Elizabeth

[Escrito em 12 de julho de 2025]

Era uma sexta-feira. Perdi de 12h. Bar Madrid, na grande Tijuca.

O carro - um carrão - parou perto do bar. O motorista saiu. Um senhor de seus 50-60 anos. Atravessou o carro por trás, olhou o trânsito, que foi parando, lentamente.

Abriu a porta do carona, e ela veio, vagarosamente. Dona Elizabeth. Ou "só Elizabeth", como ela gosta de ser chamada. 

Elizabeth, no auge dos seus 89 anos, saltou do carro lentamente. O trânsito, pacientemente parado, esperando ela sair do carro, e andar até a calçada.

O filho amparando ela. Passo a passo. Bem lentamente. 

Ela avistou o Bar Madrid, acenou para o seu garçom favorito, o Severo. Ele saiu da onde estava e veio ajudá-la.

Elizabeth sentou em uma mesa, na sombra. Era a "sua" mesa. Não precisou pedir. 

Poucos minutos, Severo trouxe uma garrafa de cerveja e um pastel de camarão. Um único pastel. Uma única cerveja.

Seu filho, que não bebe, ficou do lado de fora fumando o cigarro.

Quando Elizabeth acabou com a sua extravagância de sábado, segundo a própria, acenou para o filho ao longo. Severo estava a postos. Ajudou a levantar. Ajudou a descer o degrau do restaurante. Entregou a mãe ao filho.

O filho, por sua vez, deu o braço a ela, e levou-a até o carro. Agora, um pouco mais ágil. A cerveja e o camarão a faziam bem. 

Agora, iriam para o almoço de família, na casa da sua irmã, Gilda, em Ipanema.

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