Em observação, no ônibus - 429
O celular bipa. Whatsapp do André.
Hoje é sábado. São 07h07.
Estou no ônibus 220, sentada.
Ao meu lado direito, uma janela fechada. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, uma mulher sentada.
- Eita porra. Guarda pouco.
A mulher sentada na minha frente é negra, magra e baixa. Tem o cabelo preto e liso.
- Roupa. E demorou.
A mulher sentada na minha frente olha para a frente.
- Isso.
A mulher sentada na minha frente conversa com o homem sentado ao seu lado esquerdo.
- Nada. O meu sobrinho oh mãe. Nada. Todinho.
O celular bipa. Whatsapp da Ana dA Copilota.
- Não tá aceitando. Fera.
A mulher sentada na minha frente olha para fora da janela. Tem os olhos pretos.
- Só te passando só. Nada. É. Verdade.
A mulher sentada na minha frente usa brincos pequenos prateados. O seu cabelo está preso em um rabo de cavalo com elástico verde.
- O meu sobrinho também era assim. O meu sobrinho era desse jeito. Todo mundo via. Ah sei sei sei. É. Sempre assim. Isso. Tá. Mas também vai sair que horas? É isso que eu tou vendo ali agora. Gosto. É.
A mulher sentada na minha frente aponta com a não direita para algo fora do ônibus. Olha para fora da janela. Sorri.
- Boa. Verdade. Império ficou? Caralho. Eita porra. E aí? Porra... É mesmo? Caraca. Pô, quando tomou dez foi uma felicidade então, né? Porra, agora, sete e quinze? Tava fila. Só tinha. Falei Jesus. Não. Passei a noite. Caraca.
A mulher sentada na minha frente olha para fora da janela.
- Ontem tava salgueiro. Unidos da Tijuca nem sei. Porra. Mas eu acho que teve, eu acho que teve aí. O.. é. Com certeza. Aí tu acha que tu ia ganhar.
A mulher sentada na minha frente carrega uma mochila preta. Veste uma bermuda jeans e blusa regata vermelha. Levanta e sai.
Agora, na minha frente, um banco vazia.
Comentários
Postar um comentário