Em observação, no Criar-se
Estou
numa sala ampla, sentada no chão. Ao meu lado direito, um sofá vermelho vazio.
Ao meu lado esquerdo, mais almofadas no chão (estou sentada sobre uma delas).
Na
minha frente, uma série de almofadas, também, e, em um sofá vermelho, onde uma
moça também aguarda. Ela veste calça jeans, blusa rosa, casaco marrom. É
mulata, alta, um pouco gordinha. Tem o cabelo bem cacheado, preso. Ela lê uma
revista, séria. Tem os pés cruzados, no chão. Ela folheia a revista, séria, sem
tirar os olhos nem fazer contato visual comigo. Funga.
A
campainha toca.
A
moça levanta e vai abrir à porta.
-
Ui, que susto.
-
Ela desceu, né?
-
Você vai lá abrir?
-
Vou.
-
Obrigada.
Ela
levanta e vai até a porta, abrir. Ela retorna e senta no mesmo local.
Outra
moça entra.
-
Bom dia.
-
Bom dia.
-
A gente passa de ônibus, de carro, nem vê, né?
-
A gente olha de cima, é lindo, né?
-
É... lindo.
A
moça que abriu a porta volta a sentar no mesmo sofá e fica lendo a mesma
revista, séria. Ela, agora, fala com alguém no telefone.
A
moça nova que, entrou veste calça beje, blusa preta e casaco jeans. É branca,
magra, e tem cabelos lisos, meio avermelhados. Ela está sentada na minha
frente, numa dessas almofadas.
-
Oi amiga. Tudo bem? Você vem a palestra, não? Ah, achei que fosse te
encontrar... Ah, não, eu consegui lá alguém pra me escalar. A Bete já está
aqui. Não, ainda não. Começa às 10h. Eu cheguei 9h10, 9h15. Mas o pessoal tá
chegando, devagar. Depois eu te conto. O Elton conta. Tá bom, amiga. Beijo,
tchau.
Entrou
um rapaz, também e sentou na minha frente.
A
professora chegou, vou fechar aqui.
Comentários
Postar um comentário