Em observação, no ônibus - 419

Hoje é segunda-feira. São 06h22.

Estou no ônibus 415, sentada.

Ao meu lado direito, uma janela fechada. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, uma mulher sentada.

O celular bipa. Notificação do RioCard.

A mulher sentada na minha frente está dormindo. Ela é negra e gorda. Tem o cabelo loiro, trançado, comprido, preso em um rabo de cavalo com um lenço preto. Veste uma blusa preta de alcinha. Tem a cabeça encostada no banco e na janela, caindo. Acorda e se ajeita. A cabeça continua encostada no banco. Sua cabeça vai caindo pra janela. A mulher dorme. Encosta totalmente a cabeça na janela. Acorda. Olha para fora da janela. Tem a cabeça encostada no banco. Encosta a cabeça na janela. Desencosta. Encosta novamente. Desencosta. Acorda. Olha para fora da janela. Continua com a cabeça encostada no banco. Encosta a cabeça na janela. Dorme. Desencosta. Continua com a cabeça encostada no banco. Encosta a cabeça na janela. Desencosta. Continua a cabeça encostada no banco. 

O celular bipa. Notificação da agenda.

A mulher sentada na minha frente encosta a cabeça no banco. Carrega uma mochila vermelha e cinza. Ela é alta. Levanta e sai. 

Agora, na minha frente, um banco vazio. 

Uma mulher senta na minha frente. Ela tem o cabelo preto, cacheado, comprido e está molhado. Veste uma blusa preta e branca estampada. Ela é negra. Usa óculos de grau de armação prateada. Usa máscara branca descartável.

Uma mulher senta ao meu lado esquerdo carregando uma mochila colorida. 

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