Em observação, no táxi - 4

Hoje é segunda-feira, são 10h05.

Estou no táxi do Sr. Francis, indo para casa (saindo de Nova Iguaçu), com meu pai.

Estou sentada atrás, sozinha.

Na minha frente, o Sr. Francis dirige o carro. É mulato, alto, forte. Veste uma blusa social verde e um boné azul, de jeans.

- A mim também. E eu não conheço nada aqui.

Sr. Francis ri.

- Coitado. Ligar o ar. Precisa ligar o ar não? É...

Sr. Francis coloca o cotovelo na janela aberta ao seu lado. Continua dirigindo.

- Já sabe o mês? Já sabe quando vai? É. É... verdade... e ninguém tá tão empolgado pra vir pro Brasil.

- Não, pai. Eu renovei. Renovei. É.

- Sem o hábito de dirigir. Consulado cada vez mais enrolado.

- Você que sabe, pai. Tá bom.

- Pô... Vamos por onde? Vamos pela Brasil. Nem sempre. Geralmente, ali no Caju. A gente pode andar pela seletiva que facilita.

Sr. Francis mexe no boné, na cabeça. Tira e põe o boné em seguida. Continua dirigindo.

- É. Vai fluir bem. Vai fluir bem.

Sr. Francis coça a cabeça por cima do boné. Continua dirigindo. Tá quente. Não... 

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