Luiz Fernando e Leonardo
Estava eu vindo para o consultório, no
Centro. Era esquina de Santa Luzia com México. Quase em frente ao Consulado
Americano. Ali, em frente ao Banco Itaú, uma barraquinha de água de coco. Aquelas
tradicionais, amarela e verde, onde o vendedor coloca o coco de cabeça para
baixo, e extrai a água do coco e, em seguida, serve o cliente em um copo ou
garrafinha.
Eu vinha andando pela mesma calçada do
vendedor de coco – o Luiz Fernando -, quando vi Leonardo, o cliente, chegando
junto. Ambos já se conheciam. Leonardo trabalhava ali perto, no SENAC, e ali
era ponto de Luiz Fernando há alguns anos.
- Fala Luiz, tudo bem, cara?
- Tudo bom, seu Leonardo. E o senhor? Muito
trabalho?
- É, um pouco. Final de mês é mais pesado. E
aí, quente, tá brabo esse tempo, né não, irmão?
- É mesmo, tá demais. Até na sombra tá
quente.
- E esse coco aí? Geladinho? Docinho?
- Acho que sim. Fica no gelo, né?
- “Acho que sim”? Tu não toma do coco não,
rapá?
- Tomo não, seu Leonardo. Se tomar, paga,
né? Eu sou só o vendedor, não sou patrão. Tudo contado, os coco tudo. Um coco
até que caía bem, mas o moço ali me dá água da bica, aqui na garrafinha mesmo.
- Entendi.
Consegui ver Leonardo em três segundos de
silêncio.
- Me vê dois cocos hoje.
- Dois? De 300 ou de 500?
- Um de 300 e um de 500.
- Dá 7 reais. Um pra viagem?
Leonardo titubeou.
- Sim. O de 500 pra viagem.
Leonardo tirou R$ 10 do bolso, pagou o coco,
Luiz Fernando deu o troco (três moedas de um real), entregou o coco de 300ml, e
ficou embalando o coco de 500 ml, na garrafinha. Entregou a Leonardo, dentro do
saco plástico.
Leonardo tirou do saco plástico, com uma
tranquilidade espantosa, e entregou a garrafinha pra Luiz Fernando.
- Toma, esse é teu.
E seguiu teu caminho.
- Que isso, rapá? Que isso, irmão?????
- Hoje tem água da bica não, Luiz. Hoje o
coco é seu!
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