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Mostrando postagens de dezembro, 2020

Em observação, no Edifício Santa Fé

Hoje é terça-feira. São 18h22. Estou no Edifício Santa Fé, sentada no portão.  Ao meu lado direito, um jardim.  Ao meu lado esquerdo, um portão fechado. Na minha frente, um jardim. O celular bipa. WhatsApp do João Victor. Bipa novamente. Notificação da agenda. Bipa novamente. WhatsApp do João Victor.  Uma mulher passa ao meu lado. - Eu tenho a chave aqui, você quer? De nada. O celular bipa. WhatsApp da Lohraynne.

A moça (com nome) coração

O nome da moça é parecido com " coração ". Ela mesma é parecida com coração. (Por isso, o "com nome" entre parênteses no título.  Você pode ler: "A moça com nome coração" Ou pode ler: "A moça coração") Seus olhos são coração.  Seu sorriso é coração. E quando canta - sorrindo - é coração.  Eu mesma a conheço há pouco. Não sei quanto tempo tem.  Ainda, só virtualmente. Apesar de isso não parecer influenciar pra perceber o coração nos olhos e no sorriso e quando canta. Tive a experiência de ouvi-la lendo Jung. Apesar da dificuldade da leitura, foi, literalmente, música para os meus ouvidos. Tive o privilégio de ver e ouvir presentes que ela deu e cantou para alguns senhores. E quando ela cantou para a nossa colega. E para nós.  Na época que antecedeu as festas, podemos ver fotos da sua família. Filhas e mãe abrilhantavam as fotos. A mãe? Deu para perceber, ainda que pela foto, da onde veio o coração da moça. Os cabelos brancos. O olhar doce. As mãos

Em observação, no Uber - 42

Hoje é sábado. São 14h25. Estou no Uber, sentada.  Ao meu lado direito, porta fechada e janela aberta. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio. 

Em observação, no Edifício Jabre

- É. É, neste caso acho que não. É, mas ai com ela e não com ele. Hoje é sexta-feira. São 17h17. Estou sentada na portaria do prédio dos meus pais. Ao meu lado direito, um portão de vidro. Ao meu lado esquerdo, André sentado mexendo no celular. Na minha frente, um corredor por onde as pessoas passam.  André esta vestido de calça jeans, blusa de manga compdida jeans. Uma mulher passa na nossa frente. É branca, gorda, alta.  - Tá a três minutos. Três minutos.  André esta no celular, olhando o Facebook.  André esta vestindo calça jeans, blusa de manga comprida jeans, relógio no pulso direito, pulseira no pulso esquerdo, tênis preto e máscara preta. E três brincos de argola na orelha esquerda.  Dois minutos.  André esta vestindo calça jeans, blusa de manga comprida jeans, relógio no pulso direito, pulseira no pulso esquerdo, tênis preto e máscara preta. E três brincos de argola na orelha esquerda. Esta no celular, olhando o Facebook.  - Um minuto.  Ta no Rio Sul.  Eu rio. André esta vestin

Em observação, na casa da Zara

Hoje é sábado. São 13h53. Estou na casa da Zara, sentada na escada.  Ao meu lado direito, uma sacola com roupas, uma caixa com roupas e uma revista Bruna. Ao meu lado esquerdo, a parede branca. Na minha frente, uma sacola de roupas, um espelho de corpo inteiro, um pano sujo e um pé de uma sandália bege.  Por aqui, luzes acesas e tudo silencioso. - Era cliente, Zara? É cliente? Ah. Zara voltou.

Em observação, no Uber - 41

Hoje é sábado. São 12h52. Estou no Uber, sentada. Ao meu lado direito, porta e janela fechadas. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, duas sacolas em cima do banco.

Em observação, na rua Barão de Itapagipe - 2

Hoje é sábado. São 18:33. Estou na rua Barão de Itapagipe, sentada na mureta.  Ao meu lado direito, o portão do prédio. Ao meu lado esquerdo, o resto da mureta   O celular bipa. WhatsApp da Isabel. Na minha frente, a rua por onde as pessoas passam.  O celular bipa. WhatsApp do Antônio. 

Lorelay

Lorelay nunca gostou do seu nome. Apesar de nunca ter sofrido bullying na escola por causa do nome diferente, sempre foi chamada do nome completo, pela família. Com os erres e ípslons. Lo-re-lay.  Não sei bem a sua idade hoje. Na aparência, parece mais jovem. No mundo de dentro dela mesma, parece mais velha. O que, das duas formas, é ótimo mesmo. Nasceu numa família tradicional mamãe-papai-vovô-vovó da Zona Norte do Rio. Estudou em escola pública, e sempre foi uma boa aluna. Entrou pra faculdade e a vida seguiu, tudo bem. Conforme foi ficando adulta, os amigos a chamavam de Lore. Ou de Ló, apelido que ela odeia, mas é incapaz de dizer que odeia. Dá um sorriso amarelo e segue. O que muita gente não sabe é que Lorelay - estou gostando de chamá-la assim, de nome-inteiro assim. Vou abrir um parênteses aqui. Ao falar de nome inteiro, preciso dizer: apesar dos vários apelidos, Lorelay não tem vários nomes. Ela é inteira. Como nome-inteiro mesmo. Mas fechando o parênteses e voltando é que, po

Polyana

O seu nome é Polyana, com Y mesmo. Porque a mãe, desde nova, é ligada em coisas de numerologia. Na adolescência, na escola, os amigos começaram a chamá-la de Poly e ficou. Se alguém pergunta seu nome, ela logo diz: “Poly, com Y, mas não a mesma daquele livro”. Toda explicativa. Não sei bem a sua idade hoje. Na aparência, parece mais jovem. No mundo de dentro dela mesma, parece mais velha. O que, das duas formas, é ótimo mesmo. Nasceu numa família tradicional mamãe-papai-vovô-vovó da Zona Norte do Rio. Estudou em escola pública, e sempre foi uma boa aluna. Os professores admiravam ela pelas notas. Nem sempre pelo desempenho em sala. Entrava em silêncio, saia em silêncio. Das aulas, da escola. Mas não das amizades. Poly sempre foi menina e mulher de poucos e bons amigos. Desde nova. As amizades vêm e ficam. Algumas vêm e vão. Mas gosta desta fluidez das relações, dos amigos-livres, que podem ir, desaparecer, voltar. Mas que estão pra sempre dentro dela. Nas suas memórias e lembranças. Po