Em observação, no ônibus - 316
Hoje é sábado. São 06h24.
Estou no ônibus 220, sentada.
Ao meu lado direito, uma janela fechada. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, uma mulher sentada. Ela é negra e gorda. Tem o cabelo curto, liso, preso em um rabo de cavalo com um elástico preto. Veste uma blusa azul marinho e carrega uma mochila preta no ombro esquerdo. Olha para fora da janela. Tem os olhos pretos. Pega o celular e manda um áudio para alguém. Digita no celular. Olha para fora da janela. Coça a cabeça com a mão esquerda. Olha para fora da janela. Olha para baixo. Olha para frente. Olha para baixo. Olha para frente. Olha para fora da janela. Olha para baixo. Olha para a frente. Olha para fora da janela. Boceja. Olha para frente. Olha para baixo. Rói unha. Olha para fora da janela.
O celular bipa. Notificação da agenda.
A mulher sentada na minha frente olha para frente. Coça o olho. Coça o outro olho. Olha para fora da janela. Olha para frente. Olha para fora da janela. Coça o pescoço. Olha para frente. Olha para fora da janela. Olha para baixo. Manda um áudio para alguém. Veste short preto. Levanta e sai.
Agora, na minha frente, um banco vazio.
Uma mulher senta na minha frente. Ela é negra e magra. Tem o cabelo curto.
Um homem senta ao meu lado esquerdo carregando uma mochila preta.
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