é sexta-feira. São 06:31. Estou no ônibus 415, sentada. Ao meu lado direito, uma janela fechada. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio. O celular bipa. WhatsApp do marido. Uma mulher senta na minha frente. Ela é negra e magra. Tem o cabelo crespo, encaracolado e curto, castanho. Veste um casaco marrom. O celular bipa. WhatsApp do marido. A mulher sentada na minha frente tem brinco com bolinha de pérola pendurada. Olha para fora da janela. Usa relógio no pulso esquerdo. Pega uma bolsa preta e pendura no ombro. Usa pulseira e aliança. Levanta e sai. Veste calça jeans. Agora, na minha frente, um banco vazio.

Hoje é quinta-feira. São 06:32. Estou no ônibus 239, sentada. Ao meu lado direito, uma janela fechada. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, a escada do ônibus, aonde as pessoas descem. Uma mulher desce carregando uma bolsa preta e uma pasta preta. O celular bipa. WhatsApp do marido. Uma mulher. Um. Uma mulher desce carregando uma mochila verde. Uma mulher senta ao meu lado esquerdo.

Hoje é quarta-feira. São 07:59. Estou no consultório Psicologia e Coaching, sentada à mesa. Ao meu lado direito, uma porta aberta. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma cadeira vazia. Por aqui, luzes acesas e tudo silencioso. O celular bipa. Notificação da agenda. Bipa novamente. E-mail do Basecamp que chegou. Volto ao silêncio. O celular bipa. WhatsApp da Milena. Bipa novamente. E-mail do Basecamp que chegou. Bipa novamente. WhatsApp da Luanna. Volto ao silêncio. O celular bipa. Notificação da agenda. A campainha toca. Paciente que chegou.

Hoje é terça-feira. São 07:36. Estou no consultório Psicologia e Coaching, sentada à mesa. Ao meu lado direito, uma porta aberta. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma cadeira vazia. Por aqui, luzes acesas e tudo silencioso.

Hoje é segunda-feira. São 07:27. Estou no consultório Psicologia e Coaching, sentada à mesa. Ao meu lado direito, uma porta aberta. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma cadeira vazia. Por aqui, luzes acesas e tudo silencioso. O celular bipa. Notificação da agenda. Volto ao silêncio. O celular bipa. WhatsApp do marido. Volto ao silêncio.

Hoje é domingo. São 20:47. Estou no Uber, sentada. Ao meu lado direito, porta e janela fechadas. Ao meu lado esquerdo, minha mochila em cima do banco. Na minha frente, um banco vazio. - Não ouvi. Muito! Domingo a essa hora né? É. Eu acho que as pessoas andam com medo, sabe? É. O que? Caramba. Sim. Eita. Ah sim. Logo que você virar ali na rua o meu prédio é bem de esquina, de grades vermelhas, do lado direito. Aqui, ó. Aqui, está certinho. Muito obrigada. Vai com Deus.

Hoje é sábado. São 07:36. Estou no ônibus 220, sentada. Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, uma janela fechada. Na minha frente, um banco vazio.

Hoje é sexta-feira. São 06:33. Estou no ônibus 415, sentada. Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, uma janela fechada. Na minha frente, um homem sentado. Ele é negro e magro. Tem o cabelo crespo. Usa uma blusa vermelha da Nike. Usa fones de ouvido branco. Olha para fora da janela. Ele levanta e sai. Agora, na minha frente, um banco vazio.

Hoje é quinta-feira. São 06:23. Estou no ônibus 229, sentada. Ao meu lado direito, uma janela fechada. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio. Uma mulher senta na minha frente. Ela é negra e magra. Tem o cabelo curto e crespo. Veste um casaco preto com as listras brancas da Adidas. O celular bipa. Despertador que toca. A mulher na minha frente funga e passa a mão no nariz.

Hoje é quarta-feira. São 08:03. Estou no consultório Psicologia e Coaching, sentada à mesa. Ao meu lado direito, uma porta aberta. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma cadeira vazia. Por aqui, luzes acesas e tudo silencioso.

Hoje é terça-feira. São 07:00. Estou no ônibus 415, sentada. Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, uma janela fechada. Na minha frente, um homem sentado. Ele é branco, magro. Tem o cabelo castanho, curto e arrepiado. Usa óculos. Veste uma blusa branca social. Levanta e sai. Veste uma calça cinza social. Cinto preto. Usa uma mochila camuflada de exército. Agora, na minha frente, um banco vazio.