Tudo doía nela
(Escrito em 30 de julho de 2022)
Eu estava entrando no metrô, quando vi uma moça sentada.
O vagão, era daqueles modelos antigos, com bancos de dois lugares, um na frente do outro.
Uma moça estava sentada na beirada do banco, na direção do corredor. A pessoa que estava sentada na janela saltou e ela se arrastou para sentar próximo a janela.
Descobri que um senhor, sentado próximo a ela, estava com ela, pois tentava dialogar com ela. Ambos sussurravam. Ela, mais ainda.
Uma moça estava sentada na beirada do banco, na direção do corredor. A pessoa que estava sentada na janela saltou e ela se arrastou para sentar próximo a janela.
Descobri que um senhor, sentado próximo a ela, estava com ela, pois tentava dialogar com ela. Ambos sussurravam. Ela, mais ainda.
Eu sentei ao seu lado, no banco do corredor e não pude ouvir o som da sua voz. Não sabia se era grave, aguda, impaciente ou amorosa. Ela apenas sussurrava e respondia, com monossílabos, o que o senhor perguntava.
Ela sentia dor. Além das físicas, também as emocionais.
Olhei bem pra ela, tentando encontrar os olhos, que fugiam de mim e disse: "posso te ajudar?"
Ela fez que não com a cabeça e não emitiu som. Sequer olhou pra mim. Os olhos, voltados para baixo, e na direção da janela do vagão, olhando pro escuro preto. Aquele preto absoluto do lado de fora dos túneis do metrô. Bem parecidos com o lado de dentro dela.
Chegou a hora de ela - e o senhor que a acompanhava - saltarem. Ele se levantou. Não a ajudou a levantar. Ela, bem vagarosamente, levantou e andou em direção à porta do metrô.
Não tinha pressa. Não tinha forças. Não tinha vida.
Tudo nela doía. Dentro e fora.
Não pude - em nenhum momento - encontrar o seu olhar. Mas, pelo corpo, tudo nela era dor e sofrimento.
Ela sentia dor. Além das físicas, também as emocionais.
Olhei bem pra ela, tentando encontrar os olhos, que fugiam de mim e disse: "posso te ajudar?"
Ela fez que não com a cabeça e não emitiu som. Sequer olhou pra mim. Os olhos, voltados para baixo, e na direção da janela do vagão, olhando pro escuro preto. Aquele preto absoluto do lado de fora dos túneis do metrô. Bem parecidos com o lado de dentro dela.
Chegou a hora de ela - e o senhor que a acompanhava - saltarem. Ele se levantou. Não a ajudou a levantar. Ela, bem vagarosamente, levantou e andou em direção à porta do metrô.
Não tinha pressa. Não tinha forças. Não tinha vida.
Tudo nela doía. Dentro e fora.
Não pude - em nenhum momento - encontrar o seu olhar. Mas, pelo corpo, tudo nela era dor e sofrimento.
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