Em observação, no trabalho do André - 4

Hoje é quinta-feira. São 17h24.

Estou no trabalho do André, esperando por ele, na recepção.

Por aqui, portas fechadas. Luz acesa. Ar condicionado e servidor ligados.

Atrás do balcão, um rapaz trabalha, que consigo ver apenas a careca e os olhos.

Uma senhora sai do banheiro e pousa um balde ao meu lado. Ela é negra, baixa, magra, tem o cabelo preto. Veste uma calça jeans, blusa estampada e chinelo branco. Entra no banheiro. Sai do banheiro, troca o balde de local e coloca um desentupidor no chão. Entra no banheiro. Sai do banheiro e pega utensílios dentro do balde. Deixa um pano dentro do balde e entra novamente no banheiro. A porta deste permanece aberta. Ela coloca um pote dentro de um balde e volta para dentro do banheiro. Pega um pano de dentro de um balde e entra no banheiro novamente. Ela sai do banheiro, ajeita o lixo, pega algo dentro do balde, entra no banheiro, coloca novamente algo dentro do balde e entra no banheiro novamente. Ela sai do banheiro, passa a vassoura com o pano na porta, tira o pano da vassoura, torce-o. Pega a lata de lixo e o balde, passa na minha frente e entra na sala, fechando a porta atrás de si.

Agora, estou sozinha na recepção, apenas com o rapaz dentro do balcão.

Tudo silencioso, exceto pelo barulho do ar condicionado e do servidor.

Ao meu lado esquerdo, uma vassoura está pousada.

A senhora passa na recepção novamente carregando o lixo e entra no banheiro. Sai, pega a vassoura. Passa na minha frente carregando a vassoura. Fecha a porta do banheiro atrás de si, e a porta que dá acesso às salas.

Volto a ficar sozinha, apenas com o barulho do ar condicionado e do servidor.

O rapaz atrás do balcão pega uma mochila e levanta-se. É branco, careca, gordinho, veste uma blusa social listrada. Sai e fecha a porta atrás de si. Abre a outra porta, passa na minha frente e entra no banheiro. Sua mochila está pousada no balcão.

A porta do banheiro está fechada e a que dá acesso as salas está aberta. Tudo silencioso por aqui, apenas com o barulho do ar condicionado e dos servidores.

Ele sai do banheiro e fecha a porta atrás de si. Vejo que veste, também, uma calça preta e sapato social preto. Entra na sala e deixa a porta aberta atrás de si.

Volto a ficar sozinha aqui, com tudo silencioso, apenas com o barulho do ar condicionado e dos servidores.

Um senhor passa por mim na recepção. É baixo, mulato, magro. Careca, usa óculos. Usa uma calça social, cinza, blusa social branca, com gravata, e sapato social preto.

- Boa tarde.

- Boa tarde.

- Tudo bem?

- Tudo bem, e o senhor?

- Tudo na paz.

Ele entra no banheiro.

O rapaz da recepção volta para a recepção, pega a sua mochila.

- Tchau.

- Tchau.

Ele sai e fecha a porta de vidro atrás de si.

André vem a recepção e entrega meu celular. Pego.

- Obrigada, amor.

Ele entra na sala novamente.

O senhor sai do banheiro, passa por mim e entra na sala. Deixa a porta aberta.

Permaneço, agora, sozinha, com tudo silencioso.

- Vamos, amor?

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