Sobre a violência
(Escrito em 04 de abril de 2016)
Centro do Rio, obras do VLT, Largo da Carioca.
Dia útil, perto de 13:00h
Estava indo almoçar com meu noivo, quando começamos a ouvir uma gritaria, vindo, ali, do nosso lado esquerdo.
- Pega ladrão, pega, pega, pega!!!
Um homem corria, portando alguma coisa que não era dele. Eu conseguia ver os saltos que ele dava por cima das pessoas, rumo a algum lugar, que não bem ali.
Se não fosse um assaltante, ou uma cena de medo, diria ver um bailarino, ou um esportista pulando obstáculos. Suas pernas e braços dançavam. Seu corpo magro gingava. E seu olhar - consegui ver - era de medo.
Ali, naquele vão para entrar no metrô, consegui ver que um homem conseguiu paralisá-lo. A dança parou. O olhar de medo intensificou.
Aglomerou gente em volta. A gritaria continuou. Piorou. Gente achando que o homem devia ser linchado, espancado, estapeado.
O homem que o conseguiu paralisar era um terno-e-gravata-de-advogado. Jovem. Devia ter a minha idade. E este homem, segurando um assaltante, com as mãos e o olhar, dizia "ninguém vai bater nele".
E, sozinho, defendeu, com a lei, aquele tantos outros homens e mulheres (seres humanos?) queria linxar.
Consegui ouvir um senhor de idade passando dizendo que o rapaz imobilizado - que também era assaltante - devia receber pancadas até morrer. Que bandido bom é bandido morto.
Eu não quero entrar em discussões políticas, ou éticas, ou morais, ou religiosas. Quero entrar em questões humanas.
Que raiva é esta do mundo?
Que desejo é este de que "levou o que é meu morra porque sou melhor do que você".
Que comoção social é esta por ver o bandido - que, antes de bandido é um ser humano - morto?
Que lei-humana é esta?
Pena de morte para quem assalta?
Vamos todos matar, porque, matando, acabaremos com a violência?
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