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Em observação, no ônibus - 435

Hoje é quarta-feira. São 06h54. Estou no ônibus 220, sentada. Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, uma janela fechada. Na minha frente, uma pessoa sentada. Usa um casaco com capuz azul. Esta com o corpo curvado para a frente e a cabeça encostada na janela. Acho que dorme. Um homem senta ao meu lado direito carregando uma mochila preta.

Em observação, no Uber - 198

- Olá, boa tarde, tudo bem? Meu código é 8355. Hoje é domingo. São 16h13. Estou no Uber, sentada.  Ao meu lado direito, porta e janela fechadas. Ao meu lado esquerdo, minha sacola cinza. Na minha frente, um banco vazio.  - Eita.  O celular bipa. Whatsapp da Marília. - Horrível, né, gente? Sim. Horrível. O celular bipa. Whatsapp da Olga. Bipa novamente. Whatsapp da Andressa.

Em observação, no Infnet - 265

Hoje é segunda-feira. São 12h41. Estou no Infnet, sentada à mesa, no DPED. Ao meu lado direito, um vão por onde as pessoas passam. Ao meu lado esquerdo, uma lixeira e uma cadeira preta vazia. Na minha frente, dois monitores, uma câmera e um headset em cima. O computador bipa. Notificação do Google Meet.

Em observação, no consultório - 594

Hoje é sábado. São 07h30. Estou no consultório, sentada a mesa. Ao meu lado direito, uma porta aberta. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma cadeira vazia.  Por aqui, luzes acesas e tudo silencioso. O celular bipa. Whatsapp da Analires.

Em observação, no Uber - 197

- Boa tarde, João. Meu código é 1005. Isso, por favor. Hoje é sexta-feira. São 15h27. Estou no Uber, sentada.  Ao meu lado direito, porta e janela fechadas. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio.  O celular bipa. Notificação da agenda. Bipa novamente. Whatsapp da Mayara.

Em observação, no Uber - 196

- Oi, boa tarde, você é o Willian? Boa tarde, Willian. Meu código é 5394. Hoje é quinta-feira. São 15h21. Estou no Uber, sentada.  Ao meu lado direito, porta e janela fechadas. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio.  O celular bipa. Whatsapp da Viviane. - Tá agendada, filha, obrigada, beijos.  O celular bipa. Whatsapp da Hanna. Bipa novamente. Whatsapp de número não salvo. Bipa novamente. Whatsapp da Márcia. Bipa novamente. Notificação da agenda.  - Eu posso te pagar no PIX, Willian? É esse QR code aqui? Fala pra mim quanto eu te devo, por favor.

Em observação, no ônibus - 434

Hoje é quarta-feira. São 07h04. Estou no ônibus 220, sentada. Ao meu lado direito, uma janela fechada. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um homem sentado. O celular bipa. Notificação do RioCard. O homem sentado na minha frente usa fones de ouvido pretos sem fio. Tem o cabelo preto curto e grisalho. Veste uma blusa branca. Olha para baixo. Ele é negro. Segura uma mochila preta no seu colo. Ele tosse. E funga. Tira o fone. Coça o ouvido. Funga. Coloca o braço esquerdo no banco da frente. Usa um relógio no pulso esquerdo prateado e grande. Olha para fora da janela. Funga. Olha para fora da janela.

Juvenal

[Escrito em 09 de março de 2025] Juvenal é o nome dele. É meu tio. Trabalha como porteiro em um prédio da zona sul. Há muitos meses meu primo, João, não conseguia falar com o pai e pediu que eu fosse até o prédio que ele trabalhava, para ver se ainda estava lá e se estava bem. O primo João não sabia bem o endereço, mas deu algumas referências. Era uma rua principal, perto de uma esquina, na altura da farmácia tal, em frente a uma banca de jornal. Eu sabia mais ou menos onde era. E fui tentar. Era um primo querido. Um tio querido. Eu não os via há muitos anos, mas acho que saberia reconhecer meu tio, sobretudo. - Vou tentar, primo. Vou até lá ver se acho o meu tio. Fui até o prédio. Esperei um pouco do lado de fora. Não havia ninguém na portaria. Tinham se passado uns 5 anos, mas pareciam quinze. Meu tio estava mais velho. Cabeça branca. Corpo curvo. Olhar envelhecido, triste. Eu toco a campainha da portaria, ainda no portão da rua. Ele me olha. Um olhar enigmático.  - Juvenal? - A ...

Em observação, no ônibus - 433

Hoje é segunda-feira. São 10h42.  Estou no ônibus 415, sentada.  Ao meu lado direito, uma janela fechada. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, uma mulher sentada. Ela é negra e magra. Tem o cabelo vermelho, curto e ondulado. Veste um vestido bege e sem manga. Olha para fora da janela. Olha para dentro do ônibus. Olha para fora da janela.  O celular bipa. Workchat da Ana Júlia.  A mulher sentada na minha frente olha para baixo. Olha para fora da janela. Mexe no cabelo com a mão esquerda. Usa um relógio prateado na mão esquerda. Tem as unhas longas e pintadas de rosa claro.  O celular bipa. Workchat da Ana Júlia. Uma mulher senta ao meu lado direito carregando uma mochila preta e uma bolsa preta. 

Em observação, na Smart Fit - 233

Hoje é domingo. São 09h17. Estou na Smart Fit. Um homem passa na minha frente. Ele é negro, magro e alto. Tem o cabelo preto, curto, cheio e cacheado.  Uma mulher passa na minha frente. Um homem passa na minha frente. Um homem passa na minha frente carregando uma bolsa azul e um celular.  Estou sentada na cadeira de massagem. Ao meu lado direito, um bebedouro. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira de massagem vazia. Na minha frente, um corredor por onde às pessoas passam. Uma mulher passa na minha frente carregando uma bolsa azul. Ela é branca, magra e alta. Tem o cabelo loiro, liso e comprido. Veste uma bermuda cinza. Senta na cadeira de massagem ao meu lado esquerdo.