Todo mundo dorme igual

Eu gosto de fotografar pessoas. Seja na câmera do celular, seja apenas no olhar.

E se tem uma cena em que meus olhos param, se chocam e me emociona muito são pessoas em situação de rua.

Primeiro a invisibilidade dessa gente. E quanta gente... As pessoas na rua passam - quase por cima das outras - sem nem ver que ali vive alguém. Seja no seu papelão, no cobertor, no jornal, no plástico, ou no asfalto mesmo.

Alguns têm cachorros, pertences, e outros possuem só o seu corpo. Invisível, mas seu.

Hoje eu estava indo pra academia. Como todos os domingos às 08h da manhã.

Choveu muito na noite anterior e as calçadas estavam molhadas. De manhã, andando na rua, garoava um pouco.

As pessoas em situação de rua, próximo à minha casa, estavam cobertas com plásticos ou com cobertores molhados, pois encostavam no chão, igualmente molhado.

E uma coisa que pude notar - não pela primeira vez - mas hoje mais atenta é que eles dormem igual a mim e a você. De lado, de bruços, com as mãos entre as pernas, embaixo da cabeça, os casais de conchinha, encolhidos ou espalhados. O dormir torna todo mundo igual.

Lembro do Padre Julio Lancelloti, de quem sou muito fã, que luta por dignidade e visibilidade a esta população. Não só por comida, afeto, mas por lugar onde dormir, onde pousar fora do frio. Onde possa ter uma cama, uma coberta, um teto. Um abrigo. Não institucionalizado. Mas abrigo enquanto afeto. Enquanto abrigar num lugar de acolhimento. Lugar quente tal como abraço.



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