Em observação, na Máxima Segurança do Trabalho
Hoje é segunda-feira. São 9h11. Estou na
Máxima Segurança do Trabalho, em São Gonçalo.
Estou em uma recepção grande, com várias
cadeiras. Na minha frente, um balcão alto, com duas atendentes. Ao meu lado
esquerdo, um pequeno corredor, onde as pessoas passam.
Ao meu lado direito, um rapaz sentado. É alto,
magro, negro. Tem o cabelo preto, curto. Veste calça jeans preta, blusa pólo verde,
tênis preto e mochila cinza. Está conversando com uma moça ao seu lado direito.
- Ele ia voltar lá? Não quis voltar na hora não?
Só riu?
Um rapaz passa no corredor, ao meu lado.
- Mas não quis voltar não?
O rapaz ao meu lado ri.
- Acontece. Vou te falar, que parece
tradição, tem que tomar um susto desse logo no começo, pra se acostumar. Eu sou
do Rio, não sou de São Gonçalo não.
Um senhor passa no corredor, ao meu lado. É branco,
baixo, magro. Barbado e usa óculos.
Um senhor passa no corredor. Uma senhora
passa no corredor. Outro senhor passa no corredor. Outra senhora passa no
corredor e olha para mim.
- Depois a menina veio no carro e falou com
a gente. A menina veio no carro e falou com a gente. Entendeu? Ele veio no
carro, e falou comigo. Você vem aqui a tarde, a partir das três.
O rapaz ao meu lado, agora, está de pernas
cruzadas.
- O cara falou também e ela falou. Vai ficar
na correria lá, até esperar, pra ver as coisas acontecer. Só pra entregar os
documentos. Não vai fazer mais nada não. É só pra entregar a documentação. Mas ela
falou isso. Tem o telefone? Tem como você ligar pra lá?
Um senhor passa ao meu lado, no corredor. Outro
senhor passa ao meu lado, no corredor. Uma senhora passa ao meu lado, no
corredor. Uma senhora passa ao meu lado, no corredor.
- É perto do Supermarket, e vai embora.
Uma senhora passa ao meu lado, no corredor,
falando ao celular.
- Eu posso ir pra Alcântara, pegar o
trinta. E pego naquela pista, pra Vista Alegre, e vou andando ali mesmo. Ah, tá
louco. É um pedaço, cara. Naquele dia eu sofri, cara. Eu sofri. Já cheguei e
fui. Eu cheguei lá. Eu cheguei 10h30. Tu viu quando eu entrei. Deu bom dia e eu
fui direto no bebedouro beber água.
Mauricio passa ao meu lado, no corredor.
O rapaz ao meu lado cruza os braços e ri.
- Tou vendo que vamos sair daqui tardão. Festinha
de final de ano. E que que tem? Te conheço, você me conhece. Vai junto. Chega lá,
a gente se mistura. Vão ser dois sem vergonha sem ninguém. Pelo menos conheço
um ou dois. De conhecer dentro de loja. E a gente pode ir mesmo, se misturar. Vai
ganhar sexta-feira, pra trabalhar. É ruim, vai nada. De repente ganha. Os caras
não pensam coisa pequena não. Só pensa coisa grande. É só da Marinha. Melhorar,
tomara. Deixa eu te falar, no começo eu falava muito, e ai ia desapegando,
desapegando, desapegando. Hoje em dia eu sou safu. Minha empresa, a Itaipava é
longe pra caramba, e os caras não dão uma cesta pros funcionários, não pagam
uma festa pra funcionário. É tudo muito fraquinho. Tanto, tanto, tanto. Agora que
eu sai, eu tou meio assim.
Uma senhora passa ao meu lado, no corredor. Uma
senhora passa ao meu lado, no corredor. Duas senhoras passam ao meu lado, no
corredor. Uma senhora e um senhor passam ao meu lado, no corredor.
O rapaz ao meu lado, agora, não tem mais as
pernas cruzadas. Olha para a menina ao seu lado direito. Cruzou as pernas.
Aline passa ao meu lado, no corredor.
O rapaz ao meu lado descruzou as pernas.
Michele passa ao meu lado, no corredor.
Naila passa ao meu lado, no corredor. É branca,
alta. Uma senhora passa ao meu lado, no corredor. Um senhor passa ao meu lado,
no corredor.
- Aí eu mandei o curriculo, mas eu tava sem
o Word, na época. Mas era pra ter enviado em anexo.
Um senhor passa ao meu lado, no corredor.
- Só que na quarta-feira, ele me ligou. Eu já
tava em Alcântara, indo pra casa.
Uma senhora passa ao meu lado, no corredor. Um
senhor passa. Uma senhora passa ao meu lado, no corredor.
O rapaz ao meu lado
- Falou muito bem de você...
Uma senhora passa ao meu lado, no corredor. Leonardo
e Priscila passam ao meu lado, no corredor.
O rapaz ao meu lado, agora, está com as pernas cruzadas.
- Não vai chamar, não vai chamar, não vai
chamar. Calma que demora assim mesmo. Eu tava na loja, trabalhando, maior
correria, o telefone toca. Dentro do depósito. Alo? É o Cesar. Vem aqui,
amanhã. Feriado. Dia 20. Falei, fui. Fui no feriado, quarta-feira. Ai cheguei
lá. Fiz uma prova. Tem a dinâmica.
O nome do rapaz ao meu lado é Antonio
Carlos. Ele levanta. E senta novamente. E levanta novamente.
Agora, ninguém ao meu lado direito e, o
corredor vazio ao meu lado esquerdo.
Um senhor passa ao meu lado, no corredor.
Uma senhora senta ao meu lado direito.
Selma passa ao meu lado, no corredor.
A senhora sentada ao meu lado direito é
alta, magra, cabelo vermelho, preso num rabo de cavalo. Usa calça jeans, blusa
social quadriculada, sandália marrom. Bolsa rosa sobre seu colo. Tem as pernas
cruzadas.
Cristiane passa ao meu lado, no corredor.
A senhora ao meu lado, tem uma mão no rosto,
e balança as pernas. Parou. Balança novamente. Olha o papel, no seu colo. Ajeita
as pernas. Guarda algo na bolsa. Pega um doce. Abre devagar.
Um senhor passa ao meu lado, no corredor.
A senhora ao meu lado come o doce.
Thiago passa ao meu lado, no corredor. É mulato,
magro, alto. Veste bermuda quadriculada, blusa cinza, tênis preto e boné azul,
virado para trás.
Uma senhora passa ao meu lado, no corredor.
A senhora ao meu lado continua comendo o
doce. Tira um pedaço e come.
Thiago passa ao meu lado, no corredor.
Donizete passa ao meu lado, no corredor.
A senhora ao meu lado direito cruza as
pernas. Continua comendo o doce. Tira um pedaço do doce e come.
Uma senhora passa. Duas senhoras passam ao
meu lado, no corredor.
A senhora ao meu lado direito continua
comendo o doce. Tira um pedaço, vagarosamente, e come. Tira mais um pedaço e
come.
Graciene passa ao meu lado, no corredor. É branca,
magra, baixa, loira. Usa calça jeans, blusa pólo, branca, sandália bege. Carrega
uma mochila verde e uma sacola branca.
Gilson passa. Um senhor passa ao meu lado,
no corredor.
A senhora, ao meu lado direito, continua comendo
o doce. O doce acabou.
Um senhor passa ao meu lado, no corredor.
A senhora ao meu lado, tem, agora, as pernas
cruzadas e os dedos das mãos cruzados, sobre seu colo.
Um senhor passa ao meu lado, no corredor.
Uma senhora passa ao meu lado, no corredor.
Uma senhora passa ao meu lado, no corredor. Carrega
uma bandeja, com água e café. Ela passa novamente, agora, sem a bandeja.
Andreia passa ao meu lado, no corredor. E passa
novamente. É branca, magra, baixa. Veste uniforme do local, que é calça preta e
blusa cinza. Tem o cabelo preto, preso.
Um senhor passa ao meu lado, no corredor. É negro,
magro, alto. Veste bermuda preta, listrada, blusa preta, tênis branco e mochila
preta.
A senhora ao meu lado, direito, agora, está
apoiada sobre seu braço.
Andreia e um senhor passam ao meu lado, no
corredor.
A senhora ao meu lado coça o rosto e o alto
da cabeça.
Um senhor passa ao meu lado, no corredor.
A senhora ao meu lado funga.
Um senhor passa ao meu lado, no corredor.
Mauricio passa ao meu lado, no corredor.
Uma senhora passa ao meu lado, no corredor.
Um senhor passa ao meu lado, no corredor.
Iago passa ao meu lado, no corredor.
Uma senhora passa ao meu lado, no corredor.
- William Ricardo?
A senhora ao meu lado direito, agora, mexe
no celular.
Uma senhora e o William passam ao meu lado,
no corredor. Ele é mulato, alto, gordo. Veste calça jeans, blusa branca, tênis cinza
e carrega uma sacola plástica, branca.
A senhora ao meu lado direito, agora, está
no facebook, no celular. Seu celular é um Nextel vermelho. Permanece com as
pernas cruzadas.
Luciana passa ao meu lado, no corredor. Um senhor
passa ao meu lado, no corredor. Luciana é branca, magra, baixa, tem o cabelo
preto, liso, comprido. Usa calça jeans, blusa sem manga, branca, e sandália preta.
A senhora ao meu lado direito pára de mexer
no celular. E volta a mexer nele.
Uma senhora e um senhor passam ao meu lado,
no corredor. Uma senhora passa ao meu lado, no corredor. Luciana e um senhor
passam ao meu lado, no corredor.
A senhora ao meu lado direito ajeita a bolsa
no seu ombro. Tem a mão pousada no seu pé, que está cruzado sobre a perna.
Andreia passa ao meu lado, no corredor.
Uma senhora passa ao meu lado, no corredor. É
branca, baixa, magra, cabelo castanho, liso. Veste calça jeans, blusa
estampada, rosa, casaco preto, sandália bege e bolsa cinza, prateada.
Uma senhora passa ao meu lado, no corredor.
Uma senhora passa ao meu lado, no corredor.
Mauricio passa. Uma senhora passa ao meu
lado, no corredor.
Um senhor passa. Uma senhora passa ao meu
lado, no corredor. Uma senhora passa. Um senhor passa ao meu lado, no corredor.
A senhora ao meu lado direito funga, mexe no
nariz. Permanece com a perna cruzada e a mão pousada sobre o pé, da perna que
está cruzada.
Um senhor passa ao meu lado. Iago passa ao
meu lado, no corredor.
A senhora ao meu lado, agora, tem os dedos
da mão cruzados sobre seu colo.
Luciana e dois senhores passam ao meu lado,
no corredor.
A senhora ao meu lado balança a perna,
descruza as pernas, balança as pernas novamente, funga. Tem as pernas
esticadas, à frente. Funga. Abre algo na bolsa.
Um senhor passa ao meu lado, no corredor. Um
senhor passa ao meu lado, no corredor.
Donizete passa ao meu lado, no corredor. Um senhor
passa ao meu lado, no corredor. Uma senhora passa ao meu lado, no corredor.
A senhora ao meu lado está na mesma posição
de antes. Sacode as pernas.
Adeline passa ao meu lado, no corredor.
Um senhor passa ao meu lado, no corredor,
carregando uma prancheta.
A senhora ao meu lado direito boceja.
Andreia passa ao meu lado. Michele passa ao
meu lado, no corredor.
Um senhor passa ao meu lado. Um senhor passa
ao meu lado, no corredor.
Maria passa ao meu lado, no corredor.
A senhora ao meu lado direito ajeita-se na
cadeira, descruza as pernas. Tem os dedos das mãos cruzados, sobre seu colo.
Uma senhora passa ao meu lado, no corredor.
Comentários
Postar um comentário