Fábio e o pai

(Escrito em 14 de fevereiro de 2015)

Hoje fui à praia em companhia de mim (e meu livro). Tão raro ir à praia sozinha, prazer que tive na minha adolescência / início da vida adulta, que até estranhei o silêncio da minha companhia na minha casa (praia = casa). 

Muitas vezes, era difícil manter a leitura, com tantas coisas boas a serem apreciadas e vistas e ouvidas, além do meu silêncio.

Eu já o tinha visto. Eu o chamarei de Fábio. Devia ter uns três ou quatro. 

Corria e se divertia, sozinho, sem brinquedos. Como estava longe do mar, o pai deixava. 

Foi quando ele e o pai passaram por mim, em direção ao mar. Sem mãos dadas. Apenas caminhando, lado a lado.

- O que você estava falando com a mamãe, papai?
- Pra ela não tirar a pelezinha.
- A da unha?
- É. Da unha. Você viu?
- Eu já tirei a pelezinha da minha.
- Mas isso machuca, cara.
- Machuca não. Nem saiu sangue. Eu tirei..., a pelezinha da minha unha.
- Eu me lembro, mas sangrou.
- Sangrou? Mas não doeu. Se não, eu lembrava. 

É, Fábio... O que dói, a gente lembra.
E eu também gosto de tirar a pelezinha da minha unha. 

E pude ver os dois, no mar.
Fábio não curtia muito o mar, especialmente hoje, que estava forte. 
Ficou, então, bem na beiradinha do mar, sentado, sentindo a água vindo devagar, vendo o seu pai furando as ondas, cheio de coragem.

Pude ouvir os dois voltando do mar, molhados, falando, agora, sobre a temperatura da água e como a praia é gostosa assim, com este tempinho...

- Será que a pelezinha da unha da mamãe melhorou?
- Não sei, vamos lá ver, filho...

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