Ana
Eu estava voltando pra casa, de Ipanema. Saltando do ônibus, resolvi entrar em uma rua diferente. Tentar novos caminhos, novos olhares, novas pessoas. Gosto de olhar no olho das pessoas. Mesmo dos estranhos. Velhinhos - e uma velhinha - jogavam baralho num boteco, na mesa suja da calçada. Alguns senhores - mais novos - sorriam, olhando a jogatina, de pé. Mas foi quando passei por um prédio, destes grandes, antigos, velhos, das ruas transversais de Copacabana, que vi Ana. Magra, alta, sentada na escada do prédio, com os joelhos próximos ao peito, abraçada-angustiada sobre eles. Usava um vestido roxo, longo e largo, de alcinha. Chinelo rosa. Cabelo preto, liso, sujo e desgrenhado, preso em um rabo de cavalo mal feito. Ana, coitada, havia terminado o namoro ha 1 semana. Ele terminou com ela, aliás. Já moravam juntos, naquele apartamento, que ficou para ela de herança do seu falecido pai. Perdeu seus pais cedo. Sua mãe se foi, ela tinha 8 anos. E seu p...