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Mostrando postagens de novembro, 2013

Roberto e Carla, pais de Igor e Sofia

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Eu sou o Roberto, tenho 40 anos e sou um profissional bem sucedido. Sempre atuei como advogado e, hoje em dia, sou Juiz da Vara Cível de Goiânia. Sou casado com a Carla, minha linda esposa, que cuida da casa e dos nossos dois filhos. Carla foi minha secretária durante anos e, tivemos um romance há alguns anos. Eu já estava separado, mas de pouco tempo. Como ela engravidou, resolvemos casar. Família tradicional do interior de São Paulo. Primeiro, veio a Sofia, que hoje tem oito. Depois, o Igor, que hoje tem seis. São filhos bonzinhos. Mas, isso, é pulso firme do pai aqui. Porque, se deixar a educação com a mãe, eles não vão saber a respeito de regras nunca! E é cedo mesmo que a gente ensina.  Eu pago uma mesada a eles, desde que os dois têm quatro anos. Para eles mesmos saírem com a mãe e comprarem seus doces, balas, chicletes e essas papagaiadas todas de crianças com o dinheiro deles. Sofia é mais gastadeira, porque menina tem essas coisas de cabelo, pulseirinha, brinq

Em observação, no Clube do Conhecimento - 2

Hoje é sexta-feira. São 10h10. Estou no Clube do Conhecimento, assistindo a palestra da Ângela. Estou sentada na primeira fileira, na cadeira, na segunda cadeira. Ao meu lado direito, a cadeira está vazia. Ao meu lado esquerdo, tem uma moça sentada. Ela é branca, magra, alta, e loira, e tem o cabelo preso. Ela veste calça jeans, blusa social rosa, sandália alta beje. Sobre a sua mesa, um caderno. Uma das mãos na boca, e, na outra, uma caneta. Tem as pernas cruzadas. Agora, seus braços cruzados na cadeira da frente. Olha para trás. Agora são 10h31. Agora, na minha frente, tem um senhor sentado. Agora, ao meu lado direito, tem um rapaz sentado. É branco, alto, gordinho, cabelo curto. Usa calça preta, blusa social listrada. Tem uma bolsa da Memorial Saúde no seu colo e está mexendo em dois celulares. Na minha frente, o senhor sentado é gordinho,baixo, branco,e cabelo grisalho, careca. Usa óculos. Veste uma calça verde, e blusa de malha, beje. Tem uma pasta pre

Em observação, no consultório (Centro) - 6

Hoje é quinta-feira. São 14h42. Estou no consultório do Centro, aguardando a paciente de 15h30. Estou sentada na poltrona. Por aqui, portas e janelas fechadas. Tudo na penumbra. Apenas o barulho do ar condicionado. O celular bipa. Whatsapp do Bernardo.  Whatsapp da Carin.  Volto para o silêncio, apenas com o barulho do ar condicionado. O celular bipa. Whatsapp da Carin. Volto para o silêncio, apenas com o barulho do ar condicionado. O celular bipa. Whatsapp do Bernardo.  Volto para o silêncio, apenas com o barulho do ar condicionado. O celular bipa. Whatsapp do Bernardo. Volto para o silêncio, apenas com o barulho do ar condicionado. O celular bipa. Mensagem de voz da Alba.  Whatsapp do Bernardo.  Volto para o silêncio, apenas com o barulho do ar condicionado.

Momentos

Há o momento de respirar. E o momento de prender a respiração. Há o momento de segurar. E o momento de deixar(-se) ir. Há o momento de pedir. E o momento de receber (mesmo que de si mesmo). Há o momento de ler. E o de escrever. O momento de falar. E o de calar. Há o momento de um, dois, três. E o momento de ser. Apenas ser. Há o momento de plantar. E o de esperar. E o de colher. E o de se alimentar. E o de não esperar mais. E aí, quando vem A não-mais-espera. Torna-se livre.

Em observação, na OAB Barra

Hoje é terça-feira. São 14h39. Estou na OAB, na Barra da Tijuca, no Shopping Marapendi. Estou sentada ao lado de fora, do evento da Glorita, da Semana Global do Empreendedorismo. Na minha frente, uma pequena praça de alimentação. Ao meu lado esquerdo, uma mesa com folders e brindes. Ao meu lado direito, outra mesa, com papeis, folders, etc. Agora, estou sozinha por aqui. Pessoas vão e vem, mas distante de onde estou. A Glorita veio conversar comigo. Dei uma volta e voltei para cá, para o meu lugar de origem. Agora são 15h04. Estou sozinha aqui novamente. Dona Maria veio aqui fora. É uma senhora negra, baixinha, gordinha. Veste calça cinza e blusa preta, estampado com branco. Veste uma sapatilha cinza. Tem o cabelo preto, preso. Agora, estou sozinha aqui novamente. Dona Maria voltou. Mexe em algumas coisas na mesa ao meu lado esquerdo. Um segurança passa na minha frente. É alto, mulato, meio gordinho.  Veste terno cinza.   Dona Maria entrou n

Em observação, no trabalho do André - 2

Hoje é segunda-feira. São 17h26. Estou no trabalho do André, na recepção. Por aqui, tudo iluminado e silencioso. Apenas o barulho do servidor (acho). As portas permanecem fechadas. A da recepção e a que divide a recepção das salas. Uma senhora passa pela sala, pela divisória de vidro, e sorri pra mim. Retribuo. Duas moças passam pela recepção e saem, rindo. Não me olham ou falam comigo. Uma faxineira passa pela recepção, com balde e vassoura, e entra no banheiro. Não olha para mim ou fala comigo. A porta que divide a recepção das salas, agora, permanece aberta.

Hésus

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Pegamos um caminho novo, sombras novas, lojas novas, e acabamos chegando tarde. Não tinha cadeira e, portanto, deitamos com o corpo na areia, sentindo as novas texturas disponíveis. O de sempre: o mar, a areia, o sol, as nuvens, as pessoas, as crianças, as bolas (de todos os tamanhos). Até a maconha. Mas, nem por isso, menos pior. Cada dia melhor, aliás. A gente, diferente, as conversas, o mate, os pensamentos, as risadas, as angústias, os olhares. E por falar em olhares, o vimos "correndo". Sim, entre aspas. Uma corrida lenta. Talvez uma andada saltitante. Ela o chamou de Don Quixote brasileiro. 89 anos, quase 90. Vestia sunga verde, e carregava chinelo preto e blusa branca, enrolados, na mão. Ele correu pra lá. E depois pra cá. Cabelos - poucos - brancos. Muito, muito, muito magro. Via-se as suas costelas, os ossos da perna, da bacia. Nasceu no Brasil, mas seus pais, espanhóis, queriam que se chamasse Jesus. O pai só percebeu, no dia seg

Carlinhos

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Hoje a praia foi atípica. Carlos Henrique é o seu nome. Filho de uma das grandes, melhores e das mais antigas amigas: Carla. É uma criança: oito anos. Eu não o tinha visto, quando fomos nos encontrar, na esquina da minha rua. Seus braços magros e pequenos abraçaram minha cintura e tive a deliciosa surpresa de passar um feriado-de-sol-no-meu-canto com uma criança que, eu já sabia, é encantadora. Ele comeu biscoito Globo, bebeu mate-com-limão do Quinho, tomou picolé sabor chiclete, brincou de Mak-Steel (eu poderia procurar este nome na internet, mas eu sequer consigo pronunciar este nome). Brincou na sombra e no sol. A mãe e a tia Lu passaram protetor solar nele. O mar estava gelado e forte; mas ele brinca na beiradinha - "ele é cagão", diz a mãe.  Brincamos no mar juntos. De pular as ondas; de gritar (sim, gritamos quando estamos felizes); de enfiar a cara na água; de mergulhar; de pegar onda de bodyboard; de enterrar os pés na areia, quando a onda vinha; d