Em observação, no ônibus - 263

Hoje é quarta-feira. São 10h25.

Estou no ônibus 415, sentada.

Ao meu lado direito, uma janela aberta. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um homem sentado. Ele é negro e gordo. Tem o cabelo preto e curto. Veste uma blusa de malha cinza. Usa brincos prata de argola com uma cruz. Um brinco com uma cruz em cada orelha. E um piercing na orelha direita. Olha para fora da janela.

O celular bipa. WhatsApp da Márcia.

O homem sentado na minha frente olha para fora da janela. Coça a orelha. Tem um piercing na sobrancelha. Coça a orelha. Olha para fora da janela. Pega algo do chão. Pega o celular. Olha o Instagram. Pega algo do chão. Pega o celular e olha o Instagram.

O celular bipa. Workchat do Eduardo.

O homem sentado na minha frente está com a cabeça baixa mexendo no celular. Coloca o celular na orelha. Tira. Mexe no celular. Coça a cabeça. Mexe no celular. Olha para fora da janela. Mexe no celular. Coça a cabeça. Olha para fora da janela. Mexe no celular. Olha para fora da janela. Coça o rosto. Olha para fora da janela. Fala com a mulher que senta ao seu lado esquerdo. Olha para fora da janela.

Uma mulher senta ao meu lado esquerdo.

Levanta e sai.

Agora, na minha frente, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio.

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