Fotografando Gente

O dia começou cedo, levantando às 6h20. E a noite foi difícil. Dei plantão de 8h às 12h no Leblon. Depois, PUC. Só depois, Smart Fit.  Apesar de sair de casa às 7h15, cheguei na academia às 13h50. E o esquema foi trabalhar de mochila com tudo de habitual (computador, carregador, dois livros, e todos os etc. de mulher) + roupa + meia + tênis. Ou seja: eita que mochila grande! Me troquei no Espaço da Mulher, antes de sair do plantão. E fui pra PUC-lugar-de-patricinhas-de-botas-de-couro de legging, camiseta, casaco e tênis.  Cheguei na cadimia e tava mais vazia que de manhã. Eu sabia que não ia fazer musculação. Sabe aqueles dias xoxos? Que chove e faz frio fora e dentro? Pois é.  Além do quê, o Thiago (meu professor) está lá de 7h às 12h (horário que eu vou preferir malhar), e eu ainda não decorei aparelhos, movimentos, etc.  Eu tava com a camiseta + uma blusa de manga comprida + o casaco. Tirei tudo e fiquei só...

Quarta-feira. Chegamos ao dia 2, viva.  O planejamento era malhar às 7h e pouco, mas só consegui chegar na SF às 8h30. Antes de sair, pensei: penteia o cabelo, Luana. E eu penteei. Deus deu o bom senso neste dia de sol. Mas o diabo mandou o vento. Com vontade. E força. Resultado: cheguei despenteada. Anotar: não pentear mais o cabelo . - Oi professor, amado. - Oi Lu. Bom dia. Beijo, abraço. E ele estava ocupado com uma aluna. - Aquece lá embaixo, na bicicleta, que eu já pego você, ok? Ok. Eu desci, fui pra bicicleta. Consegui fazer 10 km em 20 minutos. Achei uma km / tempo bom. Eu ia até tirar uma foto durante este processo, mas, não deu. O celular é velho, lento, e o negócio apagou todo quando consegui. Acreditem em mim. Vale dizer que, quando a bicicleta estava em três minutos eu já tava morrendo de suar, mas aguentei até os 20 min. O professor querido chegou pra me pegar aos 17 minutos (da bicicleta). - Vai até os 20, e nos 20 a gente...

Hoje é quinta-feira. São 8h45. Estou no Espaço da Mulher, sentada à mesa. Na minha frente, duas cadeiras vazias. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira com minha mochila em cima. Ao meu lado direito, uma mesa com cadeiras vazias. Por aqui, tudo aceso e silencioso. O celular bipa. E-mail de candidato que chegou. Volto ao silêncio.

Terça-feira, 9h e pouco.  Um dia de sol, gostosinho.  Já tinha feito a inscrição na véspera, à noite. Ganhei a blusa da academia e fui, estilo "uniformizada". Cheguei na recepção. - Oi, bom dia. Eu me inscrevi ontem e queria fazer a minha série com o professor. Você pode me dizer quem é? - Leonardo ou Thiago, lá em cima, de casaco laranja. - Ah, legal, obrigada. Subi e avistei o Thiago. - Oi, bom dia. Ele era simpático, apertou a mão, e deu um beijo e meio abraço. - Você é quem? - Luana. - Então, Thiago, eu já fui aluna da Smart Fit e estou voltando hoje, depois de anos. Eu perdi bastante peso e queria fazer musculação, pra... pã, né?  - Você tem alguma restrição? - Dor nos quadris, que acho que é muscular só. E os dois joelhos operados, há muitos anos atrás. - Você vai malhar quantas vezes por semana? - De três a quatro vezes. - E você quer fazer o quê? - Tudo. Braço, perna, coxa, barriga.  - L...

Hoje é quarta-feira. São 10h36. Estou n’As Claras, no Shopping Itanhangá, na Barra. Estou sentada em uma mesa. Na minha frente, uma cadeira vazia. No meu lado esquerdo, um canteiro com plantas e flores. Ao meu lado direito, um corredor por onde as pessoas passam. Dois homens conversam, de pé, ao meu lado direito. Um deles é branco, baixo, magro, e usa óculos e touca na cabeça. Veste calça jeans, blusa polo amarela e Crocks preto. O outro é mulato, alto, magro, calvo. Veste uma calça jeans, blusa social azul, usa óculos. Calça um sapato social marrom e usa óculos. Tem um celular Nokia na mão esquerda. Eles saem. Uma mulher passa. É mulata, magra, baixa. Tem o cabelo castanho, preso num coque. Uma mulher e uma criança passam. - Sem correr, dá a mão. Uma mulher passa. Uma mulher passa. É mulata, magra, baixa. Tem o cabelo castanho, encaracolado, preso num rabo de cavalo. Veste uma calça preta, blusa social azul e sapato social preto. Um homem passa. É bran...

Hoje é segunda-feira. São 17h40. Estou no escritório do pai, sentada à mesa dele. Na minha frente, duas poltronas vazias. Ao meu lado direito, uma mesa cheia de coisas em cima. Ao meu lado esquerdo, móveis com muitas coisas em cima. O celular bipa. Whatsapp do Bernardo. Por aqui, tudo aceso e silencioso. 

Eles não me viram. Raramente eles me vêem. Era de madrugada, cerca de 2h da manhã. Tijuca, Praça da Bandeira, por ali. Eles passavam, de mãos dadas. Adriana, de vestido. Renan, de calça e blusa social. Ambos de mochila. Não sei bem pra onde eles estavam indo. Talvez para casa.  Conversavam, falando baixo. A hora não permitia conversas em voz alta. E eles respeitavam o silêncio e a escuridão. Em uma mureta baixa, Adriana viu, atrás da grade, dois gatos. Pareciam dois machos. Um maior, amarelo; um menor (filhote), branco e preto. - Oi gato... E deu uma mini trava no andar, para fazer carinho no gato. Chegou a aproximar a mão, para que ele - o filhote - cheirasse ela, antes do carinho.  - Adri... olha a hora... vamos embora? Ela foi. Queria ter chamegado o gato, feito um carinho, sentido o pêlo. Mas era tarde. Um lugar deserto, silencioso e escuro. Renan tinha razão. Continuaram andando. O gato, filhote, no entanto, veio atrás. Adriana e R...

Hoje é quinta-feira. São 8h41. Estou no Espaço da Mulher, sentada em uma mesa. Na minha frente, duas cadeiras vazias. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira com minha mochila em cima. Ao meu lado direito, uma cadeira vazia. Por aqui, tudo aceso e silencioso. Batem na porta. Atendo uma senhora. - Bom dia, posso ajudar a senhora? Ah, legal, e a senhora tá dando um passeio? Nós somos o Espaço da Mulher, temos uma série de eventos, de cursos, palestras, eventos. É o brechó, pra venda. Aceitamos sim. Não, infelizmente. Isso mesmo, pra manter o Espaço. Leva o meu cartão. Eu mesma. Prazer, dona Fátima. Tchau, por nada. Fátima vai embora. - Bom dia. Posso ajudar a senhora? Bom que hoje a senhora passou e está aberto. Temos sim. Hoje não. Talvez só agosto. Vou lhe dar meu cartão pra senhora, que aí a senhora me manda um e-mail e eu mando sempre a programação para a senhora. Legal. Eu mesma. Entendi. Eu estou aqui todas as quintas-feiras, de 8h às 12h. Quando a senhora quiser...

Hoje é quarta-feira. São 14h. Estou no Núcleo Fogo Sagrado, em Copacabana, aguardando ser atendida para a reunião. Na minha frente, um banco vazio. Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, um suporte para revistas. Bem a minha frente, um corredor por onde as pessoas passam. E há, também, um balcão, com uma recepcionista do lado de dentro. O balcão é alto e não consigo vê-la. A Kátia passa na minha frente, carregando um notebook. Ela é branca, baixa, magra. Passa novamente na minha frente. - Oi. - Oi. Uma mulher passa na minha frente e me cumprimenta. É branca, baixa, magra. Cabelo liso, comprido, meio loiro. Veste uma calça preta, blusa estampada, de manga comprida e meias cinza. - Diga. Ela passa novamente na minha frente. - Essa aqui é pra mim? Que data que eu coloquei aí? Obrigada. Ela passa novamente na minha frente. Tatiana passa na minha frente. Ela é branca, baixa, magra, cabelo liso, comprido, loiro. - Oi, tudo bem?...

Hoje é segunda-feira. São 17h40. Estou no escritório do pai, sentada à mesa dele. Na minha frente, duas poltronas vazias. Ao meu lado direito, uma mesa cheia de coisas em cima. Ao meu lado esquerdo, móveis com muitas coisas em cima. O celular bipa. Whatsapp do Bernardo. Por aqui, tudo aceso e silencioso.