Em observação, no INap
Hoje
é quinta-feira. São 10h21. Estou no INap, no Flamengo.
Estou
na sala onde vai ocorrer a palestra. Junto comigo, mais dois senhores e o
palestrante. Ninguém ao meu lado direito nem ao meu lado esquerdo. Estou na
primeira cadeira, na extrema esquerda da sala.
Duas
cadeiras ao meu lado direito e, na terceira, um rapaz de cerca de 35 anos. Usa
terno (sem gravata) azul marinho e parece ser advogado, pois carrega, com ele,
vários processos. É alto, gordinho, cabelo grisalho. Os processos e duas
agendas sobre seu colo. Lê um papel.
O
palestrante pausa na minha frente e sai da sala.
O
advogado observa ele, sem pausar.
O
palestrante passa na minha frente, liga o ar. Usa jeans, blusa social listrada,
sapatênis marrom. É branco, baixo, grisalho, meio careca. Saiu da sala.
O
advogado coça o rosto. Ajeita os processos no seu colo. Ajeita seu terno. Olha
para o lado. Pousa as mãos sobre o processo. Limpa seu terno, ajeita a blusa
por dentro. Olha para mim.
O
palestrante entra na sala de palestras novamente e pousa na minha frente.
Escreve no flip-chart: MÁRIO JORGE e, embaixo, mariojor@hotmail.com.
Mexe
em algumas coisas na mesa à frente. Olha para a apresentação, à sua frente. Sai
da sala.
Aqui,
estamos todos bastante silenciosos.
O
advogado, ao meu lado, coça o rosto. Mexe no relógio. Batuca um pouco os pés no
chão. Olha para mim. olha para o canto da sala. Mexe no conteúdo da sua agenda.
Olha para a frente, para o vazio. Olha para o lado, para o vazio. Batuca os pés
no chão.
Uma
senhora entra na sala.
-
Bom dia.
-
Bom dia.
-
Bom dia.
O
advogado olha para mim. Coça a orelha. Olha para o vazio, a sua frente. Pousa
as mãos sobre os processos, no seu colo. Olha para mim. Olha para os lados.
Olha para a frente. Ajeita o seu terno, olha as horas.
Vou
desligar, a palestra vai iniciar.
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