Em observação, no Uber - 47

Hoje é segunda-feira. São 10:50.

Estou no Uber, sentada.

Ao meu lado direito, porta fechada e janela aberta. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio.

- É. Bom, né? Vazio, né? É, demais. Tá mesmo. É mesmo. Pessoal não tem levado a sério. É mesmo. Sim. O pessoal não se protege, né? É. Sim. É. Sim. Já. Vai fazer um ano em março. Mas a plataforma que você trabalha é no Rio? Sim. Caramba. É mesmo. É mesmo. Não tem vacina, esse filho da puta do presidente.

O celular bipa. WhatsApp da Viviane.

- É. Caramba. É mesmo.

O celular bipa. WhatsApp da Viviane.

- Sim. É mesmo. Claro. Sim. É. É, imagino. É mesmo. Era só uma menina e eu pagando pelos erros. Se eu queria enlouquecer essa é a minha chance. É tudo que eu quis. Se eu queria enlouquecer. Esse é um romance ideal. Se eu queria enlouquecer. Se eu queria enlouquecer esse é o romance ideal. Eita. Por baixo. Pela esquerda. Esquerda. Lá na Lagoa. É, do lado direito. Na esquina da Matoso, por favor.

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