Em observação, no Sergio Franco - 2

Hoje é quinta-feira. São 6h48. Estou no Laboratório Sérgio Franco, no Leblon, em uma grande recepção, aguardando ser atendida.

Estou sentada em uma fileira de cinco cadeiras. Na minha frente, um pequeno corredor que dá acesso a outras áreas do Laboratório e uma pequena área com quatro cabines de atendimento. À minha direita, uma cadeira vazia. À minha esquerda, idem.

Um rapaz sai de um desses guichês. Veste jeans e blusa de manga comprida preta.

Uma atendente sai de um desses guichês.

- Flávio.

Um rapaz entra no guichê com ela.

Uma senhora passa pelo corredor, que fica à minha frente.

- Luana Oliveira

- Oi, estou indo.

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São 7h09. Ainda estou no mesmo Laboratório, só que, agora, em outra recepção. Do meu lado direito, um corredor, por onde as pessoas passam. Do meu lado esquerdo, quatro cadeiras vazias. Na minha frente, um arco com 12 cadeiras em semi-círculo. Estou sentada bem na entrada desta recepção, onde as pessoas passam e entram.

Bem na minha frente, um rapaz está sentado. Veste uma bermuda florida, um casaco branco do Fluminense, uma meia cinza e um tênis branco, com detalhes em preto e vermelho. Ele é magro e alto. Aparenta ter cerca de 30 anos. Aparenta, também, ser muito sério. É branco, cabelo liso, e usa óculos. Carrega uma pasta cinza, que está sobre seu colo. Tem as pernas cruzadas. Descruzou. Olha para algo, atrás de mim, imóvel. Cruzou os pés e esticou as pernas, à frente.

Descobri que seu nome é Flávio. A atendente o chamou e ele se levantou e foi.

Agora, estou sozinha nesta área da recepção.

- Senhora Luana?

Levantei-me, em silêncio, e fui.

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São 7h17. Ainda estou no mesmo Laboratório, só que, agora, em uma sala de coleta. Na minha frente, a porta de entrada desta sala. A cada um dos meus lados, uma cadeira igual a que estou sentada, ambas vazias.

A técnica passou na minha frente. Está vestida toda de branco: calça branca, jaleco branco, sapato branco, cabelo preso. É alta, magra, branca, cabelo liso, escuro. E passou novamente na minha frente. E passou novamente na minha frente. E passou novamente na minha frente. E passou novamente na minha frente carregando uma caixinha. E passou novamente na minha frente sem carregar a caixinha. E passou novamente na minha frente. E passou novamente na minha frente carregando uma caixinha. E passou novamente na minha frente carregando algo.

Outra técnica entrou nesta sala. É negra, baixinha, magra. Está vestida exatamente igual a outra moça, com o cabelo igualmente preso. Ela saiu da sala, e fechou a porta atrás de si.

A técnica (a de antes) passou na minha frente carregando uma garrafinha e copo descartável, ambos vazios. Ela passou novamente na minha frente, carregando o garrote azul. E passou novamente na minha frente, sem carregar nada. E passou novamente na minha frente, carregando uma caixinha. E passou novamente na minha frente, carregando a mesma caixinha. E passou novamente na minha frente, carregando um embrulho. E passou novamente na minha frente, carregando o mesmo embrulho. E passou novamente na minha frente. E passou novamente na minha frente. E passou novamente na minha frente, carregando um copo descartável, com algo que parece leite.

Ela saiu e parou na porta. Voltou, novamente, trazendo uma moça com ela, que sentou ao meu lado direito, onde anteriormente estava vazio.

A técnica saiu da sala, e fechou a porta atrás de si.

Não consigo ver com clareza a senhora que está, agora, sentada ao meu lado direito. Uma pequena cortina nos separa.

A técnica retornou. E passou na minha frente, carregando o copo descartável vazio.

Agora a técnica veio até o local onde estou, pulsionar a minha veia. Preciso, portanto, desligar o computador.

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