Maria Eduarda
O mar estava forte. A onda vinha até onde estávamos.
Resolvemos, portanto, fazer uma pequena barreira de areia - que de nada adiantou - para que o mar não avançasse nosso obstáculo. O mar continuava vindo.
Veio, com ele, Maria Eduarda, que viu aquele castelo baixo e comprido, e agachou-se, para tocá-lo, recém molhado pela onda rebelde.
- Olha, pai, o castelo!
- Oi...
Ela me olhou, séria. Os olhos, azuis como o céu, igualmente sérios. O cabelo preto, liso, num rabo-de-cavalo desgrenhado. Próprio das crianças que se divertem. Biquíni laranja. Talvez uns 4 anos.
- Como é o seu nome?
- Maria Eduarda - respondeu baixinho, quase incompreensível.
- Você gosta de praia, Maria Eduarda?
- Gosto muito, eu venho sempre aqui. - já estava (quase) minha amiga.
- Jura? Mas eu venho sempre aqui e nunca vi você aqui. Você já me viu aqui antes?
- Eu já. Uma vez eu vi você, mas você estava longe... Mas eu me lembro de você.
Eu já estava apaixonada.
- Pai, me dá a pá roxa?
O pai entregou a pá a menina.
- Mas essa pá é azul, Duda.
- Quando eu digo que a pá é roxa, é porque a pá é roxa. - sábia a menina, sem nem olhar para o pai.
Outra onda veio e destruiu o castelo que ela estava criando, por cima do meu, cuidadosamente.
Soltamos um "ahhhh..." em coro. Maria Eduarda foi com o pai. E eu fiquei desejando ser sua amiga para aprender, com ela, a quando eu disser uma coisa, aquela coisa ser real.
Obrigada, Duda.
Convicção e segurança - benefício que só as crianças temmm <3
ResponderExcluirQuando crescemos, isso se vai....