Em observação, no Uber - 29

- Aceito. Por favor. Muito obrigada. Hortelã, por favor. Tenho horror a morango. Muito obrigada.

Hoje é terça-feira. São 20:20.

Estou no Uber, sentada.

Ao meu lado direito, porta e janela fechadas. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio.

- Ela se jogou da janela do quinto andar. Nada é fácil de entender. Dorme agora... É só o vento lá fora... Quero colo vou fugir de casa posso dormir aqui com vocês? Estou com medo tive pesadelo. Só vou voltar depois das três. Meu filho vai ter nome de santo. Quero o nome mais bonito. É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. Porque se você parar para pensar. Na verdade não há. Me diz porque que o céu é azul. Explica a grande fúria do mundo. São meus filhos que tomam conta de mim. Eu moro com a minha mãe mas meu pai vem me visitar. Eu moro na rua não tenho ninguém. Eu moro em qualquer lugar. Já morei em tanta casa que nem me lembro mais. Eu moro com meus pais. É preciso amar. As pessoas como se não houvesse amanhã. Porque se você parar pra pensar. Na verdade não há. Sou uma gota d’água. Sou um grão de areia. Você me diz que seus pais não me entendem mas você não entende seus pais. Isso é um absurdo. São crianças como você. O que você vai ser quando você crescer?

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