[Escrito em 09 de março de 2025] Juvenal é o nome dele. É meu tio. Trabalha como porteiro em um prédio da zona sul. Há muitos meses meu primo, João, não conseguia falar com o pai e pediu que eu fosse até o prédio que ele trabalhava, para ver se ainda estava lá e se estava bem. O primo João não sabia bem o endereço, mas deu algumas referências. Era uma rua principal, perto de uma esquina, na altura da farmácia tal, em frente a uma banca de jornal. Eu sabia mais ou menos onde era. E fui tentar. Era um primo querido. Um tio querido. Eu não os via há muitos anos, mas acho que saberia reconhecer meu tio, sobretudo. - Vou tentar, primo. Vou até lá ver se acho o meu tio. Fui até o prédio. Esperei um pouco do lado de fora. Não havia ninguém na portaria. Tinham se passado uns 5 anos, mas pareciam quinze. Meu tio estava mais velho. Cabeça branca. Corpo curvo. Olhar envelhecido, triste. Eu toco a campainha da portaria, ainda no portão da rua. Ele me olha. Um olhar enigmático. - Juvenal? - A ...