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Em observação, no ônibus - 462

Hoje é quarta-feira. São 06h49. Estou no ônibus 220, sentada.  Ao meu lado direito, uma janela fechada. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, uma mulher sentada. Ela tem o cabelo castanho e liso. Veste um casaco estampado. Ela é branca. Usa óculos de grau de armação azul. Olha para fora da janela. Seu cabelo está preso. Ela carrega coisas no colo. Olha para dentro do ônibus. Olha para fora da janela. Olha para dentro do ônibus. Olha para fora da janela. Faz carinho no seu próprio braço. Usa um anel de ouro no dedo anelar na mão esquerda. Fica com a mão esquerda apoiada no seu braço direito. Olha para fora da janela. Olha para dentro do ônibus. Olha para baixo. Coça o rosto com a mão esquerda. Olha para dentro do ônibus. Olha para fora da janela. Olha para dentro do ônibus. Olha para fora da janela. Segura um terço marrom e ajeita o terço na mão. Olha para dentro do ônibus. Olha para fora da janela.  O celular bipa. Despertador que toca. A mulher sentada na min...

O riso e o gargalhar

[Escrito em 25 de junho de 2025] Quarta-feira, por volta de 20h. Vagou um lugar no metrô cheio e eu sentei. Aqueles bancos no fundo do vagão (os vagões antigos, meus preferidos). São os bancos que ficam de frente uns pros outros, seis lugares de cada lado, sabe quais? Então. Ao meu lado oposto, duas mulheres. Vestidas socialmente. Vinham do trabalho. Um dia cansativo, cheio de reuniões. Eram colegas de trabalho, e moravam próximo uma da outra. Uma saltava na Saens Pena e a outra saltava na Uruguai.  Mas elas riam, de gargalhar. Apesar do cansaço, do dia cheio, estafante, elas tinham espaço para rir, e rir de gargalhar, de faltar o ar. Elas falavam baixo, e eu não conseguia ouvir o conteúdo do que conversavam e que as fazia rir, mas era algo muito pessoal e particular. Elas falavam de alguém, ou de uma situação. Ou talvez delas mesmas.  Mas riam. E uma interrompia a outra e contava mais um detalhe. E gargalhavam. As duas. Na mesma medida. Que, apesar do cansaço, não nos falte o...

Em observação, no Infnet - 268

Um homem passa na minha frente. Hoje é segunda-feira. São 06h57. Estou no Infnet, sentada no hall dos elevadores do segundo andar. Um homem passa na minha frente carregando um copo plástico branco.  Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um vão por onde as pessoas passam e uma mesa branca com meu livro e uma sacola branca e um copo com o meu suco.  O celular bipa. Despertador que toca. 

Em observação, na Smart Fit - 268

Hoje é domingo. São 08h44. Estou na Smart Fit, sentada na bicicleta. Ao meu lado direito, uma bicicleta vazia. Ao meu lado esquerdo, uma bicicleta vazia. Na minha frente, um corredor por onde as pessoas passam. Uma mulher passa na minha frente. Um homem passa na minha frente carregando um copo plástico branco. Ele é negro, magro e alto. É careca. Usa um boné azul. Eles estão juntos. Um homem passa na minha frente carregando uma mochila cinza.  Um homem passa na minha frente. Ele é branco, magro e alto. Tem o cabelo curto.  Um homem passa na minha frente carregando um celular e uma garrafa. Ele é branco, magro e alto. Um homem passa na minha frente carregando uma mochila preta. Ele é negro, gordo e alto. Tem o cabelo curto e preto.  Um homem passa na minha frente. Ele é branco, gordo e alto. Tem o cabelo castanho, curto e é calvo. Um homem passa na minha frente carregando uma garrafa de metal. Ele é branco, magro e alto. Tem o cabelo branco, liso e curto. Usa bigodes. Vest...

Em observação, no ônibus - 461

Hoje é sábado. São 07h07. Estou no ônibus 220, sentada.  Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, uma janela fechada. Na minha frente, um banco vazio.

Em observação, na Smart Fit - 267

O celular bipa. Notificação do Mercado Livre. Hoje é sexta-feira. São 12h18. Uma mulher passa na minha frente. Uma mulher passa na minha frente. Estou na Smart Fit, sentada na bicicleta. Ao meu lado direito, uma bicicleta vazia. Uma mulher passa na minha frente. Uma mulher passa na minha frente. Um homem passa na minha frente. Um homem passa na minha frente. Um homem passa na minha frente. Uma mulher passa na minha frente. Uma mulher passa na minha frente. Uma mulher passa na minha frente. Um homem passa na minha frente. Uma mulher passa na minha frente. O celular bipa. WhatsApp da Viviane. Bipa novamente. WhatsApp da Hanna.  Uma mulher passa na minha frente carregando um celular e uma bolsa bege. Carrega uma bolsa preta transpassada. Ela é branca, magra e baixa.  Ao meu lado esquerdo, uma bicicleta vazia. Na minha frente, um corredor por onde as pessoas passam. Uma mulher passa na minha frente carregando uma garrafa, um celular e uma bolsa transpassada preta. Ela é branca, ma...

Em observação, na Smart Fit - 266

Hoje é quinta-feira. São 09h51. Estou na Smart Fit, sentada na bicicleta. O celular bipa. WhatsApp da Letícia. Ao meu lado direito, uma bicicleta vazia. Ao meu lado esquerdo, uma bicicleta vazia.  O celular bipa. WhatsApp da Victória. Bipa novamente. WhatsApp da Letícia. Um homem passa na minha frente. Uma mulher passa na minha frente. O celular bipa. WhatsApp da Letícia. Uma mulher passa na minha frente carregando uma mochila rosa. Ela é branca, gorda e alta. Tem o cabelo castanho, comprido.  Um homem passa na minha frente. Ele é branco, magro e alto.  Uma mulher passa na minha frente. Um homem passa na minha frente carregando um celular. Ele é branco, magro e alto.  Uma mulher passa na minha frente. Uma mulher passa na minha frente. Uma mulher senta na bicicleta ao meu lado esquerdo. Ela é branca, magra e baixa. Ela tem o cabelo loiro, liso, preso em um coque. Usa um arco de pedras. Usa óculos de grau de armação branca.  O celular bipa. Notificação da agenda.

Em observação, no consultório - 597

Hoje é quarta-feira. São 09h02. Estou no consultório, sentada a mesa. Ao meu lado direito, uma porta aberta. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma cadeira vazia. O celular bipa. WhatsApp da Lorena.

O cubo mágico

[Escrito em 25 de junho de 2025] Eu entrei no vagão do metrô, e ele já estava lá. Tinha menos de 30 anos. Fones de ouvido, com fio, como os que se usavam antigamente. Casaco, porque estava frio. Devia ser umas 20h, e ele estava entretido na música, que tocava heavy metal pesado. E fazia um... cubo mágico! De mais lados do que o usual. Fiquei hipnotizada nele. E no cubo mágico.  Era um homem sério, introspectivo, quase triste. Mas fazia miséria com aquele cubo mágico nas mãos. Estava sozinho no metrô, praticamente. Apesar do metrô cheio. Ele, o som e o cubo mágico, sozinhos. Entre a estação que eu entrei até a estação que eu salto, dá um total de seis estações.  Quando entrei, ele estava pegando o cubo mágico na mochila. Quando saltei, o cubo mágico estava quase totalmente pronto. Incrível!

Em observação, no ônibus - 460

Hoje é segunda-feira. São 06h26. Estou no ônibus 415, sentada.  Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, uma janela fechada. Na minha frente, um banco vazio. O celular bipa. Notificação da agenda. Um homem senta na minha frente. Ele é branco. Tem o cabelo branco, liso e é calvo no alto da cabeça. Ele funga. Usa óculos de grau de armação azul. Veste um casaco azul. Olha para fora da janela. Olha para dentro do ônibus. Olha para fora da janela. Olha para dentro do ônibus. Olha para baixo. Olha para fora da janela. Olha para baixo. Tem a barba por fazer, também branca. Olha para fora da janela. Tem os olhos pretos. Olha para dentro do ônibus. Olha para as pessoas que entram no ônibus. Olha para dentro do ônibus. Olha para as pessoas que entram no ônibus.  Uma mulher coloca a mochila ao meu lado direito. Tira a mochila do meu lado direito.  Agora, ao meu lado direito, um banco vazio.  Uma mulher senta ao meu lado direito carregando uma mochila preta, um...