Em observação, na Cortrel - 3

Hoje é quinta-feira. São 9h31. Estou na CORTREL, no Leblon, aguardando ser atendida para trocar o curativo do meu pé.

Estou sentada na recepção, com cerca de outras 20 ou 30 pessoas. Estou em uma fileira de cadeiras. Do meu lado direito, não há ninguém.

Do meu lado esquerdo, tem uma senhora de cerca de 65 anos. Veste calça preta, blusa estampada, branca, preta e verde, sandália preta. É alta, nem magra nem gorda. Tem o cabelo alorado, preso, e é bem bonita. Carrega uma bolsa beje. Sobre a bolsa, alguns papéis e a senha 040, para a fisioterapia. Abre a bolsa e mexe em algo dentro dela. Ela levantou do meu lado e trocou de lugar.

Na minha frente, uma senhora de cerca de 70 anos. Usa calça jeans, blusa social verde água, sandália cinza, e bolsa cinza sobre seu colo. É magra, alta, loira, e usa óculos. Está lendo o Jornal O Globo. Dobrou o jornal e pôs em cima da bolsa. Pegou a bolsa, ajeitou no colo. Colocou o óculos preso na blusa e olhou para a televisão, presa na parede. Tem a mão no queixo. Olha para mim. Olha para a televisão. Olha para as pessoas que vem e vão.

Uma senhora passa na minha frente.

A senhora na minha frente olha para ela passando. Olha para mim. Agora, fecha os olhos e tem os braços cruzados.

Um senhor com uma criança passam na minha frente. O senhor (o pai) murmura:

- Paciente Tomás...

A criança passa, sorrindo.

A senhora na minha frente continua de olhos fechados e braços cruzados. Ela bate os pés no chão. Coça a testa. Abre os olhos e olha para a televisão.

Uma senhora passa na minha frente.

A senhora na minha frente olha para essa senhora que passa. Olha para os balcões da recepção. Bate os pés no chão. Olha para a televisão. Descruza os braços. Abre a bolsa cinza. Fecha e cruza as mãos sobre seu colo. Bate os pés no chão. Ajeita o cabelo. Seu nome é Tereza Cristina. Ela foi chamada, na recepção, levantou e entrou na porta que dá acesso aos consultórios.

Agora, ninguém ao meu lado e ninguém na minha frente.

- Luana, consultório seis.

- Obrigada!

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Fui atendida pelo doutor Pedro e, agora, estou em uma recepção interna, aguardando ser atendida para trocar o curativo.

Tomás está sentado ao meu lado esquerdo. (Seu pai está sentado do seu outro lado). É uma criança de cerca de 4 anos. Veste uma bermuda verde, uma blusa branca, um chinelo branco e azul e brinca e murmura com um brinquedo de Lego. Tomás é branco, baixinho, magrinho, tem o cabelo escuro e os olhos claros. Tomás tem os pés cruzados, no ar. E o seu brinquedo é um avião, feito de Lego.

- Pai, eu quero ver o Rafael jogando.

Uma senhora passa na nossa frente, no corredor.

- Eu acho que... quatro...

Uma senhora passa na nossa frente, no corredor.

Tomás, agora, permanece silencioso, brincando com o seu avião de Lego. Descruzou as pernas e balança os pezinhos pequenos.

- Senhora Luana?

- Oi, tou indo. Tchau, Tomás.

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