Fotografando Gente

Hoje é segunda-feira. São 10h26. Estou no Uber, sentada. Ao meu lado direito, porta e janela fechadas. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, uma sacola com monitor em cima do banco. O celular bipa. WhatsApp do Rodrigo. Bipa novamente. Workchat do Henio. Bipa novamente. WhatsApp da Marcia Regina. Bipa novamente. Workchat do Henio. Bipa novamente. WhatsApp da Marcia Cervela. - Seu Marcelino, deixa eu perguntar uma coisa ao senhor. É ali São José com Rio Branco. Isso. Isso. É, mas se ele não estiver ali, eu vou precisar subir. Aí eu pego outro, não tem problema não. É. É bem na esquina. Ah, não precisa não. Se o senhor parar ali na frente, tá bom. Só vou pedir, se o senhor puder, do lado esquerdo. Isso. Isso. É. É. Show. Já mandei mensagem e a pessoa que ia descer não vai poder descer e vai mandar um funcionário e este funcionário eu não tenho o telefone dele.

Hoje é domingo. São 10h31. Estou na Gauísa, sentada na varanda. Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, uma planta. Na minha frente, a varanda por onde as pessoas passam. - Que foi, amor? Eita. Que horror. Sim. O celular bipa. Notificação do Ifood. - Oi? Quem? O celular bipa  WhatsApp da Márcia. - Eu ia trazer também e esqueci. Eita. Oi. Não ouvi. Não, tá na bolsa. Do lado de fora. Num desses bolsinhos de lado. É. 10:51. Mãe. Tá aberto.

Hoje é sábado. São 08h14. Estou no Laboratório Sérgio Franco. Uma mulher passa na minha frente. Um homem é uma criança passam na minha frente.

Hoje é sexta-feira. São 18h08. Estou no ônibus 415, sentada. Ao meu lado direito, uma janela aberta. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio. O celular bipa. WhatsApp da Isabel.

Hoje é quinta-feira  São 06h50. Estou na rua Uruguaiana, sentada. Um homem passa na minha frente. Um homem passa na minha frente carregando uma mochila preta. Um homem passa na minha frente carregando uma mochila preta. Um homem passa na minha frente carregando uma mochila preta. Ao meu lado direito, um vão por onde as pessoas passam. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Um homem passa na minha frente carregando uma mochila preta. Um homem passa na minha frente. Um homem passa na minha frente carregando uma mochila cinza. Ele é negro, alto e magro. Tem o cabelo preto, curto, na cabeça. Uma mulher passa na minha frente.

Hoje é quarta-feira. São 10h44. Estou no ônibus 415, sentada.  Ao meu lado direito, uma janela aberta. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, uma mulher sentada. Ela tem o cabelo castanho e cacheado. Usa uma blusa de alcinha preta. Ela é negra. Olha para fora da janela. Usa uma máscara preta.

Hoje é segunda-feira. São 14h49. Estou no Uber, sentada. Ao meu lado direito, porta e janela fechadas. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio. - Isso. É, por favor. O celular bipa. WhatsApp da Margaret. - Acho que eu vou ficar aqui, Aleksandro. Quanto te devo? Aqui, tá certinho. Imagina, obrigada eu. Fica com Deus. Pra você também.

Hoje é domingo  São 09h56. Estou no Condomínio do Edifício Santa Fé, sentada na portaria. Ao meu lado direito, um canteiro. Ao meu lado esquerdo, André em pé segurando uma bolsa marrom, o celular é as chaves no chaveiro. Na minha frente, um canteiro. - Vamos.

- Isso. Isso. Isso mesmo. Hoje é sábado. - Tenho, comi às 19h. Tem problema? Tudo bem. Tá bom. Eu posso fazer no particular? Pagar a você? São 08h01. Estou no Laboratório Sérgio Franco,  sentada no atendimento. Ao meu lado direito, uma parede. Ao meu lado esquerdo, uma mulher sentada trabalhando - Já chegou. Posso te falar? 350135. Tá legal. Na minha frente, um vão por onde as pessoas passam. O celular bipa. Notificação da Amil. A mulher sentada ao meu lado esquerdo é branca, tem o cabelo preto, preso em um coque. Veste uma blusa verde, máscara descartável. Usa óculos. Usa aliança de ouro de casamento. E tem as unhas pintadas de vermelho. Mexe no computador. - Oi. Amil Luana. Não. Eu tou usando Diu. 72. 163. Tá bom. Muito obrigada. Acho que já chegou. 286570. O celular bipa. SMS da Amil. - No débito. Peraí. É Bradesco. Não. Não, só débito. É. Tudo bem. A mulher sai do meu lado esquerdo e passa na minha frente. Passa na minha frente novamente. - Isso. Pode soltar. Aqui. Não. A minha não

- Oi, bom dia. Tudo bem? Hoje é sexta-feira. São 10h42. Estou no Uber, sentada. O celular bipa. WhatsApp da Isabella. Ao meu lado direito, porta fechada e janela aberta. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio.

Hoje é quinta-feira. São 06h27. Estou no ônibus 415, sentada. Ao meu lado direito, uma janela aberta. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio. Uma mulher senta na minha frente. - Sabe como é, né? Mas é diferente. Agora. Ela é branca, tem o cabelo loiro, liso e curto, preso em um rabo de cavalo. Usa óculos. Usa máscara branca descartável. - É. Fala ao celular. Uma mulher senta ao meu lado esquerdo. Levanta. Ao meu lado esquerdo, agora, um banco vazio. A mulher sentada na minha frente gargalha. - Mas é. Aí você deu a toalha pra ele. Não, mas ele.

- Tudo bem, bom dia. Só um minutinho. Isso. Aqui no Estácio. Sei mais ou menos. Isso. Na Cidade Nova. Hoje é quarta-feira. São 11h13. Estou no Uber, sentada. Ao meu lado direito, porta e janela fechadas. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio. O celular bipa. WhatsApp do André.  - Isso, aqui do lado direito. É esse clube aqui. Isso. Muito obrigada. Quanto te devo? Aqui, tá certinho. Muito obrigada. Fica com Deus.

Hoje é segunda-feira. São 14h41. Estou no Condomínio do Edifício Santa Fé, sentada na portaria. Ao meu lado direito, um canteiro. Ao meu lado esquerdo, um vão por onde as pessoas passam. - De nada. Um homem passa ao meu lado esquerdo com uma bicicleta. Na minha frente, um canteiro. O celular bipa. WhatsApp da Margaret.

Hoje é sábado. São 07h58. Estou no Laboratório Sérgio Franco. - Tem um lugar aqui. Estou sentada numa recepção interna. Uma mulher passa na minha frente. - Tenho. Aqui. De nada.

Hoje é sexta-feira. São 11h58. Estou na Espaço Laser, sentada na recepção. Ao meu lado esquerdo, uma mesinha com uma cesta, papel, caneta e um álcool gel em cima. Ao meu lado esquerdo, uma parede. Na minha frente, um vão por onde as pessoas passam. O celular bipa. WhatsApp do André. - Oi minha flor. Tudo bem? Uma mulher passa na minha frente. Sabrina passa na minha frente. Ela veste calça jeans, sapatilha branca e jaleco branco.

Hoje é quinta-feira. São 18h45. Estou no consultório Psicologia e Coaching, sentada à mesa. Ao meu lado direito, uma porta aberta. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma cadeira vazia. Por aqui, luzes acesas e tudo silencioso.

Um. Uma. Hoje é quarta-feira. São 16h38. Estou no Centro Municipal de Saúde Salles Neto, sentada. Ao meu lado direito, uma cadeira vazia. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Alaide Nunes passa na minha frente. Carrega uma ecobag. O celular bipa. WhatsApp da tia Vera. Agora, ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Uma. Um. Fabiana passa na minha frente. Um. O celular bipa. Workchat da Thaysa. Um. O celular bipa. WhatsApp da Rita. Bipa novamente. Workchat da Thaysa. Um. Um homem passa na minha frente. Ele é branco, magro e baixo. Tem o cabelo castanho e liso. Veste bermuda azul e blusa Polo cinza. Usa chinelo preto e vermelho. Usa máscara preta. Um. Uma. O celular bipa. WhatsApp da Rita. Uma. Um. Emerson passa na minha frente. Janaína Falcão passa na minha frente. Um homem passa na minha frente carregando dois sacos grandes de lixo. Uma mulher passa na minha frente. Ela é branca, magra e baixa. O celular bipa. Workchat da Thaysa. Um homem passa na minha frente. Ele é branco, magro e a

- Boa tarde. Tudo bem? Isso. Sou eu. O celular bipa. Notificação do Uber. Hoje é terça-feira. São 12h56. Estou no Uber, sentada. Ao meu lado direito, porta e janela fechadas. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio. O celular bipa. WhatsApp da Carolina. Bipa novamente. Carolina me liga.

- Pois é. Eu não entendi nada. Pois é. Tá estranho, né? Pois é. Eu tava ali e não te vi. Hoje é segunda-feira. São 12h29. O celular bipa. WhatsApp da Viviane. Estou no Uber, sentada. Ao meu lado direito, porta fechada e janela aberta. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio. O celular bipa. WhatsApp da Viviane. Bipa novamente. WhatsApp da Roberta. Bipa novamente. Notificação do ludo. O celular bipa. Margaret me liga.    - Lado direito, por favor. Aqui, aquele prédio ali de grades vermelhas. Isso, por favor. Quanto te devo, Eduardo? Aqui, trocadinho pra você. Ih, desculpa. Você tem dez pra mim? Achei que tava trocado, mas não tava, perdão. Muito obrigada.

Hoje é sábado. São 22h21. Estou no Condomínio do Edifício Jabre, sentada na portaria. Ao meu lado direito, uma porta de vidro entreaberta. Ao meu lado esquerdo, um portão fechado. Na minha frente, um corredor por onde as pessoas passam. - Não. Ainda não. Já tá perto? André passa na minha frente.

Hoje é sexta-feira. São 11h18. O celular bipa. Whatsapp da Márcia. Estou no Infnet, sentada à mesa, no DPED. Ao meu lado direito, um vão por onde as pessoas passam. Ao meu lado esquerdo, um vão por onde as pessoas passam. Na minha frente, a mesa do Ciro com dois monitores em cima. Por aqui, luzes acesas e tudo silencioso.

Hoje é quinta-feira. São 14h51. Estou no Infnet, sentada à mesa, no DPED. Ao meu lado direito, um vão por onde as pessoas passam. Ao meu lado esquerdo, uma ecobag no chão e um vão, por onde as pessoas passam. Na minha frente, a mesa do Ciro com dois monitores em cima. Por aqui, luzes acesas e tudo silencioso.

Hoje é quarta-feira. São 16h27. Estou no Uber, sentada. Ao meu lado direito porta fechada e janela aberta. Ao meu lado esquerdo, uma ecobag e um livro em cima do banco. Na minha frente, um banco vazio. - Tá ótimo. Você tem troco pra 50 pra mim, pra gente fechar em 10? Aqui? Eita. Arrumando encrenca com você, tá vendo? Muito obrigada, viu? Fica com Deus.

Hoje é terça-feira  São 12h10. Estou no ônibus 220, sentada. Ao meu lado direito, uma janela aberta. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, uma mulher sentada. Ela é branca. Tem o cavalo castanho, comprido e liso. Tem o braço direito apoiado na janela. Olha para fora da janela. Mexe no cabelo e faz um coque. O celular bipa. Workchat da Carolina. A mulher sentada na minha frente, tem uma presilha rosa na cabeça, no cabelo. O celular bipa. Workchat da Carolina. A mulher sentada na minha frente tem o braço direito apoiado na janela. Olha para fora da janela. Tem um relógio de prata no pulso esquerdo. Coça a orelha direita. Faz carinho no seu cabelo. Põe a mão na janela. Usa uma aliança de prata como se fosse noiva e uma aliança de prata no dedão. O celular bipa. Workchat da Carolina. A mulher sentada na minha frente tem o braço direito apoiado na janela. E a mão direita apoiada no branco a frente. Faz carinho no seu cabelo. Apoia a mão direita no banco da frente. Levanta e