Sobre o dia dos namorados

Estávamos, no shopping, com a pequena.

- Despista ela. Vou lá voltar na loja, comprar o bicho de pelúcia que ela gostou.
- Mas é caro...
- Despista ela, por favor?
- Ok.

- Crianças, eu vou ao banheiro. Vão passear, ok?

[Dez minutos depois, já com a pelúcia da pequena em mãos...]

- Meu pai estava procurando seu presente.
- De dia dos namorados?
- Sim.
- O que é?

Eles se olharam. A filha e o pai. Um segundo se passou.

- Um vestido.
- Que cor?
- Vermelho.
- De bolinhas brancas.
- Não. Bolinhas não.
- Não, não tem bolinhas.
- E é vermelho?
- Pode ser.
- Pode ser ou É, pequena?
- Não sei.
- Olha, eu te dou uma macaca de pelúcia linda, fofa, amada, e você me sacaneia desse jeito?

Na terça-feira, eles se falaram de novo. O pai da pequena e a namorada.

- Só cheguei em casa agora. Fui ajudar ao amigo comprar o presente da mulher dele.
- É mesmo? Que legal. Que vocês compraram?
- Flores e chocolates. Ela gosta.
- Lindo.
- Mandamos entregar no trabalho dela.
- Mas a sua mulher não vai trabalhar no dia 12.
- Ué, mas é a mulher dele.
- Ah, sei. 
- E a sua?
- Estou falando com ela.
- O amigo, da mulher das flores e chocolates, te ajudou a comprar o presente também?
- Que presente?
- Da sua mulher.
- Não. Eu mesmo já comprei.
- Comprou?
- Claro. Comprado.
- Quando comprou?
- Um dia aí.
- No Centro?
- Oi?
- Comprou no Centro?
- Não, no shopping, aquele dia, com a pequena.
- Em dez minutos?
- Claro.
- Ela te ajudou a escolher?
- Não.
- Tem bolinhas?
- Pode ser.
- De que cor?
- As bolinhas?
- Não, tudo.
- Tenho uma pista.
- Conta.
- Acho que vai fazer minha mulher feliz.
- Ih, tá tudo errado.
- Tá?
- Tá. Tudinho.
- Ela não vai ficar feliz?
- Claro que não.

A mulher dele É feliz.
SER é o verbo que faz toda a diferença. 

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