Em observação, na Cortrel - 4
Hoje é segunda-feira. São 12h35.
Estou na CORTREL, no Leblon, na recepção.
Ao meu lado direito, uma cadeira vazia. Ao meu lado
esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma mulher. Ela é branca, magra,
alta. Tem o cabelo loiro, liso. Usa óculos. Usa um vestido, longo, estampado,
uma sandália bege, uma bolsa marrom, sobre o colo. Mexe em papéis dentro da
bolsa. Ela levanta e senta ao meu lado esquerdo.
- Ah, é? É...
Continua mexendo nos papéis, dentro da bolsa.
- Eu vou aqui na farmácia, vou aqui na Vivo aqui em frente.
Eu queria ir com você no cantinho do Leblon.a gente tem que marcar a ressonância.
A gente tem que ir no DETRAN. Tem que ir com você. Não, diz que você chegou
aqui e foi roubado. Inventa outra coisa. Tem. Praia. Ir à praia.
Ela se coça e conversa com um homem, ao seu lado.
- É, tem que ir. Identidade. É. Identidade. Entrevista... E
a sua carteira. É. Então vamos, né?
Ela levanta-se e sai.
Agora, ninguém ao meu lado direito, nem esquerdo, nem na
minha frente.
Um homem senta na minha frente. É branco, alto, magro,
cabelo grisalho. Veste uma bermuda jeans, blusa preta, estampada, chinelo
havaianas, óculos escuros preso na blusa e mexe em um celular, iPhone.
Meu celular bipa algumas vezes. Mensagens de whatsapp.
O homem olha para trás, levanta e sai.
Agora, ninguém ao meu lado direito, nem esquerdo, nem na
minha frente.
Meu celular bipa algumas vezes. Mensagens de whatsapp.
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