Fotografando Gente

Hoje é sábado. São 10:58. Estou no Uber, sentada. Ao meu lado direito, porta e janela fechadas. Ao meu lado esquerdo, Pedro dirigindo. - Ah é. É, que legal. Eu gostei. Isso. Que também é diferente. Exatamente. É. Sim, é um bom vilão. Sim. A gente viu. É um filme bonito. Na forma da água? Ah, tá bom. Muito bom. A Thais tem razão na crítica dela. Eu também. Quem, amor? Não sei. Ah, sei. Ah, não me lembro. Ah, esse a gente não viu também. Três anúncios para um crime. E ela é uma personagem masculinizada, também. Ah é? Não sabia. Que isso, não sabia. Ela é maravilhosa. Sim. Ah sim. É, atiraram. É, foi essa semana. Eita. É. Sim. Pode ter sido erro dela também. Teve amaci. Ah, que legal. Que legal. Hum, também não sei. Isso. Que é a menina dos olhos da Marcia. Isso. Que é minha paciente. Nossa, maravilhoso. Da uma vontade de chorar impressionante. Sim. Ah, não sabia. Que lindo. É, isso eu vi. Refeitos. Como consulente. Que lindo. É. E é lindo. Lindo. É. Fica uma luz azul sobre ...

Hoje é sexta-feira. São 19:23. Estou no Megamatte, sentada à mesa. Ao meu lado direito, um corredor por onde as pessoas passam. Ao meu lado esquerdo, um corredor por onde as pessoas passam. Na minha frente, uma cadeira vazia. Um homem passa ao meu lado direito. É mulato, alto, magro, grisalho e careca. Veste uma calça jeans, blusa social listrada cinza e preto e salto cinza. Carrega uma mochila preta. Está de costas, mas parece ter uns 45 anos. O celular bipa. Notificação da agenda. - Nada! Um homem passa ao meu lado direito carregando uma xícara. Um homem passa ao meu lado direito.

Hoje é quinta-feira. São 12:22. Estou no Infnet, sentada à mesa, na sala SJ206. Ao meu lado direito, um vão. Ao meu lado esquerdo, um quadro branco. Na minha frente, parede. Por aqui, silêncio. - Oi. Pode. Pode já ir começando. Silêncio.

Hoje é quarta-feira. São 09:16. Estou no consultório da dra Maria José, sentada na recepção. Ao meu lado direito, uma cadeira vazia. Ao meu lado esquerdo, um sofá vazio. Na minha frente, um vão por onde as pessoas passam. - Oi! Levanto. Estou sentada no mesmo local agora. O celular bipa. WhatsApp do grupo RHede Atitude. André chegou.

Hoje é segunda-feira. São 15:18. Estou no Infnet, sentada à mesa, no DPED. Ao meu lado direito, parede. Ao meu lado esquerdo, um corredor por onde as pessoas passam. Na minha frente, Joana sentada, trabalhando.  Joana é branca, magra, loira, cabelo comprido e liso, preso em um rabo de cavalo. Agora são 16:05. Estou no mesmo local. Ao meu lado direito, parede. Ao meu lado esquerdo, um corredor por onde as pessoas passam. Na minha frente, uma cadeira vazia. O celular bipa. Whatsapp do Heron.

Hoje é sábado. São 11:36. Estou no consultório Psicologia e Coaching, sentada à mesa. Ao meu lado direito, uma porta aberta. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma cadeira vazia. Por aqui, silêncio.

Hoje é sexta-feira. São 18:54. Estou no Infnet, sentada à mesa, no DPED. Ao meu lado direito, parede. Ao meu lado esquerdo, um corredor por onde as pessoas passam. Na minha frente, uma cadeira vazia. Quilder passa ao meu lado direito. Ele é mulato, alto, gordo, cabelo curto, grisalho, e usa óculos. Veste uma calça jeans preta, uma blusa de malha rosa e um tênis preto. Passa novamente.  O celular bipa. Whatsapp do André. 

Hoje é quinta-feira. São 09:55. Estou no Infnet, sentada à mesa no RH. Ao meu lado direito, Suelen trabalhando. Ao meu lado esquerdo, uma janela fechada. Na minha frente, a mesa do Roberto vazia. Suelen tira o telefone do gancho. Põe o telefone no gancho. - Ah, de repente o menino pode me ajudar, né? O Glelson. - Pode. Suelen tira o telefone do gancho. - Catherine, sou eu a Suelen, tudo bem? Você consegue me transferir pro Glelson, ou me dizer o ramal, por favor? Tá bom, obrigada. É. 8821. Tá. Tá bom. Obrigada. Voltou. Mais tarde eu tento, obrigada. Suelen coloca o telefone no gancho. - Entra. Olá. - Não sei, como eu consigo enviar email, sem ser pelo meu nome, mas pelo rhg? Não pelo suelen.santos. Bati. Você quer mexer? Aonde? rhg. - Traço Infnet. Mas eu não sei a senha também. - Peraí, que eu tenho alguma coisa aqui do rhg. Não tem nenhum? Ah, só digitar? Tipo um e-mail novo? Entendi. Mas vamos lá, que peraí eu já sei o caminho. Configuraç...

​ Hoje é quarta feira. - Jura... Eita... Mas de perigo? Eita... Caramba... Meu Deus... Caramba... Meu Deus... caramba... Isso, do lado de lá. Caramba. Sei. Eita. Sei.  São 20:06. Estou no Uber sentada. - Claro. No asfalto. Tudo parado. Caramba. Eita... Claro! Exato! Caramba. É. Foge ao teu controle. Exato. Não é? Eu imagino. Exato. Sei. Ah, que lindo. Sei. Adoro. Que legal! Ela é excelente! Que linda. Que linda. Eu imagino, que legal! Eu imagino. Porque deixou de trabalhar com elas. Ah, que legal. Sei. Que bacana. Sei. Exato. Exato, é. É mesmo. Tem que ser total limpa. Eu imagino! Sim. Exato, é. Que bacana. Quem. Ah, que lindo. Que legal. Sei. Bem longe. Sei. Sei. Que legal. Que bacana. Isso que eu ia falar. Aqui a esquerda. É mesmo. Claro. Lógico. Sei. Sei. Ofegante. Eita. Para você comer com ela. Que lindo. Que legal. É verdade. Com dignidade né? Que lindo. A filha de quem? Dá Margaret? Eita ferro. Ah sim. O banco da frente né? Ah sim. Deixou ele...

Hoje é segunda feira. São 08:09. Estou no consultório Psicologia e Coaching sentada a mesa. Ao meu lado direito, uma porta aberta. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma cadeira vazia. Por aqui, silêncio. O celular bipa. Email da Posthaus. Volto ao silêncio. O celular bipa. Whatsapp da Rosania e da Elizângela. Volto ao silêncio.

Hoje é sábado. São 11:14. O celular bipa. E-mail que chegou. Estou no consultório Psicologia e Coaching, sentada à mesa. Ao meu lado direito, uma porta aberta. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma cadeira vazia. O celular bipa. E-mail que chegou. Por aqui, silêncio.

Hoje é quinta feira. São 19:44. Estou no táxi, sentada. Ao meu lado direito, porta e janela fechadas. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio. Por aqui, silêncio.

Hoje é quarta-feira. São 19:16h Estou no Infnet, sentada à mesa, no DPED. Ao meu lado direito, um corredor por onde as pessoas passam. Ao meu lado esquerdo, parede. Na minha frente, uma cadeira vazia.

Hoje é quarta feira. São 08:22. Estou no consultório Psicologia e Coaching sentada a mesa. Ao meu lado direito, uma porta aberta. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma cadeira vazia. Por aqui, silêncio. Paciente chegou.

​ Hoje é segunda feira. São 19:59. Estou no consultório Psicologia e Coaching, sentada na cadeira na recepção. Ao meu lado direito, uma porta fechada. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, um corredor por onde as pessoas passam. Por aqui, luzes acesas e silêncio. ​A campainha toca. Paciente que chegou.

Hoje é sábado. São 15:39. Estou na Casa de Caridade Gauisa, sentada.  Ao meu lado direito, um vão por onde as pessoas passam. Ao meu lado esquerdo, um vão por onde as pessoas passam. Na minha frente, uma mesa com minha bolsa, o jornal, livro do André é um cinzeiro sujo. André voltou.

Hoje é quinta feira. São 07:04. Estou no consultório Psicologia e Coaching sentada a mesa. Ao meu lado direito, uma porta aberta. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma cadeira vazia. Por aqui, silêncio.

​ Hoje é quarta feira. São 11:34. Estou na rua Uruguaiana sentada em um banco. Ao meu lado direito, um vão por onde as pessoas passam. Ao meu lado esquerdo, uma mulher sentada. Na minha frente, a calçada por onde as pessoas passam.  Uma mulher passa na minha frente. Um homem passa na minha frente. A mulher sentada ao meu lado levanta e sai. Um homem senta ao meu lado esquerdo. Ele é branco, magro, tem o cabelo castanho. Um homem passa na minha frente. É negro, alto, magro. Um homem passa na minha frente carregando uma bengala. Um homem passa na minha frente carregando uma pasta. Uma mulher passa na minha frente.  Um homem passa na minha frente carregando uma sacola. Uma mulher passa na minha frente. Um homem passa na minha frente. Um homem passa na minha frente carregando uma garrafa. Ele é negro, alto, magro. Tem o cabelo preto. Um homem passa na minha fre...

​ Hoje é segunda feira. São 08:09. Estou no consultório Psicologia e Coaching sentada a mesa. Ao meu lado direito, uma porta aberta. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma cadeira vazia. Por aqui, luzes apagadas e tudo silencioso. Paciente chegou.