Fotografando Gente

Hoje é sábado. São 11h50. Estou no metrô, sentada na plataforma da Afonso Pena. Ao meu lado direito, um vão. Um homem passa na minha frente. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, a plataforma por onde as pessoas passam. O celular bipa. Notificação do Samsung. Uma mulher passa na minha frente carregando uma bolsa bege. Ela é branca, magra e alta. Tem o cabelo loiro, liso, preso em um rabo de cavalo. Veste short jeans e blusa sem manga branca e preta. Veste chinelo preto.

Hoje é sexta-feira. São 12h49. Estou no Infnet, sentada à mesa, no DPED. Ao meu lado direito, um vão por onde as pessoas passam. Ao meu lado esquerdo, um vão por onde as pessoas passam. Na minha frente, uma mesa com dois monitores em cima. Por aqui, luzes acesas e tudo silencioso. O computador bipa. Whatsapp da Carolina. Volto ao silêncio. O celular bipa. Alarme que toca. O computador bipa. Microsoft Teams da Tamiris Aparecida. Volto ao silêncio. O computador bipa. Microsoft Teams do Luan Igor. Volto ao silêncio. O computador bipa. Microsoft Teams do Luan Igor. Volto ao silêncio. O computador bipa. Microsoft Teams do Otávio César. Volto ao silêncio.  O celular bipa. Alarme que toca. Volto ao silêncio.

Hoje é quinta-feira. São 06h56. Estou no ônibus 415, sentada.  Ao meu lado direito, uma janela fechada. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio.  Uma mulher senta na minha frente.  O celular bipa. Notificação da agenda.  Uma mulher senta ao meu lado esquerdo.  O celular bipa. WhatsApp do Higor.  A mulher sentada na minha frente levanta e sai. Agora, na minha frente, um banco vazio.  A mulher sentada ao meu lado esquerdo levanta e sai. Agora, ao meu lado esquerdo, um banco vazio.  O celular bipa. WhatsApp do Higor.  Uma mulher senta na minha frente. Tem o cabelo liso, castanho e comprido. Usa óculos vermelho. Veste uma blusa branca. O celular bipa. WhatsApp do Higor.  Uma mulher senta ao meu lado esquerdo. 

Hoje é quarta-feira. São 18h37. Estou no consultório Psicologia e Coaching, sentada à mesa. Ao meu lado direito, uma porta aberta. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente  uma cadeira vazia. Por aqui, luzes acesas e tudo silencioso. - Elaine, pede pra Hanna ver o WhatsApp dela pra mim? Eu mandei mensagem, mas acho que ela não viu. Volto ao silêncio.

O celular bipa. Hoje é terça-feira. São 09h55. Estou no ônibus 415, sentada. Ao meu lado direito, uma janela fechada. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, a escada do ônibus, por onde as pessoas sobem e descem. Um homem desce na minha frente carregando caixas de bala Mentos. O celular bipa. WhatsApp do João Victor. Uma mulher desce na minha frente carregando uma bolsa e um envelope pardo. Ela é negra e magra. O celular bipa. Despertador que toca. Um homem. Um homem desce na minha frente carregando uma mochila preta. Ela é branco, gordo e alto. Um homem sobe na minha frente carregando redes e uma bolsa preta. Ele é negro, alto e magro. Usa um chapéu de palha.

Hoje é domingo. São 21h32. Estou na Gauísa, sentada. Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, duas sacolas em cima do banco. Na minha frente, um vão por onde as pessoas passam. José Ricardo passa na minha frente carregando uma mala preta. André passa na minha frente carregando uma mochila preta e o celular.

Um homem.  Um homem passa na minha frente.  Uma mulher passa na minha frente carregando uma mochila marrom e um saco plástico.  Hoje é sábado. São 12h36. Estou no metrô, sentada dentro do vagão.  Ao meu lado esquerdo, um homem sentado carregando uma mochila preta. Ao meu lado direito, uma mulher sentada mexendo no celular iPhone. Um homem passa na minha frente carregando uma mochila preta. Ele é negro, magro e alto. Tem o cabelo curto.  Um. Uma. Uma. Uma. Um. Um. Um. Um homem passa na minha frente carregando uma mochila cinza da Nike.  Na minha frente, um corredor por onde as pessoas passam.  Uma mulher passa na minha frente carregando uma bolsa bege. Uma mulher passa na minha frente carregando uma mala preta.  O homem sentado ao meu lado esquerdo, levanta.  Uma mulher senta ao meu lado esquerdo, mexendo no celular Samsung. Usa uma bolsa bege no colo. Uma mulher passa na minha frente.  Um. Uma. Um menino passa na minha frente. Ele é gord...

Hoje é sexta-feira. São 11h27. Estou no Condomínio do Edifício Santa Fé, sentada na portaria.  Ao meu lado direito, um canteiro. Ao meu lado esquerdo, um vão por onde as pessoas passam.  O celular bipa. Notificação do Uber.  Na minha frente, um canteiro. 

Hoje é quarta-feira. São 18h06. Estou no ônibus 220, sentada. Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, uma janela aberta. Na minha frente, um homem sentado. Ele é negro, tem o cabelo curto, encaracolado e grisalho. Usa máscara azul. Olha para fora da janela.

Hoje é quinta-feira. São 06h21. Estou no ônibus 415, sentada.  Ao meu lado esquerdo, uma janela fechada. Ao meu lado direito, um banco vazio. Na minha frente, uma mochila preta em cima do banco. 

Hoje é domingo. São 19h30. Claudia. Um. Um. Jaqueline passa na minha frente. Estou na Gauísa, sentada. Claudia. Muito. Grazi passa na minha frente. Lita. Grazi passa na minha frente. Lilian passa na minha frente. Grazi passa na minha frente. Uma. Um homem. Lidiane. Lita. Um homem. Wal. Ariana.

Uma mulher passa na minha frente. Ela é branca, magra e alta. Tem o cabelo curto, preso em um coque. Carrega uma eco bag branca. Veste calça preta e blusa preta. Usa tênis. Hoje é sábado. São 12:34. Estou no metrô, sentada na plataforma da Afonso Pena. Um homem passa na minha frente carregando uma mochila preta. Ele é branco. 

Hoje é sexta-feira. São 17h18. Estou no Condomínio do Edifício Santa Fe, sentada na portaria.  Ao meu lado direito, um canteiro. Ao meu lado esquerdo, um vão por onde as pessoas passam. Na minha frente, um canteiro. 

Hoje é quinta-feira. São 06h16. Estou no ônibus 415, sentada.  Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, uma janela fechada. Na minha frente, um vão onde as pessoas e os cadeirantes ficam.  Uma mulher para na minha frente carregando uma mochila colorida. Ela é branca, alta e gorda.  Uma mulher senta ao meu lado direito.

- Muito obrigada.  O celular bipa. Notificação do Uber.  Hoje é quarta-feira. São 12h25. Estou no Uber, sentada.  Ao meu lado direito, porta e janela fechadas. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio.  O celular bipa. Notificação da agenda. Bipa novamente. WhatsApp da Rachel. 

Hoje é terça-feira. São 19h01. Estou no consultório Psicologia e Coaching, sentada à mesa.  Ao meu lado direito, uma porta aberta. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma cadeira vazia.  Por aqui, luzes acesas e tudo silencioso.  O celular bipa. Notificação do Estante Virtual. Bipa novamente. WhatsApp da Daphne. 

Hoje é domingo. São 15h52. Estou no Condomínio do Edifício Santa Fé, sentada na portaria.  Ao meu lado direito, um saco verde com laranjas. Ao meu lado esquerdo, André em pé carregando uma mochila preta e um celular.  - Chegou. Vamos lá?

Hoje é sábado. São 11h49. Estou no Botafogo Praia Shopping, sentada à mesa. O celular bipa. WhatsApp da Juliana.  Ao meu lado direito, uma cadeira vazia. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira com uma eco bag em cima. Na minha frente, uma cadeira com uma eco bag em cima. - De nada. 

Hoje é sexta-feira. São 11h54. Estou no Infnet, sentada à mesa, no DPED. Ao meu lado direito, um vão por onde as pessoas passam. Ao meu lado esquerdo, minha mochila preta no chão. Na minha frente, a mesa do Ciro com dois monitores em cima.  O celular bipa. Whatsapp da Marcela. Bipa novamente. Notificação da agenda.

Hoje é quinta-feira. São 06h21. Estou no ônibus 220, sentada.  Ao meu lado direito, uma janela fechada. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um homem sentado. Ele usa um casaco azul e laranja com capuz azul e tem a cabeça encostada no banco. Levanta a cabeça e olha pela janela. Levanta. Ele usa bermuda preta e chinelo preto.  Agora, na minha frente, um banco vazio.  O celular bipa. WhatsApp do Daniel. Bipa novamente. Notificação da agenda. 

Hoje é quarta-feira. São 11h21. Estou no Infnet, sentada à mesa, no DPED. Ao meu lado direito, um vão por onde as pessoas passam.  Meu celular bipa. SMS da Casas Bahia que chegou. Ao meu lado esquerdo, uma eco bag no chão. Na minha frente, uma mesa com dois monitores em cima. O computador bipa. Whatsapp da Viviane. O celular bipa. SMS que chegou. Bipa novamente. Notificação da agenda. O computador bipa. Whatsapp da Suzana.

Hoje é terça-feira. São 18h07. Estou no ônibus 220, sentada.  Ao meu lado direito, uma janela aberta. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio. 

Hoje é sábado. São 13h40. Estou no Uber, sentada.  Ao meu lado direito, porta e janela fechadas. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco virado pra frente. - Tudo bem, Bruno? Graças a Deus.  O celular bipa. WhatsApp da Viviane. Bipa novamente. Notificação do Spotify. Bipa novamente. WhatsApp da Viviane. 

Hoje é sexta-feira. São 14h47. Estou no Infnet, sentada à mesa, no DPED. Ao meu lado direito, um vão por onde as pessoas passam. Ao meu lado esquerdo, um vão por onde as pessoas passam. Na minha frente, quatro mesas com sete monitores e monte de coisas em cima. Por aqui, luzes acesas e tudo silencioso. O celular bipa. SMS que chegou. Volto ao silêncio. O computador bipa. Messenger da Nair. Volto ao silêncio.

Uma mulher passa na minha frente carregando uma bolsa marrom e uma sacola plástica.  Um. Um. Um. Uma mulher passa.  Um homem passa na minha frente carregando uma mochila preta.  Um homem passa na minha frente.  Um homem passa na minha frente carregando uma mochila preta e uma sacola plástica.  Hoje é quinta-feira. São 06h47. Um homem passa na minha frente.  Um. Um. Um. Um homem.  Um. Um homem.  Um homem passa na minha frente carregando uma mochila preta. Ele é negro, alto e magro.  Um homem passa na minha frente carregando uma mochila preta, um guarda chuva e uma sacola plástica. Ele é negro.  Estou na rua Uruguaiana  sentada. 

Hoje é quarta-feira. São 06h43. Estou no consultório Psicologia e Coaching, sentada à mesa.  Ao meu lado direito, uma porta aberta. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma cadeira vazia.  Por aqui, luzes apagadas e tudo silencioso. 

Hoje é sábado. São 10h26. Estou no Uber, sentada.  Ao meu lado direito, porta e janela fechadas. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio   - Boa tarde, Hélio. Bom dia. Desculpa. É, ali do lado do Norte Shopping, por favor. Tá mesmo. Um calorzinho bom. É mesmo. Eita. Caramba. Que horror. É mesmo. Tudo bem.  O celular bipa. WhatsApp da Ana. Bipa novamente. WhatsApp da Juliana. Bipa novamente. WhatsApp da Ana.  - Eita. 

Uma mulher passa na minha frente carregando uma sacola plástica.  Hoje é sexta-feira. São 13h24. Estou no Centro de Medicina Nuclear da Guanabara.  Uma mulher.  Um homem passa na minha frente carregando um bebê no colo. Estou sentada na recepção.  Ao meu lado direito, uma mochila preta em cima da cadeira verde. Ao meu lado esquerdo, um corredor.  Uma. - Boa tarde.  Uma mulher passa na minha frente carregando um papel. Ela é preta, alta e magra. Tem o cabelo preto, comprido e cacheado. Veste uma blusa amarela. Na minha frente, um corredor por onde as pessoas passam.  Uma mulher passa na minha frente. Ela é branca, magra e alta. Tem o cabelo loiro, comprido e cacheado. Usa máscara preta. Veste calça preta e blusa azul. Calça um sapato preto. Seu nome é Ana Paula. Passa novamente na minha frente carregando uma prancheta e a mochila preta.  Uma. Um. Uma. Um homem passa ao meu lado esquerdo. Ele é preto e tem o cabelo preto e curto.  Uma. Uma mulh...

Hoje é quinta-feira.  Um homem desce na minha frente carregando uma mochila preta.  São 06h25. Estou no ônibus 415, sentada.  Ao meu lado direito, uma janela aberta. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, a escada do ônibus por onde as pessoas descem. Um homem desce na minha frente carregando uma mochila cinza e preta. Uma mulher desce na minha frente carregando uma mochila colorida.  O celular bipa. Notificação da agenda.  Um homem desce na minha frente carregando uma bolsa cinza. Ele é negro, baixo e magro. Tem o cabelo grisalho. Veste bermuda bege. Um. Um. Um homem sobe na minha frente carregando uma sacola de balas e doces. Ele é negro, alto e magro. Tem o cabelo branco. 

Hoje é quarta-feira. São 06h23. Estou no ônibus 415, sentada.  Ao meu lado direito, uma janela aberta. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma mulher sentada. Ela é branca. Tem o cabelo castanho, preso em um rabo de cavalo. Veste uma blusa branca e preta estampada. Segura com a mão direita no banco da frente. Solta. Usa máscara descartável azul. Segura no banco da frente com a mão direita novamente. Solta.  Um homem sentado ao meu lado esquerdo carregando uma mochila vermelha. Levanta.  Agora, ao meu lado esquerdo, um banco vazio.  A mulher sentada na minha frente levanta e sai.  Agora, na minha frente, um banco vazio.  Uma mulher senta na minha frente.  Um homem senta ao meu lado esquerdo carregando uma mochila preta. 

- Entendi. É porque você estava demorando. Entendi. Hoje é segunda-feira. São 13h04. Estou no Uber, sentada  Ao meu lado direito, porta e janela fechadas. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio.  O celular bipa. WhatsApp da Hanna.  - Eita. O celular bipa. WhatsApp da Paula. Bipa novamente. WhatsApp da Hanna. Bipa novamente. WhatsApp da Elaine.  - Flávio, aqui eu moro na esquina da rua do Matoso. O prédio de grades vermelhas. Sim, do lado direito. Quanto eu te devo, Flávio? Aqui. Muito obrigada. Deixa eu só pegar a minha chave? Muito obrigada. Fica com Deus.

Hoje é sábado. São 14h49. Estou no Norte Shopping, sentada na praça de alimentação do segundo piso. Ao meu lado direito, um banco com a mochila preta do André em cima. Ao meu lado esquerdo, umas plantas. Na minha frente, duas cadeiras vazias. - Tem gente. São só vocês duas? Então pode sentar aqui. Que aqui na frente é só a minha filha.  Uma mulher senta na minha frente. Ela é branca, magra. Tem o cabelo preto, comprido e liso. Veste uma blusa preta. Usa óculos e máscara preta. 

Hoje é sexta-feira. São 13h11. Estou no Centro de Medicina Nuclear da Guanabara, sentada no atendimento.  Ao meu lado direito, uma cadeira verde vazia. Ao meu lado esquerdo, um vão por onde as pessoas passam. Na minha frente, a mesa da atendente.  Uma mulher passa ao meu lado esquerdo. Ela é branca, magra e alta. O celular bipa. WhatsApp da Isys.  Uma mulher passa ao meu lado esquerdo carregando uma caixa vermelha.  - Tá. Vou olhar. Pera. 251266. Uma mulher passa ao meu lado esquerdo. Ela é negra, alta e gorda.  O celular bipa. SMS da Amil que chegou.  - Oi? 20261005. Barão de Itapagipe. Isso. 138. 406. Isso. Isso. Isso. Não ouvi. Tudo bem. 

- Boa tarde. É, por favor.  O celular bipa. Notificação do Uber.  Hoje é quinta-feira. São 14h10. Estou no Uber, sentada.  Ao meu lado direito, porta fechada e janela aberta. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio. 

Hoje é quarta-feira. São 13h17. Estou no Uber, sentada.  Ao meu lado direito, porta fechada e janela aberta. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio.  - Você é o Fábio? Tudo bem? Tudo ótimo.  O celular bipa. WhatsApp da Hanna.  - É. Eu também. Exato. Sim. Aparecer do passageiro, né? Sei. Você falou? Claro. Sei. Claro. Sei. Ah, é sim. Sei. Lá no alto. Sei. É, por favor. Ali, Fábio, do lado direito. De grades vermelhas. Aqui. Isso. Quanto eu te devo? Aqui, tá certo. Muito obrigada. Fica com Deus.

O celular bipa. Direct da Juliana. Hoje é segunda-feira. São 12h04. Estou na clinica Sensorium, sentada no consultório da dra. Letícia.  - Eita ferro. Tinha que ter trazido uma mala.

- Conseguiu. Na verdade não tem, né? Nós próximos. Cara, agora imagina o que vai ser esse verão, hein? Por que que eu sei? Eu olho. Meus amigos estavam organizando uma pelada, e escolheram o horário de 11h da manhã. Mas merdas acontecem. É. É.  Os caras escolheram o Batista. Ali subindo na rua Uruguai, por ali. Os caras são loucos. Não. Sujeito de mais de 40 anos, que não joga bola há um tempo. Eu não jogo há cinco anos. Não vou me meter a besta. É.  Hoje é sábado. - Eu também. Mas não jogo há cinco. Não sei o que é isso há cinco anos. - Aí... - O pessoal quer me colocar no desgaste. - Tadinho... coisa horrível. Nossa. Parece filme de terror. Eu sou penteado. 

Hoje é sexta-feira. São 12h55. Estou no Centro de Medicina Nuclear da Guanabara, sentada na recepção.  Ao meu lado direito, uma cadeira verde vazia.  O celular bipa. WhatsApp da Isys. Ao meu lado esquerdo, uma parede. Na minha frente, um homem sentado. Ele é branco, magro e tem o cabelo comprido e cacheado, castanho claro. Veste uma blusa azul. Usa óculos. Parece ler algo.  O celular bipa. WhatsApp da Isys.  O homem sentado na minha frente calça um tênis branco. Anota algo com uma caneta laranja. Cruza a perna. Tem um prendedor de cabelo verde no pulso esquerdo. Usa máscara preta. Coloca a mão na cintura. Coca a nuca.  O celular bipa. WhatsApp da Isys. 

Hoje é quarta-feira. São 12h40. O celular bipa. Notificação do Uber.  Estou no Uber, sentada.  Ao meu lado direito, porta fechada e janela aberta. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio.  - Tudo bem, Renato? Muito obrigada. Tá bom. Muito obrigada. É.  Na minha frente, um banco vazio.  - Renato, eu coloquei número 56, mas vou ficar aqui nessa esquina. É. Pode. Quanto te devo? Aqui. Tira dez, por favor. Posso abrir aqui? Muito obrigada. Tchau. 

Hoje é quinta-feira. São 14h05. Estou no Condomínio do Edifício Santa Fé, sentada na portaria.  Ao meu lado direito, um vão por onde as pessoas passam. Ao meu lado esquerdo, um canteiro.  - Tchau, Francisco. Fica com Deus. Obrigada. 

Hoje é segunda-feira. São 11h40. Estou na clinica Sensorium, sentada na recepção.  Ao meu lado direito,  um corredor por onde as pessoas passam.  O celular bipa. WhatsApp da Viviane.  Ao meu lado esquerdo, uma cadeira preta vazia. Na minha frente, um corredor por onde as pessoas passam.  O celular bipa. WhatsApp da Viviane.  Uma mulher passa ao meu lado direito. Ela é branca, magra e alta e tem o cabelo castanho, liso e comprido. Carrega uma bolsa marrom de couro e um celular. Veste tênis preto, bermuda jeans, blusa de oncinha com manga 3/4. Usa anel e óculos. Usa máscara preta. Passa na minha frente.  Uma mulher passa na minha frente carregando duas sacolas de papel e uma mochila preta. - Chegou o token. 567720. Um homem.  Uma mulher passa na minha frente. Ela é branca, magra e alta e tem o cabelo castanho, liso e comprido. Carrega uma bolsa marrom de couro e um celular. Veste tênis preto, bermuda jeans, blusa de oncinha com manga 3/4. Usa anel e...

- Bom dia. Tudo bem? Tenho. Só vou pegar uma coisa no prédio de uma amiga.  Hoje é sábado. São 11h31. Estou no Uber, sentada.  Ao meu lado direito, porta fechada e janela aberta. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio.  O celular bipa. WhatsApp da Viviane. Bipa novamente. Notificação do Ifood.  - Não sei se tem como você entrar. Porque o prédio dela é esse aqui. Vai ter que dar uma voltona.  O celular bipa. WhatsApp da Viviane.  - Desculpa viu? Muito obrigada.  O celular bipa. WhatsApp da Viviane.

Hoje é sexta-feira. São 07h41. Estou no consultório Psicologia e Coaching, sentada à mesa.  O celular bipa. WhatsApp da Selma. Ao meu lado direito, uma porta aberta. Ao meu lado esquerdo, uma cadeira vazia. Na minha frente, uma cadeira vazia.  A campainha toca. Paciente que chegou. 

Hoje é quinta-feira. São 11h33. - Bom dia. Tudo bem? Tudo bom, graças a Deus.  O celular bipa. Notificação do Uber.  Estou no Uber, sentada.  Ao meu lado direito, porta e janela fechadas. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio.  O celular bipa. WhatsApp da Marcia. Bipa novamente. Direct do André. Bipa novamente. Direct da Raquel. 

- Obrigada, Rodrigo.  O celular bipa. Notificação do Uber.  Hoje é segunda-feira. São 11h20. Estou no Uber, sentada. Ao meu lado direito, porta e janela fechadas. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio. 

Hoje é domingo. São 16h23. - Vamos. Francisco passa na minha frente.  Estou na Gauísa, sentada na secretaria. Ao meu lado direito, uma porta aberta.  - Oi paixão. Tudo. Tava te esperando.

- Sou eu. Tudo bem, José? O celular bipa. Notificação do Uber.  - Isso, por favor. Pode. Pode sim. Hoje é sábado. São 09h09. - É, graças a Deus. Estou no Uber, sentada.  Ao meu lado direito, porta fechada e janela aberta. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio.  O celular bipa. Ligação de vídeo da Viviane, pelo whatsapp. Bipa novamente. WhatsApp da Viviane. 

Hoje é sexta-feira. São 10h34. - Daqui a pouco eu esqueço, cara. Veio? Relaxa. Estou no Hospital Unimed Rio. Ao meu lado direito, um vão por onde as pessoas passam. Ao meu lado esquerdo, um sofá com coisas em cima. Na minha frente, uma enfermeira. Ela é branca, magra e alta. Tem o cabelo preto, liso, preso em um coque. Veste calça verde e blusa verde. 

Hoje é quinta-feira. São 14h01. Estou na Du Corps, sentada na recepção.  Ao meu lado direito, um banco vazio. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio.  O celular bipa. WhatsApp da Carolina. Uma mulher passa na minha frente.  Na minha frente, um vão por onde as pessoas passam.  Dr. Raphael passa na minha frente.  O celular bipa.  Dr. Raphael passa na minha frente.  O celular bipa. WhatsApp da Carolina.  Uma mulher passa na minha frente. É branca, magra e baixa. Tem o cabelo branco, liso e curto. Veste calça jeans, blusa preta com bolinhas brancas. Usa uma sapatilha bege. 

- Entendi. Boa tarde. Hoje é segunda-feira. O celular bipa. WhatsApp do marido. São 14h35. Estou no Uber, sentada.  Ao meu lado direito, porta e janela fechadas. Ao meu lado esquerdo, um banco vazio. Na minha frente, um banco vazio. 

- Eita. Zeca está na minha frente.  - Como é que não?  Hoje é domingo. São 11h00. - É que eu tinha passado a configuração do Windows sete pra lá. Parte das informações da BIOS pra lá. Tá. Tá tudo no computador. A gente nunca mais vai voltar pro Windows sete. Porque é o Windows de raiz daquela BIOS. O Windows original daquela BIOS. Agora eu vou ter que fazer uma atualização da BIOS. Compreendes? Estou no Studio da Gabi Lanai Tattoo.  - O Márcio me chamou pra ir pra lá ontem. Não, o Jony tava lá. Não quer vir pra cá não? Acha que eu vou sair daqui pra lá? Não, pô. Hoje é aniversário do meu gato. Não. Tá tranquilo. Mesmo sendo gato. Então? Você é estranha igual a mim. Minha igreja não permite. Sei lá. Inclusive, abaixa. Minha religião não permite. É ultra secreto. Eu não tenho muito dessas coisas.  Estou sentada numa bancada. - Eu ia mandar pro taxista agora. Não pega pela Maracanã não. Pega pela Heitor Cavalcante. Nem existe essa rua. General Canabarro. Existe? Ela tá ...