Quatro crianças
O cenário era o Teatro Odylo Filho, da UERJ. Mais alguns minutos ia começar Carmina Burana.
Eu e André chegamos cedo, e portanto, conseguimos um lugar razoável, no Teatro que, bem antes que começasse o espetáculo, já estava praticamente lotado.
Ao nosso lado, chegaram um casal, com três crianças. Três meninas. O casal sentou no mais distante de nós e as crianças, então, ficaram bem perto.
Pude notar, também, um pequeno sozinho (literalmente) com a sua mãe, na nossa frente. Ela, no smartphone, conversava - e ria, e sorria, e ficava séria, e gargalhava - no whatsapp, enquanto ainda permitia som. Incrível foi que, ainda que o espetáculo tenha iniciado, a moça não saía do whatsapp.
Antes, durante e após o espetáculo o pequeno estava sedento por atenção, por dividir seu mundinho. A espera insossa por um espetáculo nunca passa rápido. E, um espetáculo para adultos, menos ainda.
As meninas, ao meu lado, conversavam - baixinho - desenhavam e tinham alguém para interagir. O pequeno, tinha (tinha?) apenas a mãe, ao seu lado.
Tive vontade de comer um chiclete. De tutti-frutti. Daqueles com líquido dentro. Dos quais eu compro a cada 10 e deixo na mochila.
Não me contive e, ainda que o namorado não tenha dito "sim" nem "não", ofereci o chiclete para as pequenas, ao meu lado. O casal adulto (que, descobri, não eram pais), no outro extremo, foi meu alvo.
- Meninas, vocês querem chiclete?
- Sim!!!!!
- Elas comem chiclete, senhora?
- Você pode comer chiclete, Mariana? Sua mãe deixa?
Mariana fez que sim, com a cabeça. Aquilo era quase um "não aceite" para a pequena, que não era dela. Mariana aceitou. Eu não me intimidei.
- E você, pequeno? Quer um chiclete? É de tutti-frutti! - tentando parecer atraente.
- Ele já comeu chiclete, obrigada!
A mãe respondia, pelo filho, sem olhar para ele nem para mim.
Ele me olhou de volta, não sei se sedento por um chiclete, ou por um bate-papo. Mas a mãe tinha dito "não" e ele virou-se, de novo, para a frente. Esperava o espetáculo começar, sozinho.
O espetáculo, enfim, começou. O pequeno, em determinados momentos, regia, animadamente, junto com o maestro. Em silêncio, diga-se de passagem. Era a forma dele se divertir. De achar bom. De fazer, daquilo, também, um espetáculo infantil, para ele.
As pequenas, por estarem em grupo, comiam chiclete e desenhavam.
E eu, ou-via o espetáculo ou-bservava as crianças.
O pequeno sacou uma bala da sua mochila. Não perguntou à mãe. Virou-se para trás e, ainda que não pudéssemos ouvir o som da sua voz...
- Quer uma bala? É de morango! - ele tentava parecer atraente (e educado).
- Não, obrigada. - as três pequenas responderam. Ainda tinham o chiclete na boca.
Ele olhou para mim, estendeu o pacote de bala de morango, e sorriu. Não precisou dizer nada.
Eu aceitei. Ainda que eu não goste de morango. Eu gostei dele - e do seu carinho. Ele merecia receber um "sim".
Eu e André chegamos cedo, e portanto, conseguimos um lugar razoável, no Teatro que, bem antes que começasse o espetáculo, já estava praticamente lotado.
Ao nosso lado, chegaram um casal, com três crianças. Três meninas. O casal sentou no mais distante de nós e as crianças, então, ficaram bem perto.
Pude notar, também, um pequeno sozinho (literalmente) com a sua mãe, na nossa frente. Ela, no smartphone, conversava - e ria, e sorria, e ficava séria, e gargalhava - no whatsapp, enquanto ainda permitia som. Incrível foi que, ainda que o espetáculo tenha iniciado, a moça não saía do whatsapp.
Antes, durante e após o espetáculo o pequeno estava sedento por atenção, por dividir seu mundinho. A espera insossa por um espetáculo nunca passa rápido. E, um espetáculo para adultos, menos ainda.
As meninas, ao meu lado, conversavam - baixinho - desenhavam e tinham alguém para interagir. O pequeno, tinha (tinha?) apenas a mãe, ao seu lado.
Tive vontade de comer um chiclete. De tutti-frutti. Daqueles com líquido dentro. Dos quais eu compro a cada 10 e deixo na mochila.
Não me contive e, ainda que o namorado não tenha dito "sim" nem "não", ofereci o chiclete para as pequenas, ao meu lado. O casal adulto (que, descobri, não eram pais), no outro extremo, foi meu alvo.
- Meninas, vocês querem chiclete?
- Sim!!!!!
- Elas comem chiclete, senhora?
- Você pode comer chiclete, Mariana? Sua mãe deixa?
Mariana fez que sim, com a cabeça. Aquilo era quase um "não aceite" para a pequena, que não era dela. Mariana aceitou. Eu não me intimidei.
- E você, pequeno? Quer um chiclete? É de tutti-frutti! - tentando parecer atraente.
- Ele já comeu chiclete, obrigada!
A mãe respondia, pelo filho, sem olhar para ele nem para mim.
Ele me olhou de volta, não sei se sedento por um chiclete, ou por um bate-papo. Mas a mãe tinha dito "não" e ele virou-se, de novo, para a frente. Esperava o espetáculo começar, sozinho.
O espetáculo, enfim, começou. O pequeno, em determinados momentos, regia, animadamente, junto com o maestro. Em silêncio, diga-se de passagem. Era a forma dele se divertir. De achar bom. De fazer, daquilo, também, um espetáculo infantil, para ele.
As pequenas, por estarem em grupo, comiam chiclete e desenhavam.
E eu, ou-via o espetáculo ou-bservava as crianças.
O pequeno sacou uma bala da sua mochila. Não perguntou à mãe. Virou-se para trás e, ainda que não pudéssemos ouvir o som da sua voz...
- Quer uma bala? É de morango! - ele tentava parecer atraente (e educado).
- Não, obrigada. - as três pequenas responderam. Ainda tinham o chiclete na boca.
Ele olhou para mim, estendeu o pacote de bala de morango, e sorriu. Não precisou dizer nada.
Eu aceitei. Ainda que eu não goste de morango. Eu gostei dele - e do seu carinho. Ele merecia receber um "sim".
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