Lúcio é o pai. Mariana, a filha. Ele, cerca de 70. Ela, por volta dos 30 e poucos. O cenário é a mesa do jantar. Ele - apesar da idade - ainda trabalha, no Centro do Rio, de carro. O estacionamento onde ele pára o veículo está fechado e, portanto, ele tem ido de outras formas. De táxi, quase sempre. Os cabelos brancos já não permitem grandes aventuras pelo trânsito. - Hoje voltei pra casa de cata-corno. - De ônibus, cara? - É. De ônibus. Peguei ali, na Carioca. Perto do trabalho do Djalma. - Ah, sei. - Mas teve um que bateu no outro. - O ônibus? - É. - O teu? - Não. O de trás com o da frente. - Hã? - O ônibus que estava atrás do que eu peguei, bateu um de trás do outro. Dois de trás. Atrás. Através. Atravessou. E o velho - que ainda não está gagá -, começou a filosofar. - Mas isso você não conhece. É li-te-ra-tu-ra, Mariana. Literatura. - Ah, sei. - Mas aí, no ônibus, um velha, mais velha do que eu até (t...