Fotografando Gente

- E ele simpatiza. Sei. Sei. Quando tava lá. Exato. Exato. Claro. Sim. Sim. Exato.  Hoje é sexta-feira. São 14h16. - Exato.  Estou na Arruzzo Odontologia.  Ao meu lado direito, duas cadeiras pretas e uma delas com um casaco em cima. Ao meu lado esquerdo, uma parede cinza. Na minha frente, um vão por onde as pessoas passam.  - Olha. Caramba. Meu Deus.  O celular bipa. Notificação da Amil.  - Aonde que você estudou, Lu? O celular bipa. Direct da Mariana.  - Sei. Sei. Na minha época, também. Meu Deus! Exato. André. Isso. Quer ajuda, Lu? Isso é um dente? Que medo. O dente encaixa nisso? Que medo. Sim. Caramba. Que demais. André em pânico. Conheço Exú Caveira, pode ser? Moro. Bem pertinho. PelamordeDeus. Exato. É... A senhora não aceita Jesus. Pelo amor. Meu Deus. Meu Deus. Socorro. Exato. Logo aqui. Ah que lindas. Ah, que lindo. É mesmo. Belíssimo. Exato. Sim. Pai amado. Exato. Exato. Exato, eu já vi. Ele é incrível. Luana vai deixar a limpeza pra semana q...

Hoje é quinta-feira. São 13h05. Estou no Labs A+, sentada no balcão. Ao meu lado direito, um corredor por onde as pessoas passam. - Não. Eu tenho ultrassonografia dos cotovelos. Ressonância magnética das mãos. Densitometria óssea. E sangue. Tá bom. Tá bom. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira azul vazia.  - Eu só consigo pegar na unidade o que eu fiz na unidade? Ah, tá bem. Qual o seu nome? Ian. Na minha frente, Ian sentado.  Uma mulher passa ao meu lado direito. Ela é branca, magra e alta. - Será. Uma mulher passa ao meu lado direito carregando uma sacola. Ela é branca, gorda e alta. Tem o cabelo castanho, preso em um coque. Veste saia florida comprida e casaco lilás.  - Ah eu peguei. Te devolvo? A identidade? Ah tá. Densitometria óssea. Tá bom. Eu não consigo nem tirar o laudo aqui? Ou consigo? Você me deu tudo menos a ressonância e a densitometria? Tá bom. Tá bom.  Ian levanta e sai. Agora, na minha frente, uma cadeira vazia.  Ian senta na minha frente. Veste um...

Hoje é quarta-feira. São 06h38. Estou no ônibus 220, sentada. Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, uma janela fechada. Na minha frente, uma mulher sentada. Ela é branca, tem o cabelo castanho e liso. Usa um brinco prateado na orelha. Tem a cabeça encostada na janela, ao seu lado esquerdo. Parece dormir.  Um homem senta ao meu lado direito carregando uma mochila preta. Ele é branco, gordo e alto. Tem o cabelo liso e grisalho. Veste calça jeans e blusa azul clara. Levanta e sai.  Agora, ao meu lado direito, um banco vazio.  Um homem senta ao meu lado direito carregando uma mochila preta. 

[Escrito em 17 de maio de 2025] Mas ela, tipo assim, operou? Tirou lá os troço? Não sei. Não perguntei. Mas por que você não pergunta? Sei lá. Cara, isso é... anti ético. Não... É feio. Não é... Como é a palavra...? Indelicado. Issao não se pergunta. Por que não? Por que não é importante saber se ela operou ou não. Ela é uma mulher.  Ah, entendi, foi mal então, pô. Imagina, se todo mundo que te encontra na rua, pergunta seu nome, e pergunta qual a sua orientação sexual? É, mas eu sou Felipe e sou gay. Mas é feio perguntar, entende? Indelicado. O nome dela é Eliana, e é só o que precisa saber. Chama ela pelo nome. Com educação, tá? E respeito. Qual deve ter sido o nome dela antes? Ou dele? Cara... Não tem ele, amigo. Prestenção. Eliana. Cabou. Entendeu? Papo reto. Não passa vergonha. É indelicado. Cara, nem vou dar mais papo pá tu. Tá feio demais. Foi mal, mano. Foi mal. É que não entendo. Não. Não é que você não entende. Você é transfóbico. Não é entender. É respeitar mesmo. E assi...

Hoje é segunda-feira. São 16h48. Estou no Espaço Amil saúde Tijuca, sentada na recepção.  Ao meu lado direito, uma poltrona azul vazia. Ao meu lado esquerdo, um corredor por onde as pessoas passam. Na minha frente, um corredor por onde as pessoas passam e uma mulher sentada. Ela é branca e magra. Tem o cabelo castanho, liso e comprido. Usa um casaco estampado. Olha para baixo.  O celular bipa. Notificação da agenda. Pedro José passa ao meu lado esquerdo. Uma mulher passa ao meu lado esquerdo. Uma mulher passa ao meu lado esquerdo. A mulher sentada na minha frente usa óculos de grau de armação vermelha. Guarda algo na bolsa marrom ao seu lado direito. Olha para a frente, para a televisão. O celular bipa. Whatsapp do André. Paulo Antônio passa na minha frente. O celular bipa. Whatsapp do Caio.  A mulher sentada na minha frente olha para o lado, pega algo na bolsa ao seu lado direito. O celular bipa. Whatsapp da Hanna. Um homem passa ao meu lado esquerdo carregando um celula...

Hoje é domingo. São 08h47. Estou na Smart Fit, sentada na bicicleta. Ao meu lado direito, uma bicicleta vazia. Ao meu lado esquerdo, uma bicicleta vazia. Na minha frente, um corredor por onde as pessoas passam. Uma mulher passa na minha frente carregando uma bolsa transpassada e um celular. Ela é branca, magra e alta.  O celular bipa. Whatsapp da Marília. Uma mulher passa na minha frente carregando uma bolsa bege estampada. Ela é branca, gorda e baixa. Tem o cabelo loiro e comprido.  Um homem passa na minha frente carregando um celular. Ele é branco, magro e alto. Tem o cabelo preto e curto. Veste um casaco preto e amarelo da Smart Fit. Usa óculos de grau de armação preta.  Um homem passa na minha frente carregando uma garrafa preta e um celular. Ele é branco, magro e alto. Tem o cabelo preto e curto.  Uma mulher passa na minha frente carregando uma garrafa preta. Ela é branca. Um homem passa na minha frente. Ele é negro, gordo e alto. É careca. Usa óculos de grau. V...

Um homem passa na minha frente carregando uma garrafa. Um homem passa na minha frente carregando um celular. Ele é branco, magro e alto.  Um homem passa na minha frente. Ele é negro. Um homem passa na minha frente. Ele é branco, gordo e alto. Tem o cabelo castanho e curto.  Uma mulher passa na minha frente carregando uma mochila azul marinho. Ela é branca, gorda e alta. Tem o cabelo loiro, liso e preso em um rabo de cavalo.  Hoje é sábado. São 11h14. Estou na Smart Fit, sentada na bicicleta.  Ao meu lado direito, uma bicicleta vazia.  Uma mulher passa na minha frente carregando um celular. Ela é branca, magra e alta. Tem o cabelo preto, comprido e liso.  Ao meu lado esquerdo, uma bicicleta vazia. Na minha frente, um corredor por onde as pessoas passam. Um homem passa na minha frente carregando uma mala preta e um celular. Um homem passa na minha frente. Um homem passa na minha frente. Ele é negro, gordo e alto.  Uma mulher passa na minha frente carrega...

Hoje é sexta-feira. São 11h53. Estou no Exame Radiologia Oral, sentada na recepção.  Ao meu lado direito, uma porta de vidro e um vão por onde as pessoas passam. Ao meu lado esquerdo, uma porta branca fechada e um vão por onde as pessoas passam. Na minha frente, um vão por onde as pessoas passam. A porta ao meu lado esquerdo abre e sai uma senhora e passa na minha frente. Carrega um envelope branco e uma bolsa bege. Ela é branca e magra. - Amor. Faz um agora e faz outro na segunda, por exemplo. Seguro. Leva o celular. Leva o celular. André passa na minha frente. Veste calça jeans, blusa preta e casaco jeans. Calça um tênis preto. Usa aliança de ouro na mão esquerda.  Um homem passa na minha frente e sai na porta de vidro ao meu lado direito. Carrega uma mochila preta.  - Eu já tinha entendido. Tá bom, obrigada, desculpa. Não, é porque assim? Acabou acabou. Tá bom. 

Hoje é quinta-feira. São 12h50. Estou no ônibus 410, sentada. Ao meu lado direito, uma janela fechada. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um homem sentado. Ele é negro e magro. Tem o cabelo preto e curto. Veste uma blusa vermelha. Usa fones de ouvido brancos e sem fio. Olha para fora da janela.  O celular bipa. Google Chat do Gabriel. O homem sentado na minha frente olha para baixo. Ajeita alguma coisa no colo. Se ajeita no banco. Olha para fora da janela. Se ajeita no banco. Segura um celular com capa azul com a mão direita. Se espreguiça. Olha para baixo. Olha para fora da janela. Joga o seu corpo para a frente. Parece pegar algo do chão. Coloca uma mochila azul nas costas. Segura na haste na sua frente. Veste uma bermuda azul. Carrega um celular com a mão direita. Levanta e sai.  Agora, na minha frente, um banco vazio.  O celular bipa. Google Chat do Andre. Bipa novamente. Google Chat da Ana Júlia. 

- Tá bom. Hoje é quarta-feira. São 10h30. - Foi fácil sim. Eu não conhecia e eu vim de Uber.  Estou na Nutrir Bem, sentada na recepção.  Ao meu lado direito, uma mesinha com uma revista em cima. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, um pequeno corredor por onde as pessoas passam. O celular bipa. Direct do André. - Oi, bom dia. Tudo bem? Carina passa na minha frente. - Tudo bem. Carina passa na minha frente. Veste uma calça rosa e blazer rosa. Usa óculos de grau de armação prateada. Calça um sapato alto bege. Usa brincos de argola pequenas douradas.  - Ah, pra tomar depois eu aceito. Eu gosto. É mesmo.  Carina passa na minha frente. - Muito obrigada. Muito. Mas tá um frio, né? Não choveu nada pra mim. Eu moro no Rio Comprido, perto da Tijuca. Eu vim pela Linha Amarela. Não choveu nada pra mim e nem no caminho pra cá.  Carina passa na minha frente. - Tudo bem. Não tem pressa não.  Carina usa o cabelo com rabo de cavalo. E usa brincos nos o...

[Escrito em 17 de maio de 2025] - Falaê minha amiga? Tem um café lá pra nós na moral? (A mulher só sorriu, e passou, carregando um monte de coisas para abrir a sua loja de cabelos, ali no beco da rua Uruguaiana) - Gosto de mulher assim, trabalhadora. (Ela sorriu) - Mó respeito por mulher trabalhadora. Minha mulher é assim também, rala pra caralho. Trabalhadora pra caralho. Mó respeito. (Ela sorriu e balançou a cabeça, equilibrando as caixas e coisas para abrir o portão com a chave) - Minha mulher acha que eu sou comerciante. Eu era, né? Só que comerciante assim, camelô. Aqui na Uruguaiana. Vendia celular. Robado, né?  (Ela quase deu uma gargalhada, mas arregalou o olho e trocou olhar comigo de longe e piscou. Ele não viu). - Mas aí a vida do crime me chamou. Hoje eu sou bandido mermo. Já levei três celular hoje na Uruguaiana. Vale mil real cada um pra mim ali na Uruguaiana. Porque aí revendo, né?  E aí fico aqui, fumando minha maconha, esperando dar perto da hora do almoço, as...

Hoje é domingo. São 10h23. Estou na casa do Nilson, deitada na cama, no quarto de hóspedes. Ao meu lado direito, uma cadeira, com um cobertor e um controle remoto em cima. Ao meu lado esquerdo, dois travesseiros e um cobertor em cima da cama. Na minha frente, duas malas e sacolas no chão. 

Hoje é sábado. São 08h32. Estou no ônibus de viagem, sentada.  Ao meu lado direito, uma janela fechada. Ao meu lado esquerdo, a bolsa do André da PanoPlano e o livro do André "Esquema". Na minha frente, uma poltrona vazia.  André senta ao meu lado esquerdo. Veste calça jeans, blusa bege e casaco preto.