Em observação, na Defensoria Pública
Hoje é segunda-feira. São 13h02. Estou na
Defensoria Pública com o Nilson, meu tio.
Estou sentada em uma recepção gigante, com
várias pessoas.
Na minha frente, um senhor. É mulato, meio
gordinho, barbudo e grisalho. Usa óculos. Veste calça jeans, blusa preta, de
manga comprida, tênis cinza e tem uma bolsa marrom, no seu colo. Coça a barba. Está com os braços cruzados. Ajeitou a bolsa no seu colo, esticou os
braços. Com os braços, agora, sobre a bolsa.
Ao meu lado direito, não tem ninguém.
Ao meu lado esquerdo, está meu tio Nilson,
conversando comigo. Ele é branco, alto, grisalho, e barba grisalha. Veste uma
calça caqui, blusa preta e tênis preto. No seu colo, uma mochila preta.
Uma senhora passa na minha frente.
Uma senhora passa na minha frente.
O senhor da minha frente coça a barba.
Ajeita-se na cadeira. As mãos sobre a bolsa.
Meu tio se levanta, deixa a mochila e foi lá
na frente, perguntar algo a moça.
Uma senhora passa na minha frente. É mulata,
alta, cabelo curto, óculos de grau.
Meu tio volta e senta-se ao meu lado
novamente. Tem as pernas cruzadas e a mochila sobre o colo.
O senhor da minha frente coça a barba. Tem
os braços sobre a bolsa. Tem aos mãos na barriga. Coça a sua bunda, coloca a
mão sobre o braço da cadeira. Coloca a mão no coração e murmura alguma coisa.
Olha para mim. Olha para o outro lado. Continua com a mão no coração. Coça a
testa. Coloca a mão no coração. Tira a mão do coração e coloca sobre a bolsa.
Cruza os dedos das mãos e estica os braços, se espreguiçando. Cruza os braços
sobre o peito. Descruza os braços, olha as horas no relógio de pulso. Coça a
barba. Se curva e olha para o lado e para trás. Boceja e suspira. Cruza os
braços. Olha as horas no relógio de pulso. Se curva e olha para trás. Pega a
bolsa, ajeita-a sobre seu colo. Cruza os dedos das mãos. Cruza os braços. Olha
para mim. Olha para a frente. Cruza os braços. Coça a bunda. Coça o rosto. Coça
a barba. Cruza os braços sobre os peitos. Coloca a mão sobre a boca. Coça a
barriga. Cruza os dedos das mãos, estica os braços. Tem os braços sobre a
bolsa. Olha para o lado. Ajeita o pé no chão. Ajeita-se na cadeira, olha para
mim. Tem os dedos das mãos cruzados. Cruza os braços no peito. Olha para o
lado. Coça a barba. Peidou. Coça a barba. Cruza os dedos das mãos. Ajeita a
bolsa. Levanta-se e sai. Agora, ninguém sentado na minha frente.
Uma senhora passa na minha frente. Outra
senhora passa na minha frente.
Uma senhora senta ao meu lado direito. É
mulata, gordinha, alta. Tem o cabelo encaracolado, curto, e usa óculos. Veste
calça jeans, blusa rosa, tênis branco. Uma bolsa bege sobre seu colo. Bebe
Coca-Cola
O senhor que tinha saído retorna para a
minha frente. A bolsa sobre seu colo, uma mão no rosto. Cruza
os dedos das mãos. Olha para a televisão.
A senhora ao meu lado direito segura a
latinha de Coca e coça o rosto. Bebe um gole da Coca. Tem a mão no rosto.
O senhor da minha frente rói as unhas. Tem
as mãos pousadas sobre a bolsa.
A senhora ao meu lado direito olha para a
frente.
O senhor da minha frente tem os braços
cruzados sobre o peito.
A senhora ao meu lado direito tosse. Funga.
O senhor descruza os braços, coloca a mão
sobre a boca. Cruza os braços sobre o peito.
A senhora tosse. Olha para a televisão.
O senhor descruza os braços, ajeita-se na
cadeira. Cruza as pernas. Coloca a mão no rosto. Olha as horas. Ajeita a bolsa
sobre seu colo. Coça a barba. Olha para mim. Mexe na boca.
A senhora estica a perna. Bebe Coca. Coça o
rosto.
O senhor ajeita-se na cadeira. Olha para
mim. Olha para a frente. Coça o rosto.
A senhora funga.
O senhor ajeita-se na cadeira, olha para
trás.
A senhora bebe Coca.
O senhor ajeita a bolsa sobre seu colo.
A senhora tosse.
O senhor cruza pernas e braços.
A senhora coça a testa. Funga.
O senhor rói as unhas. Olha para os lados. Ajeita
o cabelo. Cruza os braços. Olha para mim. Coça o nariz e tira uma meleca.
Levanta-se e sai.
Ninguém na minha frente, agora. Apenas observando a senhora ao meu lado
direito.
Uma senhora passa na minha frente.
A senhora entrega a lata de Copa para a
senhora ao seu lado.
Agora são 13h44. Estou em uma recepção
interna, dentro da Defensoria Pública.
Ao meu lado direito, não há ninguém. Ao meu lado
esquerdo, não há ninguém.
Na minha frente, tem uma senhora gorda,
branca, alta, cabelo preso num rabo de cavalo. Veste um vestido florido e um
chinelo marrom. Está sentada de lado, mexendo em algo dentro da sua bolsa.
Fecha a bolsa. Abre a bolsa.
Um senhor passa na minha frente. Carrega um
copinho de café. É alto, gordo, branco, cabelo claro.
A senhora senta de lado e põe a mão sobre a
bolsa.
Uma moça passa na minha frente. É baixa,
magra, cabelo comprido, castanho, liso. Usa óculos.
A senhora na minha frente tem a mão pousada
na cabeça.
Um senhor passa na minha frente. É branco,
alto, e tem o cabelo claro.
Meu tio vem andando pela minha frente e pára
na minha frente.
Um senhor passa na minha frente. Joga algo
no lixo.
Uma
senhora passa na minha frente.
Uma
senhora passa na minha frente.
Um
casal passa na minha frente.
Uma
senhora passa na minha frente.
Meu
tio passa na minha frente e senta ao meu lado esquerdo.
A
moça da minha frente tem os braços cruzados sobre o peito e olha para o lado.
Uma
senhora passa na minha frente.
Uma
senhora passa na minha frente.
Um
senhor passa na minha frente.
Uma
senhora passa na minha frente falando ao celular.
A
moça da minha frente continua na mesma posição. Olha para mim.
Uma
senhora passa na minha frente. É baixa, magra, mulata.
Um
senhor passa na minha frente. É alto, magro, branco e loiro.
Um
senhor passa na minha frente carregando um saco plástico.
A
senhora da minha frente permanece na mesma posição.
Uma
senhora passa na minha frente.
Uma
senhora passa na minha frente.
Uma
senhora passa na minha frente.
Uma
senhora passa na minha frente carregando uma bolsa e um guarda-chuva.
Um
senhor passa na minha frente carregando uma folha de papel.
Um
senhor passa na minha frente.
Um
senhor passa na minha frente.
Uma
senhora passa na minha frente.
Uma
senhora passa na minha frente.
Uma
senhora passa na minha frente.
Três
senhores e uma senhora passam na minha frente, juntos.
Um
senhor passa na minha frente.
Um
moleque (como diz o Nilson) passa na minha frente carregando uma papelada
danada.
Uma
senhora passa na minha frente.
-
Jaime Machado.
A
senhora passa na minha frente novamente.
Uma
senhora passa na minha frente carregando uns papéis.
Um
senhor passa na minha frente.
Uma
senhora passa na minha frente carregando um carrinho.
Uma
senhora passa na minha frente.
Um
senhor passa na minha frente, carregando uns papéis e um saco plástico.
Uma
senhora passa na minha frente carregando uma papelada.
-
Enilda Seabra.
Uma
senhora passa na minha frente.
Uma
senhora passa na minha frente.
Uma
senhora passa na minha frente.
Um
senhor passa na minha frente. É branco, alto, loiro, e usa óculos.
-
Carlos Soares de Freitas?
Uma
senhora passa na minha frente.
Uma
senhora passa na minha frente.
Um
senhor passa na minha frente. É o que estava sentado na minha frente, e
chama-se José Carlos.
Um
senhor passa na minha frente carregando uma papelada.
Uma
senhora passa na minha frente.
Um
senhor passa na minha frente carregando uma papelada.
A
senhora na minha frente penteia os cabelos, e tira algo de dentro da bolsa.
Passa um batom. Agora, está com os cabelos soltos. Tampa o batom.
Uma
senhora passa na minha frente.
A
senhora na minha frente pega algo dentro da sua bolsa.
Um
senhor passa na minha frente. É alto, magro, mulato, cabelo raspado.
A
senhora na minha frente, agora, lê alguns papéis.
Uma
senhora passa na minha frente.
Um
senhor passa na minha frente carregando uma bolsa térmica. É alto, negro,
gordo, e careca. Veste terno preto.
Uma
senhora passa na minha frente. É branca, magra, baixa, cabelo castanho, liso.
Um
senhor passa na minha frente, carregando uns papéis.
O
nome da senhora da minha frente é Vera Lúcia. Ela assina alguns papéis.
Um
senhor passa na minha frente. É branco, alto, magro, e tem cabelo claro.
Vera
Lúcia está conversando com a senhora.
Uma
senhora e um casal passam na minha frente.
Uma
senhora passa na minha frente, carregando duas sacolas.
Vera
Lúcia, agora, está sozinha, sentada na beirada da cadeira.
Um
senhor passa na minha frente carregando uma sacola plástica.
Uma
senhora passa na minha frente, rindo. É branca, magra, baixa, e cabelo
comprido, liso, loiro.
Fui
chamada.
Comentários
Postar um comentário