Em observação, no Ale Coiffeur
Hoje é sábado, são 10h10.
Estou no salão Ale Coiffeur, em Copacabana,
sentada na cadeira, esperando a Ana, manicure.
Ao meu lado direito, uma cadeira vazia; ao
meu lado esquerdo, outra cadeira vazia. Na minha frente, a cadeira da Ana,
vazia.
Por aqui, barulho das pessoas conversando e
do secador de cabelo do Tony.
A Ana passa na minha frente. Caio passa na
minha frente.
Damiana passa na minha frente. Lídia passa
na minha frente.
(...)
Agora são 10h47. Estou no mesmo local.
A Ana, na minha frente, faz a minha unha do meu pé, em silêncio.
Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Ao
meu lado direito, uma senhora está sentada. É branca, baixa, magra. Veste bermuda
jeans, blusa rosa, chinelo preto. Tem o cabelo liso, curto, castanho escuro. Pinta
a unha da mão, de vermelho.
- Não, obrigada.
Ela levanta-se.
- É.
Ela levanta e senta novamente. Atende o
celular.
- Oi. Tudo bom. É. Ah... Então tá. Tá bom. Tá.
Obrigada. Dá um beijo nela aí. Tchau.
Ela desliga o celular. Levanta-se e sai.
Agora, ninguém ao meu lado direito e nem ao
meu lado esquerdo.
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