A menina no banheiro
Saíamos da praia e resolvemos tomar uma ducha de água-limpa (e não aquela de óleo-diesel) no banheiro publico pago da praia. Aquele subterrâneo.
Esperávamos a atendente atender nós três + a moça que "só queria usar o banheiro".
Era uma tarefa um tanto complexa atender quatro pessoas diferentes, com necessidades quase iguais, e valores de serviços quase iguais, e trocos idem.
De dentro do banheiro feminino, mãe e filha se preparavam para sair. A mãe, não soubemos dizer a idade. A filha, talvez, uns seis ou sete.
- Fica quieta ou eu te bato!
Não se ouvia a voz da criança.
- Laura, eu já disse pra você ficar quieta. Mas que caralho...
A criança permanecia silenciosa.
- Laura, mas que cacete! Parece que não tem educação... Puta que pariu...
A mãe só queria pentear o cabelo da menina.
Talvez a mãe não soubesse. Era apenas uma criança.
Crianças, em geral, são agitadas.
E, acho que a mãe também não sabe: é dever da mãe (deveria ser) dar educação à criança. Aquela que, provavelmente, nenhuma das duas têm.
Quando entramos no banheiro, Laura ajeitou a roleta para passarmos.
- Que gentil... Muito obrigada pela sua educação, Laura.
- Como você sabe meu nome?
- Eu ouvi sua mamãe conversando com você, de lá de fora.
Laura olhou assustada e silenciosa para a mãe.
A mãe olhou para nós, e não sorriu.
A criança sim.
Íamos tomar banho.
A moça, lá fora, ficava encarregada de ligar o chuveiro.
- Pode ligar, moça, por favor! - gritamos.
O chuveiro não foi ligado.
- Você tem que contar... No meu, ligou no trinta...
- No trinta?
- É... - disse Laura, timidamente.
- Um... dois... três... quatro... cinco... seis... sete... oito... - nós três contamos juntas (eu, a amiga e Laura)
- Ih, ó! O nosso ligou no oito! Rapidão, né?
- É... rapidão... Tchau!
Laura sorriu.
E a mãe, séria, permaneceu silenciosa...
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