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Olavo, Lucília e Pedro

Estávamos nós no metrô, voltando para casa em um domingo de manhã habitual e rotineiro. E, até por isso, delicioso. Pela primeira vez - de muitas - pudemos fotografar, juntos, os personagens que descrevo. Quatro olhos os viram. Quatro mãos os escreveram. Por aqui, no entanto, apenas uma pessoa se manifestará pelo peso da pena. Bom que, também aqui, podemos exercer a unidade que nos domina. A unidade (e o amor) que nos une.  ============================================ Linha 1 - Saens Peña - Cantagalo. Sentamos de frente - mas distantes - para o casal Olavo e Lucília. Um casal de uns 60 e poucos anos. Passava a imagem de um casal feliz. Muito feliz. Ele, treinador de futebol de garotos, garimpador de novos talentos; ela, uma professora de Biologia do Ensino Médio, missionária do saber em um colégio da zona sul do Rio de Janeiro. Por uma época, lecionaram na mesma escola - o Santo Inácio, em Botafogo - e lá se conheceram. Encontravam-se todas as terças-f...

Em observação, no CMNG, parte 2

Hoje é 3ª feira, 15 de julho. São 6h58 e estou no Centro de Medicina Nuclear da Guanabara de Copacabana, aguardando o meu exame de Raio-X. Estou em uma recepção, com várias cadeiras. Ao meu lado direito, a sala de “DAY CLINIC” e a sala de “ULTRA-SONOGRAFIA” (escrito assim) e, entre as duas, uma porta, sem nada escrito. Logo à minha frente, a TV ligada, e um bebedouro. Na frente, também, um corredor, que dá acesso a dois balcões e a outra recepção e as salas dos exames. Sentado na minha frente está um senhor, branco, cabelo castanho. Veste uma calça bege, e uma blusa bege com detalhes em marrom. Está sentado, de braços cruzados, olhando fixa e seriamente para a TV, e tem a cabeça um pouco inclinada. Não consigo ver seu rosto, mas sei que ele olha sério para a televisão. Se ajeita na cadeira, descruza os braços. Tira algo do bolso, olha. Guarda de novo no bolso o que tirou anteriormente. Cruza os braços e as pernas. E, quando cruza as pernas, percebo que está de berm...

Em observação, no Labs Dor

Hoje é dia 13 de junho. São 8h51. Estou no Lab’s Dor, no Centro, aguardando meu exame. É uma recepção grande, com vários ambientes. Na minha frente, uma pequena recepção e mais cadeiras. Mais à frente, um balcão, com água, café e biscoitos. Ao meu lado direito, mais três cadeiras, e a entrada do local (com a porta de vidro, que dá pros elevadores). Ao meu lado esquerdo, os guichês para atendimento. Bem atrás de mim, mais cerca de 30 cadeiras. Bem à minha frente, é um local de passagem das pessoas. Sentado ao meu lado direito, um rapaz com a perna quebrada. É moreno, cabelo preto, curto. Veste uma bermuda florida, uma blusa azul e chinelo. Na minha frente, uma moça, branca, cabelo ruivo, usa bermuda jeans, blusa social de manga comprida, xadrez e chinelo cinza. Um menino passa ao meu lado esquerdo. Usa bermuda beje, blusa vermelha e boné vermelho. Uma senhora passa na minha frente. Uma outra moça passa na minha frente. E outra moça também passa na minha frente. ...

Em observação, no CMNG

PARTE 1 Hoje é dia 20 de junho, 5ª feira, são 8h27. Estou no Centro de Medicina Nuclear da Guanabara, no Centro, aguardando o meu exame. Estou sentada numa recepção, logo à frente (existem muitas cadeiras, talvez umas 50, atrás de mim). Na minha frente, uma pequena mesa com café. E, três portas: uma na minha frente, que parece banheiro; uma do lado esquerdo; e uma do lado direito. A recepção em si (com os guichês) fica ao meu lado direito, mas atrás de mim. Do lado de trás, a porta de entrada do andar. Sentada, ao meu lado direito, tem uma moça também aguardando. Veste calça preta, casaco preto, bolsa preta. ´w branca, magra, baixa. É loira e tem o cabelo liso, comprido. Olha a TV, no jornal da manhã. A moça da limpeza passa e entra na porta da direita. Uma moça sai da porta da direita e entra na porta da esquerda. Ela sai da porta da esquerda e vai para a recepção e, depois, entra na porta da direita. Uma senhora senta ao meu lado. Veste calça verde, casaco preto,...

A menina, a mãe, a avó

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Eu não estava lá; mas nem importa. Nossos contos, a quatro mãos, são sempre fotografados por uma, escritos pela outra. Uma tem olhos; outra, tem dedos. Ambas, têm sintonia e sensibilidade de perceber o outro. =========================================== Estava eu na França, quando vi, ao longe, uma catedral. Não sou católica, nunca fui. Mas as catedrais me encantam. Os vitrais coloridos, que, sob a luz do sol fresco iluminam o interior; a energia do lugar; as pessoas  da cidade que entram, fazem a sua reza, e saem. Toda a atmosfera me encanta neste tipo de ambiente.  Os museus são para serem contemplados; as catedrais, para serem sentidas. E eu gosto mais de sentir do que de ver.  Neste dia, dei sorte. Na catedral, um coral ensaiava. O professor regia a turma - de homens e mulheres, com uma faixa entre 20 e 40 anos -, que, no altar, cantava concentrada, para a apresentação de tarde. Esta não era, portanto, uma apresentação do coral, mas sim um ens...